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22 de setembro de 2025

A Virada Cultural como Ritual Contemporâneo: Benjamin, Bondía e Pine & Gilmore em diálogo

Paulo Nassar
 
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As narrativas da experiência na cidade

A Virada Cultural, criada em 2005 pela Prefeitura de São Paulo, é hoje um dos maiores eventos de cultura urbana do mundo. Durante 24 horas ininterruptas, o centro histórico da cidade é tomado por palcos, performances, espetáculos de teatro, cinema ao ar livre, dança, artes visuais, gastronomia e intervenções urbanas. Trata-se de um acontecimento que desestabiliza o cotidiano, suspende a lógica utilitária do tempo e converte a cidade em um grande palco de experiência estética.

Este ensaio busca compreender a Virada Cultural como fenômeno sociocultural complexo, cruzando três perspectivas teóricas complementares: Walter Benjamin, que nos ajuda a pensar a relação entre arte, técnica e experiência coletiva na modernidade; Jorge Larrosa Bondía, que problematiza o estatuto da experiência no mundo contemporâneo; e Pine & Gilmore, que formulam o conceito de Economia da Experiência para explicar a centralidade das vivências na geração de valor simbólico e econômico. Ao final, proponho a leitura da Virada Cultural como rito de reinvenção da cidade e de produção de identidade coletiva, com especial atenção ao papel das apresentações musicais, elemento estruturante da programação e vetor de mobilização de público.

Benjamin: A Aura, a Multidão e a Cidade como Palco

Walter Benjamin (1936) analisou como a reprodutibilidade técnica das obras de arte, particularmente através da fotografia e do cinema, transformou o estatuto da arte ao retirar-lhe a “aura”, isto é, o caráter único e irrepetível, enraizado no tempo e no espaço. Mas Benjamin não é apenas um nostálgico da aura perdida: ele vê na reprodutibilidade novas formas de participação e politização da arte.

A Virada Cultural se situa nesse paradoxo: de um lado, democratiza o acesso à arte ao espalhá-la pela cidade de forma gratuita e massiva; de outro, reencanta o público ao criar uma experiência que só pode ser vivida naquele espaço e naquele tempo. As apresentações musicais, em especial, são exemplos vivos dessa dialética: ainda que as canções possam ser ouvidas a qualquer momento em plataformas digitais, o ato de assistir a um show ao vivo no Vale do Anhangabaú, na Praça da República ou na Avenida Paulista reconstitui uma nova aura, baseada na presença coletiva e no caráter irrepetível do encontro.

Além disso, Benjamin reflete sobre a experiência urbana como um percurso sensorial. A multidão, para ele, é ao mesmo tempo fascinante e perigosa, um espaço de choque. Na Virada Cultural, o participante assume o papel do flâneur, caminhando pelas ruas, atravessando becos, descobrindo palcos improvisados. A música é o fio condutor dessa deriva: de palco em palco, o som guia os passos, cria zonas de congregação e transforma a cidade em uma grande “passagem” benjaminiana — um território onde se misturam arte, consumo, memória e política.

Bondía: A Experiência como Formação e Afetação

Jorge Larrosa Bondía (2002) nos lembra que experiência é aquilo que nos acontece e nos transforma, e que vivemos em um tempo de inflação de informação e rarefação de experiência. Para ele, experiência requer tempo para ser processada, exige uma pausa para que algo nos atravesse e nos faça pensar.

A Virada Cultural oferece esse “tempo de suspensão”: ela interrompe a rotina, convida a cidade a se expor ao imprevisível, ao encontro com o outro, ao risco. E, no caso das apresentações musicais, essa experiência é ampliada pelo caráter sensorial da música — que envolve o corpo, convoca a dança, gera vibração coletiva. O público não apenas assiste, mas participa: canta junto, ocupa o espaço, produz vídeos, compartilha nas redes sociais.

Bondía também enfatiza o caráter educativo da experiência. Na Virada Cultural, aprende-se pela rua e pela música: aprende-se a escutar diferentes gêneros, a respeitar a diversidade de expressões artísticas, a conviver em uma comunidade provisória. O aprendizado aqui é sensível, mais do que conceitual — é uma pedagogia do corpo, da escuta e do ritmo. É a cidade ensinando, em uma noite, lições de cidadania, convivência e imaginação social, usando a música como linguagem comum.

Pine & Gilmore: A Economia da Experiência e a Autenticidade

Joseph Pine e James Gilmore (1999) defendem que vivemos na era da Economia da Experiência, na qual o maior valor entregue ao consumidor não é mais o bem ou o serviço, mas a experiência memorável. Experiências, para os autores, são eventos encenados que envolvem o indivíduo de modo emocional, sensorial e até transformador.

