Períodos eleitorais apresentam desafios complexos para a atuação de empresas no ambiente das relações institucionais e da comunicação, uma vez que o período apresenta particularidades quanto ao engajamento para pautas que envolvam o processo decisório de políticas públicas.
No entanto, o período oferece uma janela de oportunidade significativa para a discussão de pautas propositivas em políticas públicas, visando, inclusive, a construção de agendas para a gestão pública.
Como identificamos na pesquisa Desvendando Reputação e Liderança: uma análise sobre como líderes devem se engajar no debate público e em questões sociais, realizada pela Ágora em parceria com o Instituto Briyah, 77% dos respondentes concordam ou concordam totalmente que “uma empresa deve se posicionar abertamente em questões de políticas públicas”.
Também vale considerar que 74% dos respondentes da pesquisa concordam, ou concordam totalmente, que “o C-Level deve se posicionar sobre temas que impactam a sociedade, reconhecendo o papel social das empresas”.
Portanto, anos eleitorais apresentam uma oportunidade única para o debate sobre políticas públicas. Evidentemente, não é um contexto livre de adversidades, uma vez que a interseção entre questões de políticas públicas e questões políticas pode ficar ainda mais cinzenta nesse período. Contudo, desde que a caracterização de um tema de política pública seja feita claramente, os ruídos podem ser contornados e pautas propositivas possuem espaço para diálogo.
Neste contexto, é um momento propício para mapear as principais pautas dos candidatos (seja ao executivo ou ao legislativo, tanto em nível federal quanto estadual, no caso das eleições de 2022), identificar as equipes de campanha e as oportunidades de alinhamento e convergência de pautas, para promover diálogos sobre temas caros à sociedade e aderentes ao conjunto de temas corporativamente defendidos.
É um cenário de oportunidades para a promoção de cartas de intenção, realização de seminários para o compartilhamento de pontos de vista, realização de campanhas de advocacy sobre causas públicas e para o posicionamento sobre questões de relevância para a empresa e o setor.
Por fim, ressaltamos que é importante levar em consideração todo o universo de partes interessadas (stakeholders) que discutem e se posicionam sobre determinado tema. Ou seja, os/as candidatos/as são parte fundamental do diálogo, mas também devem ser considerados os atores do terceiro setor, associações, acadêmicos, cidadãos e os meios de comunicação. Este é o conjunto ampliado de atores que debatem temas de políticas públicas que impactam os negócios e a sociedade, e é legítimo que empresas se posicionem de forma transparente e propositiva para debater temas de interesse coletivo com seus futuros representantes.
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