Aberje celebra 58 anos de atuação pela comunicação corporativa

Aos 58 anos, a Aberje procura reforçar seu papel como protagonista da comunicação corporativa no Brasil. Ao longo de sua história, a entidade buscou construir uma rede sólida que hoje conecta mais de mil organizações associadas, responsáveis por cerca de 44% do PIB nacional, e mais de 10 mil profissionais de comunicação. “Mais do que uma associação de serviços, a Aberje se consolidou como uma comunidade de pertencimento, onde memória, conhecimento e acolhimento se entrelaçam para sustentar o presente e inventar o futuro da comunicação no Brasil”, afirma Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP.

+Leia o artigo “Aberje 58 anos: comunidade de memória, conhecimento e afeto”, de Paulo Nassar

“Essa comunidade de comunicadores nunca foi tão desafiada como agora. Vivemos o paradoxo da comunicação: as empresas reconhecem cada vez mais sua importância, mas os orçamentos diminuem, exigindo que os profissionais façam mais com menos”, explica Hamilton dos Santos, diretor-executivo da associação.

Esse compromisso com a formação, o reconhecimento e a inovação se expressa em iniciativas que acompanham as transformações do mercado e da sociedade. A Escola Aberje de Comunicação é hoje referência em educação executiva na área, oferecendo cursos de curta e longa duração, treinamentos in-company o MBA em Gestão da Comunicação Empresarial, realizado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, e o Mestrado Profissionalizante em Comunicação Digital e Cultura de Dados, iniciativa pioneira elaborada em parceria entre FGV, Fundação Itaú e Aberje. Seus programas refletem as principais tendências e desafios do campo, formando profissionais e lideranças capazes de atuar em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e interdependente. Entre as diferentes frentes abordadas nos cursos da Escola Aberje, está a adoção da Inteligência Artificial pelas equipes de comunicação. “Integrar a IA aos processos de comunicação faz parte do desafio atual para nosso setor, inclusive nivelando seu uso entre toda a equipe. Hoje, o comunicador precisa assumir um novo papel: ser gestor de pessoas, de processos, de projetos e também de agentes de IA”, diz Hamilton. “Estima-se que cerca de 30% das operações de uma área de comunicação já possam ser desenvolvidas por inteligência artificial, mas quem vai determinar quais tarefas, em que ritmo e com que qualidade é sempre o gestor humano da área”, completa.

A valorização da excelência também se manifesta no Prêmio Aberje, que reconhece empresas, instituições e profissionais por unir criatividade e estratégia para gerar impacto real nos negócios e na sociedade. Com 51 edições realizadas, o Prêmio é referência no setor, com projetos avaliados por um corpo de jurados do mercado e da academia, acompanhado por uma auditoria independente. A criação recente do yearbook do Prêmio, que une a revista “Comunicação Empresarial” e o livro de cases vencedores reflete o propósito de documentar e celebrar as práticas que inspiram o setor, fortalecendo a memória e o legado da comunicação brasileira. “A Aberje entende que não basta reconhecer um projeto vencedor, é preciso registrar continuamente, e nós queremos transformar em um material de consulta ainda mais especial, com os cases que fazem história na comunicação corporativa brasileira”, destaca Hamilton.

A trajetória de mais de cinco décadas da Aberje se conecta diretamente ao cenário atual da comunicação corporativa brasileira, caracterizado pela consolidação da área como pilar estratégico das organizações. Por meio de levantamentos periódicos realizados pelo Centro de Estudos e Análises Econômicas Aplicadas à Comunicação (CEAEC) e pelo Núcleo de Pesquisas da Aberje, a entidade fornece a seus associados informações atualizadas que demonstram a importância crescente do ramo e de seus profissionais. Em 77% das empresas, a Comunicação ocupa posição de destaque em estruturas de vice-presidência, diretoria ou gerência, com proximidade da alta liderança: em 46% dos casos, o reporte é feito diretamente à presidência ou ao CEO. Em 38% das empresas, um profissional de comunicação integra o Board, evidenciando a influência da área nos processos decisórios, segundo dados do CEAEC.