A Virada Cultural encaixa-se perfeitamente nessa lógica. As apresentações musicais são o produto mais visível e mobilizador dessa encenação: artistas renomados e emergentes são programados para criar momentos singulares, que geram lembranças e narrativas a serem compartilhadas. A música, por sua capacidade de engajar emocionalmente e criar marcos de memória, é o motor da produção de valor simbólico.

Outro ponto de Pine & Gilmore é a busca pela autenticidade. O público contemporâneo valoriza experiências que pareçam “verdadeiras”, que transmitam identidade e coerência. A música ao vivo cumpre esse papel com força: cada performance é irrepetível, cada interação com a plateia é única, e o espaço urbano se converte em uma grande sala de concerto a céu aberto. Essa autenticidade reforça a identidade cultural da cidade, que se apresenta como metrópole criativa, plural e viva.

Ritualidade, Música e Produção de Identidade Coletiva

Colocando os três autores em diálogo, vemos que a Virada Cultural é mais do que entretenimento: é um ritual urbano que articula memória, experiência e economia simbólica. As apresentações musicais são o centro desse ritual, funcionando como catalisadoras da presença coletiva e da vibração urbana.

Com Benjamin, entendemos que elas recriam a aura do encontro, transformando o ato de ouvir música em um acontecimento. Com Bondía, percebemos que elas produzem experiências formativas, que nos ensinam a viver juntos, a nos deixar afetar e a compartilhar o sensível. Com Pine & Gilmore, enxergamos que a música ao vivo é o coração de uma experiência que é planejada, encenada e capitalizada — um vetor de valor para a cidade e para seus habitantes.

A Virada Cultural é, portanto, um lugar de memória viva, de produção de narrativas urbanas e de experimentação do comum. Ao transformar a cidade em palco, e a música, dentre outras formas de arte, em linguagem de comunhão, ela reafirma que a cultura é capaz de reencantar o espaço público e de mobilizar identidades coletivas. É uma celebração da diversidade, um convite à convivência e um lembrete de que a cidade, quando habitada pela arte, se torna mais humana e mais plural.

Desafios à urbanicidade

Apesar de todos os méritos e da potência simbólica da Virada Cultural, há desafios que exigem reflexão para que o evento cumpra plenamente seu papel democrático e cultural. A estimativa oficial para a edição de 2025 foi de 4,7 milhões de pessoas circulando pela cidade durante as 24 horas de programação, com centenas de atrações distribuídas em dezenas de palcos espalhados principalmente pelo centro da cidade.

Esse porte gigantesco traz questões críticas: primeiro, a inclusão efetiva de públicos periféricos e menos habituados a frequentar eventos culturais formais. Embora existam palcos em bairros afastados, persiste o risco de que a programação “oficial” privilegie atrações de grande apelo comercial ou mainstream, mantendo uma assimetria de visibilidade e investimento entre artistas estabelecidos e independentes. Em segundo lugar, há o problema da sustentabilidade econômica e logística do modelo gratuito — patrocínios, verba pública, impacto urbano, limpeza, segurança, transporte: tudo isso demanda recursos consideráveis, que nem sempre são distribuídos de forma equitativa ou transparente.

Penso que há uma tensão entre a experiência estética autêntica e os imperativos da produção em massa: para manter sua “aura” e singularidade, as apresentações musicais dependem de qualidade de som, curadoria, infraestrutura, horários compatíveis com deslocamentos etc. Se essas condições falham, a experiência pode se tornar exaustiva ou superficial — o que contradiz a promessa do evento enquanto espaço de pertencimento, vínculo e mobilização emocional.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Paulo Nassar

Diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje); professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); doutor e mestre pela ECA-USP. É coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas (GENN), da ECA-USP e pesquisados no campo da interface entre Comunicação e Antropologia. Docente de mestrado e doutorado (PPGCOM ECA-USP) desde 2006, onde ministra, juntamento com o Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias, a disciplina stricto sensu “Memórias Rituais, Narrativas da Experiência”. Pesquisador da British Academy (University of Liverpool) – 2016-2017. Entre outras premiações, recebeu o Atlas Award, concedido pela Public Relations Society of America (PRSA, Estados Unidos), por contribuições às práticas de relações públicas, e o prêmio Comunicador do Ano (Trajetória de Vida), concedido pela FundaCom (Espanha). É coautor dos livros: Communicating Causes: Strategic Public Relations for the Non-profit Sector (Routledge, Reino Unido, 2018); The Handbook of Financial Communication and Investor Relation (Wiley-Blackwell, Nova Jersey, 2018); O que É Comunicação Empresarial (Brasiliense, 1995); e Narrativas Mediáticas e Comunicação – Construção da Memória como Processo de Identidade Organizacional (Coimbra University Press, Portugal, 2018).

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