Um tesouro da comunicação na bagagem cultural e humana atual

É sabido que a Inteligência Artificial (IA), que não para de se desenvolver e esticar seus tentáculos, vem causando um grande impacto, entre outras frentes, nas relações de trabalho no mundo todo, ao automatizar e/ou simplificar tarefas e rotinas, melhorando a produtividade e, ao mesmo tempo, exigindo um esforço significativo em adaptação e qualificação, para que trabalhadores, empreendedores, empresas e entidades possam tirar proveito dessas mudanças, a fim de minimizar riscos socioeconômicos.
Como consequência, há teorias de todos os tamanhos e entendimentos sobre o futuro do trabalho.
Segundo o relatório The Fearless Future: 2025 Global AI Jobs Barometer, da PwC, divulgado em junho deste ano, ao contrário do que muita gente pensa, a IA pode tornar as pessoas “mais valiosas”, mesmo nos empregos e nas atividades mais automatizáveis. Nesse estudo, foram analisados quase um bilhão de anúncios de emprego, em seis continentes. Uma das constatações é de que os cargos mais expostos à IA tiveram um salto de 135% nas habilidades exigidas dos profissionais, enquanto empregos diretamente ligados à Inteligência Artificial cresceram 261% desde 2021. Mas atenção! Ainda conforme esse relatório, habilidades humanas como empatia, criatividade e pensamento crítico permanecem insubstituíveis e fundamentais no mercado de trabalho!
Um outro relatório – The Future of Jobs Report 2025 – do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), veiculado no início deste ano, já tinha indicado essa direção. O relatório acentuou que “as Gerações Z, Y e X estão buscando requalificação, turbinando os currículos, migrando de áreas e acompanhando as transformações que também estão sacudindo as empresas e não só na área tech, porque apesar da revolução digital, o que ainda faz diferença – e muita – são as habilidades humanas, ainda mais diante da incerteza global, das tensões no Oriente Médio e na Europa”. Reforçou que “saber lidar com gente, com caos e com mudanças é tão importante quanto entender de tecnologia”, e que “ao lado das skills técnicas, habilidades como resiliência, empatia, criatividade e influência social estão em alta”.
Esta perspectiva é, de certa maneira, um alívio na imagem tipo “exterminador do futuro” que veio, inicialmente, junto com a IA. Porém, em contrapartida, nos obriga a uma mudança drástica de comportamento: o resgate de características humanas como a curiosidade, a capacidade de aprender, de pensar, de analisar, de imaginar, de divagar, de fazer ligações e correlações, de enxergar para além do óbvio.
Tudo que entra pelos olhos, ouvidos, por todos os sentidos, é processado no cérebro e passa a fazer parte de você, de sua bagagem cultural, de seu repertório, do que você é e o que faz de você uma pessoa ainda mais interessante, mais versátil, capaz de se relacionar melhor, ter pensamento crítico, curiosidade, empatia e criatividade, e ser mais humano, mais tolerante, com capacidade de apreciação estética e cultural e com uma visão de mundo mais abrangente. Ou seja, um ser humano de melhor qualidade para si e para os outros, o que nunca uma IA poderá ser.
O oposto do que se pode notar hoje, na cultura Google e de redes sociais de opiniões rasas, normalmente não solicitadas, sobre tudo o que é assunto (é o “entendo-de-tudo-e-quero-me-posicionar-sobre-tudo”), os tais influencers de nada além da superficialidade e do excesso de consumo, o excesso de ego, o individualismo levado à máxima potência.
Vamos a uma reflexão. O que você tem lido? Ou só está rolando a tela das redes sociais? A 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, conduzida pelo Instituto Ipec, divulgada em novembro do ano passado, revelou que 53% dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa. Atualmente, de acordo com a pesquisa, o brasileiro lê em média menos de um livro inteiro por ano – uma média de aproximadamente 0,82 livro inteiro lido por pessoa, considerando-se a população com cinco anos ou mais. Há dez anos, era 1,3 livro por pessoa. Outra pesquisa, “Panorama do Consumo de Livros”, externada em dezembro, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), salientou que cerca de 84% da população brasileira acima de 18 anos não compraram nenhum livro nos últimos 12 meses.
A quantas exposições de arte você foi nos últimos tempos? E espetáculos de dança? Peças de teatro? Ah! O maravilhoso teatro! Shows musicais? Cinema? E aqui temos para todos os gostos e bolsos…
Tudo isso faz bem para a alma e para a mente, nos coloca em outra dimensão e estimula outros olhares e compreensões diversas.
Veja que até para tirarmos o melhor proveito de uma plataforma de IA generativa (como o ChatGPT) é fundamental saber perguntar. Saber perguntar é uma arte, pois boas perguntas, nessas plataformas, levam às boas respostas. Portanto, até para isso a importância do repertório mostra-se essencial. O “como fazer a pergunta” influencia na qualidade da resposta que você pode obter. E essa competência, nas atividades de comunicação atuais, é um verdadeiro tesouro, que faz a diferença.
Trilhar um caminho de aprimoramento contínuo e enriquecimento cultural, além de contribuir para o seu desenvolvimento e formatar seu repertório, tem uma vantagem adicional maravilhosa: é um imenso prazer no qual você vai descobrindo novos caminhos, fazendo amizades, parcerias e descobertas, ampliando seus horizontes e colhendo frutos, muitos frutos nos seus relacionamentos pessoais e profissionais, para além de aspectos técnicos que eventualmente você domine.
Carregado de sabedoria, o ditado popular diz “saber não ocupa espaço”. Ele expande seu horizonte, e possibilita novas perspectivas. Siga em frente!
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