Novos desafios das Relações Governamentais em debate em aula aberta da Escola Aberje

Na manhã desta terça-feira, 30 de setembro, a Escola Aberje realizou a aula aberta “Novos Desafios das Relações Institucionais e Governamentais”. O encontro, transmitido pelo YouTube, foi uma promoção da 5ª edição do Curso Completo em Relações Institucionais e Governamentais (que acontece entre 07 de outubro e 11 de dezembro) e reuniu três professores do programa: Carlos Parente, diretor da Midfield Consulting; Leonardo Barreto, diretor na Vector Relações Governamentais e Institucionais; e Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP.
Ao abrir sua exposição, Carlos Parente utilizou a imagem da Torre de Babel para ilustrar a complexidade atual do cenário social e político. “Vivemos hoje em um contexto semelhante ao da Torre de Babel. Há uma avalanche de informações e a desinformação foi considerada, em Davos, um risco maior que a crise climática e a cibersegurança”, afirmou. Para ele, a atenção tornou-se o maior ativo da atualidade, mas a dispersão causada pelas redes sociais reduz a capacidade de compreensão. “O primeiro desafio do profissional de Relações Governamentais é ser educador. Precisamos ler o contexto do interlocutor, entender o que está na sua agenda e, a partir disso, preparar e qualificar nossos pleitos”, disse.
Parente também destacou a politização crescente dos temas. “Não olhamos mais economia, ciência ou esporte sem olhar a política. O profissional da área precisa ter resiliência, clareza e trabalho em equipe. E precisa aprender com seus erros, revisitar estratégias e adotar o ego zero”, completou, lembrando ainda que o trabalho envolve interação com diversas áreas internas das organizações, como Comunicação, Compliance, ESG e Jurídico.
Leonardo Barreto concentrou sua fala nas transformações estruturais que impactam a atividade. “As velhas estruturas de autoridade estão derretendo. Hoje, muitas pessoas influenciam o processo legislativo e nem todas estão mapeadas”, avaliou. Para ele, a fragmentação exige adaptação, mas também gera oportunidades. “Em meio a colapsos de contexto, a comunicação se vê em crises, e o profissional de Relações Governamentais precisa se especializar de maneira acelerada. Já somos demandados, por exemplo, para explicar geopolítica”, observou.
Já Paulo Nassar trouxe uma reflexão sobre o papel central das narrativas no campo das Relações Governamentais. “Historicamente, a atividade se construiu sobre a técnica e a articulação política. Mas continuamos tratando a narrativa como algo periférico, quando na verdade ela organiza a experiência no tempo e no espaço”, afirmou. Nassar citou exemplos de setores em que a ausência de uma narrativa socialmente significativa gerou perda de legitimidade, como mineração, farmacêutico e energia. “Quando reduzimos o discurso a números, índices ou argumentos técnicos, ignoramos a dimensão simbólica que sustenta a confiança”, explicou.
O professor ressaltou ainda os riscos da centralização discursiva. “Narrativas monopolizadas, quando só a empresa fala, tendem a ser vistas como interessadas e parciais. Isso gera antagonismo, não confiança”, disse. Para ele, o profissional da área deve estar preparado para lidar com a descentralização e a disputa em rede. “Narrativas entram imediatamente em disputa com ONGs, comunidades e influenciadores. É preciso construir convergência, integrar diferentes saberes e múltiplos protagonistas”, defendeu. Citando Paul Ricoeur e John Austin, Nassar destacou que narrar é sempre plural e aberto à interpretação, e que todo ato de fala gera consequências. “Narrativas não são adereços, são condições de legitimidade”, concluiu.
Nassar lembrou ainda que a Aberje tem tradição e pioneirismo na reflexão sobre o tema. “A instituição trabalha com Relações Institucionais e Governamentais há mais de 40 anos, consolidando sua atuação como referência no país”, concluiu.
Com diferentes perspectivas, os professores convergiram na avaliação de que a área vive um momento de redefinição. Entre os desafios elencados, destacam-se a capacidade de educar interlocutores em meio à desinformação, a adaptação a estruturas de poder fragmentadas e a construção de narrativas legítimas e convergentes.
Sobre o Curso Completo em Relações Institucionais e Governamentais
O Curso Completo em Relações Institucionais e Governamentais é destinado aos profissionais das áreas de comunicação, relações institucionais e governamentais que buscam se capacitar para atuar de forma mais eficiente nos Poderes Executivo e Legislativo, nos ambientes político e regulatório. Em formato online e ao vivo, a formação reúne especialistas de referência e traz uma programação abrangente, com possibilidade de inscrição no programa completo ou em aulas avulsas, permitindo flexibilidade aos participantes.
Ao longo da formação, os participantes terão acesso a estudos de caso, simulações e atividades práticas, abordando temas como análise de cenários e risco político, desenvolvimento de competências estratégicas, advocacy e lobby, construção e gestão de relacionamentos com stakeholders, processos legislativos, comunicação integrada e ética profissional.
Anote na agenda
Data: 07 de outubro a 11 de dezembro de 2025
Aulas às terças e quintas-feiras
Horário: 09h – 12h
Carga horária: 60 horas
Online ao vivo (plataforma Zoom)
Informações no site da Escola Aberje
ARTIGOS E COLUNAS
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