Conecta CI destaca simplificação, tecnologia e protagonismo das pessoas na evolução da Comunicação Interna

A edição 2025 do Conecta CI, evento dedicado à Comunicação Interna promovido pela Aberje em São Paulo na última quinta-feira (27), destacou um ponto comum às oito empresas que compartilharam seus cases: a comunicação interna vive um momento de reorganização estratégica. Simplificação de processos, fortalecimento das lideranças como comunicadoras, uso inteligente de tecnologia e integração entre cultura, negócio e experiência do colaborador formaram o núcleo das discussões. Natura, Leroy Merlin, Coca-Cola, Santander, B3, Volkswagen, Novo Nordisk e iFood apresentaram cases que ilustram os avanços e dilemas que os times de Comunicação Interna vêm enfrentando.
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A mesa “Comunicação interna na jornada de transformação das empresas”, com Vanessa Motta e Juliana Annunciato, da Natura, abordou o papel da comunicação para sustentar processos de mudança contínua. A mesa “Lançamento do KEYS”, com Isabela Ferreira e Fernanda Nocera, da Leroy Merlin Brasil, apresentou a plataforma que substituiu o Workplace na empresa – e o processo por trás dessa mudança. Na mesa “Magia que transborda”, conduzida por Tatiana Arruda, da Coca-Cola Brasil e Cone Sul, os participantes exploraram a criação de experiências de marca para colaboradores. Na mesa “Do informativo ao interativo”, Priscila Dadona e Viviane Bage Andrade, do Santander Brasil, explicaram o impacto da GenAI na experiência do colaborador.

Naum Correia e Thais Donato, da B3, trouxeram detalhes de como a B3 conectou tecnologia, estratégia e responsabilidade coletiva na iniciativa Atitude B3, na mesa “Acelera, B3”. Já a mesa “Bora Mudar”, conduzida por Renata Nascimento, da Volkswagen do Brasil, com apoio de Bruno Uehara, da Race Comunicação, discutiu o papel da comunicação interna na sustentação da mudança cultural. Na mesa “Simplificar para engajar”, Cristiano Bueno, gerente de Comunicação Interna da Novo Nordisk Brasil, apresentou a transformação da estratégia da empresa. E a mesa “Liderando a transformação cultural de IA no iFood”, apresentada por Alinne Coviello e Jaqueline Jesus, destacou o papel da comunicação na adoção de tecnologias emergentes.
Repetindo o formato adotado em 2024, o Conecta CI propôs uma experiência de workshop. Em oito mesas simultâneas, representantes das empresas participantes expunham seus cases em pouco menos de uma hora para cerca de 12 pessoas. Ao final do tempo, os presentes trocavam de mesa, escolhendo quais mesas assistir e em que ordem. Ao longo do dia, além de acompanhar as apresentações, as pessoas também puderam expor suas dúvidas e consultar umas às outras, contando desafios e sucessos de suas próprias empresas. Entre uma apresentação e outra, participantes de empresas como Latam, CPFL Energia, CEMIG e Atlas subiram ao palco para compartilhar um pouco de suas experiências no dia a dia de suas organizações.
Simplificar sem perder profundidade
Em várias apresentações, um ponto foi citado com frequência: a simplificação orientada por estratégia. Natura, Novo Nordisk e B3 reforçaram que processos mais leves e governança clara de canais não são sinônimo de fazer menos, mas de fazer o que importa.
Na Natura, a reorganização da newsletter e a revisão do fluxo de produção reduziram camadas desnecessárias e fortaleceram a curadoria, permitindo que a área tivesse tempo para comunicar e não apenas operar demandas. A mensagem ecoou na Novo Nordisk, cujo redesenho da newsletter semanal priorizou sínteses que dispensam cliques e aproximam o conteúdo das necessidades reais do colaborador. Na B3, a simplificação aparece na escolha por linguagem direta e repetição intencional de mensagens-chave, garantindo compreensão ampla da estratégia Acelera B3.

