Encontro do Capítulo RJ da Aberje traz debriefing da COP30

O Encontro Aberje Rio – Debriefing COP30, realizado na última segunda-feira (01), reuniu especialistas e líderes da comunicação corporativa sob o tema “Narrativas, Oportunidades e Comunicação para a Transição” para discutir questões da área abordadas durante a COP30. O evento, conduzido por Fernanda Bolzan, gerente executiva de Comunicação Institucional do Grupo Energisa e diretora do capítulo Aberje Rio de Janeiro, abordou a importância da comunicação como ponte entre a ciência, as políticas públicas e a ação social, estabelecendo diretrizes como clareza, inclusão de vozes locais, combate à desinformação e continuidade pós-COP.

A participação empresarial na COP30 foi vista como um grande teste de reputação. Na abertura do encontro, Victor Pereira, gerente de Relações Institucionais da Aberje, explicou que o setor empresarial saiu do evento com uma percepção fortalecida, especialmente no caso das empresas que mostraram projetos e resultados práticos, fugindo de narrativas “transcendentes” de “salvar o mundo”. Essas discussões se concentraram em questões técnicas e do dia a dia dos negócios. Em termos de “Marca País”, apesar de ocorrências pontuais e pequenas crises (como um incêndio no local do evento), a percepção foi de superação. A rápida retomada das negociações após incidentes indicou confiabilidade. Um “Termômetro Especial da Comunicação na COP30”, com mais detalhes está sendo preparado, e contemplará eixos como: reputação empresarial; marca-país; protagonismo amazônida e de povos originários; desempenho da comunicação pública; efetividade da comunicação e engajamento empresarial; integridade da informação e combate à desinformação; e comunicação e percepção dos resultados da COP em Belém.
Mutirão e agenda de implementação
Após a fala de Victor, Fernanda Bolzan mediou um debate entre Daniela Mignani, diretora corporativa do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável); Karla de Melo, head de Reputação da Green Initiative; Thaís Moraes, diretora de Comunicação para Brasil e Cone Sul da Coca-Cola; e Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje.

A narrativa central impulsionada pela presidência da COP30 foi o termo “Mutirão”, que propositalmente não foi traduzido para outras línguas, sendo visto em plenárias de diversos países. Segundo Daniela Mignani, a ideia do Mutirão rompeu o formalismo jurídico-diplomático e se juntou à vontade política de fazer algo conjunto. A palavra reforçou o passo em direção ao campo da implementação, onde o setor empresarial tem um papel crucial, além do campo da negociação.
Os palestrantes destacaram a participação empresarial internacional, com líderes globais participando de fóruns. Cada vez mais, é fundamental para as empresas sair do slogan e passar a mostrar resultados e implementação com integridade.
Vozes locais e escuta
O protagonismo de povos amazônidas, originários, ribeirinhos e quilombolas foi uma preocupação central para a cobertura. Victor Pereira destacou que houve uma amplificação, escuta e visibilidade dessas vozes, com a Amazônia e suas questões ocupando um espaço significativo na pauta nacional.
Embora a manifestação da sociedade civil tenha sido esperada, dada a realização da COP em um país democrático após edições em países mais fechados, e o governo tenha incentivado a maior delegação indígena de todas as COPs, a participação desses povos nas negociações formais ainda é complexa. Karla de Melo pontuou que houve um avanço na escuta e na transversalidade dos povos indígenas em muitos debates e espaços físicos.
Thaís Moraes ressaltou a capacidade de emergência dos veículos e produtores de conteúdo locais (como o Amazônia Vox) que amplificaram a vivência amazônida, trazendo legitimidade e verdade às discussões.
Colaboração e integridade
Um dos grandes aprendizados apontados foi o valor da colaboração. O CEBDS organizou coalizões (Agricultura, Pecuária, Florestas, Energia, Transportes e Minerais Essenciais) para construir consensos setoriais e identificar alavancas de descarbonização, como a mudança de modal e o uso intensivo de biocombustíveis no setor de transportes. Essas iniciativas visam reforçar que o Brasil é um país de soluções climáticas globais.
Em relação à presença da marca, Thaís Moraes explicou que a Coca-Cola optou por transferir investimentos de marketing para projetos de legado e a aceleração de projetos práticos de impacto na região (água, fábrica de reciclagem), em vez de patrocínio. Para a executiva, a COP não pode ser um espaço para oportunismo, mas sim para o aporte técnico e de compromissos.
Hamilton dos Santos destacou que a Conferência ofereceu uma rara oportunidade de problematizar e divergir publicamente (como no debate sobre combustíveis fósseis). Para Hamilton, presença de setores tradicionalmente questionados (como óleo e gás e mineração) nos debates dentro de entidades setoriais é importante para qualificar e elevar o nível da discussão.
Comunicação no Pós-COP
Para os profissionais, o evento reforçou a necessidade de uma comunicação que vá além do aspecto publicitário. Daniela Mignani alertou que a comunicação precisa estar mais próxima da linguagem popular, evitando o uso de termos técnicos sem compreensão real dos conceitos científicos e econômicos (como bioeconomia e mitigação).
Hamilton complementou que o comunicador deve ser, acima de tudo, um gestor com capacidade de influenciar a liderança e deter um vasto repertório técnico. É crucial que o setor se aproprie de dados técnicos e da nova taxonomia da sustentabilidade para evitar o greenwashing desavisado. A busca pelo consenso, a “moeda mais cara” na atual geopolítica e nos negócios, exige grande capacidade técnica de argumentação.
A integridade da informação foi formalmente endereçada pela primeira vez na agenda da COP. Victor Pereira avaliou que, apesar de tentativas de desinformação (como a hashtag #FLOP30), o saldo foi controlado, graças ao jornalismo profissional.
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