Nova turma do Mestrado Profissionalizante para Comunicadores do 3º Setor é lançada com masterclass sobre desafios da comunicação digital

Na última quarta-feira (11), uma masterclass marcou a abertura da nova turma do Mestrado Profissionalizante para Comunicadores do 3º Setor, realizado pela FGV Comunicação em parceria com a Fundação Itaú e a Aberje. O evento, no auditório da FGV no Rio de Janeiro, reuniu alunos, jornalistas, executivos, acadêmicos e representantes do terceiro setor em um amplo debate sobre os dilemas da comunicação digital.

Aline Midlej, jornalista e apresentadora da GloboNews, abriu a masterclass ressaltando a relevância do jornalismo como sustentáculo democrático: “Na democracia, conversar é fundamental – e às vezes é o mais difícil”, afirmou. “A característica mais fundamental para quem é criador de conteúdo hoje é ser um bom ouvinte. Estamos carentes disso. Exercitem a escuta”, reforçou.

Na sequência, todos os demais convidados se juntaram à mesa para expandir a discussão. Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, falou sobre os rituais de consumo, produção e circulação de informação que compõem a antropologia digital, destacando que o smartphone pode ser visto como o “totem do nosso tempo: um objeto ou símbolo que representa algo sagrado”. Marco Ruediger, diretor da FGV Comunicação, sublinhou que a educação é chave para lidar criticamente com os impactos éticos e sociais das tecnologias: “Hoje não há só o uso do nosso tempo como mercadoria, mas também do nosso olhar e do nosso desejo”. Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, ressaltou o papel estratégico do terceiro setor na geração de conhecimento e na defesa do direito à realidade.

A mesa contou ainda com Monica Guise, diretora de políticas públicas do TikTok, que reforçou a importância da regulação das plataformas – “espaços onde passamos mais tempo das nossas vidas, mais do que com seres humanos reais”. Ela destacou a necessidade de reconhecer o potencial positivo desses ambientes e anunciou que, em 2026, a empresa investirá na produção de conteúdos voltados à alimentação saudável e ao combate à fome. “Eu só estou aqui porque tive acesso a bolsas de estudos. As bolsas furam as bolhas”, afirmou. Já Lucas Lara, do Museu da Pessoa, destacou a escuta como ferramenta essencial de aproximação: “Precisamos ampliar nossa escuta. Quantas vezes realmente escutamos?”, provocou. Como um espaço virtual e colaborativo de histórias de pessoas anônimas, o Museu da Pessoa tem como objetivo registrar, preservar e transformar em informação histórias de vida de toda e qualquer pessoa da sociedade. 

A curadoria acadêmica foi assinada por Patrícia Werner, professora da Escola de Comunicação da FGV, em parceria com Aninha de Fátima e Alan Albuquerque, da Fundação Itaú.

Bolsas de Estudo

O programa de mestrado reforça o compromisso das três instituições com a formação de profissionais preparados para enfrentar os desafios contemporâneos da comunicação, promovendo diálogo entre os setores público, privado e terceiro setor. Em seu segundo ano consecutivo, o programa já concedeu 66 bolsas integrais, evidenciando o compromisso de FGV Comunicação, Fundação Itaú e Aberje com responsabilidade social e inclusão no campo acadêmico. Neste ano, o processo seletivo recebeu quase 1000 inscrições.

Sobre o Mestrado Profissionalizante para Comunicadores do 3º Setor

O Mestrado Profissionalizante para Comunicadores do 3º Setor é resultado de uma parceria entre a Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getulio Vargas (FGV Comunicação), Aberje e Fundação Itaú. Para sua segunda turma, o programa oferece 36 bolsas integrais: 30 concedidas pela Fundação Itaú e seis pela FGV Comunicação, com foco no desenvolvimento do terceiro setor no campo da comunicação digital.

O curso, em meio período e sem exigência de dedicação exclusiva, alia teoria e prática para preparar profissionais a atuarem em diferentes áreas do mercado e a participarem de atividades de pesquisa e ensino. A proposta é estimular a capacidade inovadora e a aplicação de conhecimentos científicos na solução de problemas concretos.

Entre os objetivos do programa estão formar profissionais autônomos e éticos, promover reflexão crítica sobre tecnologias digitais, fortalecer o papel do comunicador na cultura de dados e impulsionar o empreendedorismo e a inovação. O mestrado também proporciona conhecimentos para aplicar ciência de dados na análise e intervenção em processos comunicacionais, sociais e políticos, além de desenvolver competências para a produção e transmissão de conhecimento na área.