Em todas essas organizações, ficou evidente que comunicar exige priorização. Como lembrou Juliana Annunciato, da Natura, não se trata de dizer “não”, mas de explicitar como decisões são tomadas, reforçando propósito, cultura e foco no negócio. O mesmo espírito surgiu nos relatos de membros da Latam e CPFL Energia, que destacaram a importância da empatia (inclusive com a caixa de entrada dos colaboradores) na definição de volume, momento e relevância das mensagens.
Liderança influenciadora
Outro consenso atravessou diferentes mesas: a liderança segue como o elo decisivo da comunicação interna. Natura, Leroy Merlin, Coca-Cola, iFood e Volkswagen trouxeram exemplos de como gestores são preparados, empoderados ou provocados a assumir seu papel comunicador.
Na Leroy Merlin, a implementação do KEYS (a plataforma que substituiu a rede social corporativa Workplace) avançou graças ao engajamento de comitês de direção, consultores de RH e influenciadores internos desde o início, culminando em 80% de adesão. Na Coca-Cola Company, eventos de “espaço seguro” preparam equipes para temas sensíveis, enquanto ativações internas, como “Share a Coke” e “Verão Sprite”, reforçam o sentimento de pertencimento e estimulam que pessoas se tornem advocates da marca. Volkswagen e iFood reforçaram a liderança como agente de transformação cultural: na montadora, o discurso do “tudo sobre pessoas” sustenta a transição para mobilidade sustentável; no iFood, cabe ao gestor incentivar o uso de IA e impulsionar a eficiência dos times.
Os depoimentos de CEMIG e Atlas complementaram o panorama: mesmo em estruturas com restrições de segurança (como o bloqueio de ferramentas de IA) ou forte contingente operacional (sem acesso a computadores ou celulares durante o expediente), a liderança permanece como ponte indispensável para garantir confiança, clareza e alinhamento.
O papel da tecnologia
A tecnologia apareceu várias vezes como catalisadora de mudanças estruturais. O KEYS da Leroy Merlin é uma plataforma que integra rotinas, personaliza conteúdos e amplia a autonomia editorial das áreas. No Santander, o Now – a plataforma interna global – se tornou um ecossistema que combina repositório audiovisual, ferramentas de negócio e integração com IA generativa, apoiada por um processo rigoroso de curadoria.

O iFood reforçou essa tendência ao apresentar o TOQAN, uma IA interna que ultrapassou 300 mil mensagens em 2024. O case da empresa também explicou a meta de ter um agente ativo por colaborador em 2025, em um universo de mais de 7 mil empregados. Os participantes puderam ver o funcionamento do agente Escreve-AI, desenvolvido pela equipe de comunicação interna, que já adapta mensagens para diferentes canais, editorias e tons.
Em um intervalo, uma colaboradora da CEMIG falou sobre a experiência da organização. Devido a restrições de segurança, como o bloqueio do ChatGPT, a empresa criou uma IA própria, moldada às necessidades do negócio e às exigências de proteção de dados.
Cultura, engajamento e experiência
Embora variem em porte, setor e maturidade digital, as empresas apresentaram desafios semelhantes: conectar pessoas à estratégia, fortalecer orgulho e pertencimento e fazer da comunicação um vetor de cultura tangível.
Na Coca-Cola, isso se expressa na “magia” que começa dentro e transborda para fora. Na B3, ganha forma no esforço de traduzir a estratégia para 3 mil colaboradores, com quizzes, rankings e eventos como o Arena B3 Talks, que atraem centenas de participantes (em média, 600 pessoas em um universo de 3 mil empregados). Na Volkswagen, a cultura se atualiza ao aproximar a narrativa de mobilidade sustentável da realidade de profissionais que carregam décadas de vínculo com a marca. A Natura reforçou que o espaço físico também é comunicador: auditórios cheios, encontros híbridos e presença física são parte do esforço de construir conexões genuínas.
Latam, CPFL Energia e Novo Nordisk chamaram atenção para os públicos operacionais: dispersos, muitas vezes sem acesso a computadores, mas essenciais para a reputação e o dia a dia das companhias. Falar com quem está na ponta continua sendo um dos principais desafios estruturais da área, mas é determinante para o sucesso das estratégias. Em um cenário de restrições orçamentárias e expectativas crescentes, a comunicação interna se fortalece quando coloca pessoas, propósito e clareza no centro, com tecnologia e processos como meio, não como fim.
ARTIGOS E COLUNAS
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