A Rede Aberje e as tensões comerciais: comunicação como ativo crítico em momentos de incerteza
As tensões comerciais recentes entre Brasil e Estados Unidos são mais um capítulo de um cenário internacional marcado por instabilidade. Tarifas podem ou não se concretizar, reações diplomáticas podem escalar ou esfriar, cadeias produtivas podem se reorganizar, outros eventos incidentes podem tomar vulto e maior foco — mas o dado mais sólido, hoje, é a incerteza.
Em tempos assim, a tentação mais comum é agir rápido: cortar, congelar, recentralizar. Mas, como já alertaram bons analistas de crise e vários economistas e estrategistas políticos, o pior erro da liderança em momentos de instabilidade não é a lentidão, mas a resposta apressada — aquela que busca eliminar a ambiguidade ao invés de compreendê-la.
A Aberje entende que suas associadas estão sob múltiplas pressões. Empresas diretamente afetadas por um possível revés nas exportações; outras que dependem de suas cadeias ou da confiança sistêmica; todas expostas a um ambiente onde reputação, posicionamento público e coerência narrativa se tornam ainda mais sensíveis.
Mas é precisamente por isso que não se pode confundir prudência com retração. A comunicação, quando bem exercida, não é custo: é ativo crítico. Ela é ordenadora de pensamentos e de práticas, com a potência de garantir o alinhamento interno em meio ao ruído externo, sustentar o diálogo com stakeholders e preservar a capacidade de atuação estratégica quando os cenários mudam — como inevitavelmente e por vários motivos acabam mesmo se transformando.
Mais do que isso: a incerteza abre espaço para bons comunicadores que saibam transitar na gestão contínua de mudança. Quando há ruído, quem consegue escutar melhor se destaca. Quando há hesitação, quem constrói sentido é referência. Quando há desconfiança, quem sustenta vínculos com consistência ganha relevância. É nos momentos indefinidos que se abrem brechas para reposicionamentos, fortalecimento de marcas e liderança narrativa. E tudo isto se exponencializa quando estamos na rede certa, com pares inspiradores e prontos para refletir e fazer juntos.
Sendo uma rede formada hoje por mais de mil organizações e conectada às comunidades internacionais de comunicação, o papel da Aberje nesse contexto é reafirmar os princípios que nos estruturam como tal: inteligência compartilhada, confiança como horizonte e responsabilidade narrativa como convicção cotidiana. E lembrar que, mesmo quando tudo parece incerto, não é hora de paralisar ou de correr sem direção. Há sempre um caminho a ser trilhado com lucidez, colaboração e propósito.
Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP
Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje
Malu Weber, presidente do Conselho Deliberativo da Aberje
David Grinberg, vice-presidente do Conselho Deliberativo da Aberje
ARTIGOS E COLUNAS
Leila Gasparindo Geração Z e diversidade: uma contribuição inédita para a evolução da comunicação organizacionalLuis Alcubierre Reputação na era da desconfiança: o que está mudando na ComunicaçãoCamila Barbosa O custo oculto do monitoramento manual em relações governamentais
Destaques
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