A estrutura, entretanto, ainda enfrenta desafios. Enquanto o tamanho médio das equipes próprias é de dez profissionais, mais da metade das organizações conta com até cinco pessoas na área. Soma-se a isso um ambiente de cautela orçamentária, com redução de investimentos em comunicação desde 2022, o que impacta a capacidade de execução. O cenário reflete também o sentimento econômico. O Índice de Confiança dos líderes de comunicação, medido pelo CEAEC, registrou 49,8 pontos no segundo trimestre de 2025, abaixo da marca de estabilidade. Embora a percepção atual esteja marcada pelo pessimismo, sobretudo em relação às próprias empresas, as expectativas para o futuro ainda mantêm um leve otimismo, com 51,6 pontos.

Neste ambiente de incerteza, confiança e reputação tornaram-se ativos intangíveis centrais para organizações e lideranças. A clareza das mensagens e a transparência de processos são fatores decisivos na construção de confiabilidade, com a comunicação corporativa assumindo papel mediador nesse processo. A Aberje se reafirma como espaço de articulação e rede de apoio para os profissionais do setor. “A importância hoje para o profissional de comunicação estar plugado numa rede é cada vez mais evidente”, destaca Hamilton dos Santos. “A rede vale muito para a Aberje. Há quase 60 anos a entidade vem fazendo isso, cada vez com mais eficiência e eficácia”. “A Aberje é, ao mesmo tempo, rede de conhecimento e comunidade de afeto – lugar onde o saber circula e onde o comunicador encontra acolhimento em meio às transformações do mercado e da vida”, completa Paulo Nassar.

Em 2025, a Aberje segue guiada pelo tema “Comunicação para a Transição”, que orienta suas iniciativas no contexto da COP30 e reforça a importância da comunicação como agente de transformação rumo a uma economia mais sustentável e inclusiva. A entidade estimula as empresas a tratarem temas emergenciais – como clima, justiça social e governança – de forma responsável, acessível e transparente, promovendo a convergência entre propósito e prática. “Em cúpulas como a COP30 são discutidos os planos que servem de base para a criação e implementação de políticas públicas pela sociedade civil. As empresas são um agente fundamental desse processo, com seu poder econômico e reputacional para inovar, financiar e pôr em prática novas soluções”, explica Hamilton. “Com a Comunicação cada vez mais próxima do centro das estratégias empresariais, é importante que a Aberje esteja presente na Conferência. A presença da comunicação empresarial nesse debate é mais do que necessária, é estratégica”, conclui.

História

A história da Aberje começou em 1967, com a realização da I Convenção Nacional de Editores de Revistas e Jornais de Empresa, idealizada por Nilo Luchetti. O encontro reuniu representantes de 52 publicações no Auditório da Pirelli, em São Paulo, e marcou a criação da entidade e do Prêmio Aberje. Desde então, a associação tem acompanhado a evolução da comunicação empresarial no país, promovendo pesquisas, cursos, seminários e parcerias estratégicas que contribuíram para a profissionalização da área. Em 1968, foi responsável pela primeira pesquisa científica sobre comunicação empresarial, publicada pela Fundação Getulio Vargas. Nos anos 1980, articulou iniciativas conjuntas com a Escola de Comunicações e Artes da USP, com nomes de referência no campo. Em 1989, a sigla Aberje deixou de ser apenas uma denominação formal para se tornar marca, ao adotar oficialmente o nome Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

O pioneirismo seguiu se evidenciando ao longo das décadas. Em 1996, a Aberje lançou seu site, sendo a primeira entidade de comunicação no país a disponibilizar serviços na internet. Em 2004, criou o Centro de Memória e Referência, único sistema de informação especializado em Comunicação Empresarial na América Latina. Em 2008, lançou a Revista Valor Setorial Comunicação Corporativa em parceria com o jornal Valor Econômico, e em 2011 passou a representar no Brasil e na América Latina a Global Alliance for Public Relations and Communication Management. Mais recentemente, em 2022, firmou parceria com a Fundação Getulio Vargas para oferecer o MBA em Gestão da Comunicação Empresarial.