08 de junho de 2021

Desde o início da toda a criação, nos foi apresentado um mundo plural e diverso, em suas formas humanas, biológicas, sociais, ambientais e podemos dizer que até hoje novas descobertas nos revelam “algo diferente”, seja por sua forma ou modo agradável ou não em nosso julgamento humano. É exatamente esta palavra “julgamento”, que de modo sutil ou não, traz à tona um turbilhão de emoções e ações em relação a isto ou aquilo, este ou aquele que não afeta unicamente a quem o faz, mas de forma viral aos que recebem o peso deste comportamento.

Quando nos permitimos estar no lugar do outro, mergulhar genuinamente em seu mundo, crenças, valores, ideais, desejos, medos, propósitos, ativamos o “modo de redescoberta”, a curiosidade toma o lugar do julgamento, a certeza é contagiada por um desconforto que entra em guerra com a própria consciência e então nasce o sentimento de empatia, não vemos mais o outro, mas nós mesmos através do outro.

Mas como posso ter este comportamento em um ambiente corporativo e tão competitivo?

Aristóteles, grande filósofo grego disse: “O que sabemos aprendemos fazendo”, e é exatamente isso, não precisamos fórmulas mágicas ou impensáveis para exercermos empatia, praticando e respeitando o seu ritmo, o resultado virá e não é isto que almejamos cotidianamente nas organizações, o resultado?

Falamos como nunca em diversidade, pluralidade e elas existem independentemente de nossa atuação, mas a inclusão, esta sim, depende unicamente do nosso “poder” de empatia.

Quantas vezes você já se perguntou como uma pessoa com deficiência física pode, de maneira autônoma, se servir de sua refeição em um restaurante? Ou então, quantas vezes, um jovem trans, pode usar um banheiro corporativo, sem o constrangimento de olhares e piadas maldosas? Temos ainda um clássico caso de quantas vezes você se deparou com um homem negro, de jaleco branco, dentro do hospital e imaginou que ele era um enfermeiro ou radiologista? E por fim, quantas vezes uma mulher precisa levantar as mãos ou aumentar o tom de sua voz para ser ouvida em uma reunião predominantemente formada por homens?

Este exercício nos tele transporta a cenários cotidianos e comuns, tão comuns ao ponto de tornarem-se padrões aceitáveis e, por isso, o desafio de “virar esta chave” compete unicamente a cada um, a seu modo e tempo, é mais que necessário.

Não sejamos agentes integradores, mas inclusivos de pessoas ao lugar que lhes é devido, com respeito a sua trajetória e um futuro onde elas sejam protagonistas de suas histórias.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Kátia Regina da Costa Albertini

Especialista em Diversidade e Inclusão pela PUC – SP, atua na área de Sustentabilidade do Grupo Guararapes Riachuelo, coordena Grupos de Trabalho na temática LGBTI+, Raça, PCD e Gênero, entre outras frentes de Direitos Humanos.

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