ESG, COP30 e D&I: os antídotos para sua reputação em tempos de incertezas

Vamos encarar o que (quase) ninguém quer admitir: estamos no olho do furacão. O discurso sobre diversidade e inclusão nas empresas nunca esteve tão exposto – e, talvez, tão ameaçado. Em meio ao ressurgimento vigoroso de ideologias ultraconservadoras, muitas vezes recicladas em práticas de gestão que achávamos superadas, e diante da polarização política que se intensifica justamente nos maiores centros de poder econômico, paira no ar uma dúvida desconfortável: será que as políticas de D&I vão sobreviver a essa nova onda? O cenário é de clara tensão. Chegou a hora de olharmos para o bode que está, sem cerimônia, bem no meio da sala.
Pois bem, o compromisso com todo o universo dos pilares de ESG não é modinha, muito menos passageiro. Aqui no Brasil, há mais de duas décadas, o conceito de triple bottom line já pautava reuniões de conselhos, determinava crenças e valores corporativos e dava o tom para a comunicação de várias marcas bem-sucedidas, tais como Boticário e Natura, dentre muitas outras. Hoje, não é apenas uma questão de responsabilidade social ou conformidade regulatória, mas sim uma estratégia essencial para a construção de resiliência reputacional e a criação de valor a longo prazo.
A capacidade de uma organização de integrar práticas ESG robustas em sua estratégia de negócios tornou-se um fator crítico para a proteção e valorização de sua reputação. É fato: dados da Morningstar (setembro de 2024) indicam que 85% dos investidores globais consideram critérios ESG nas decisões de alocação de capital, aumentando a pressão por transparência e responsabilidade. Companhias que reafirmam seus compromissos com diversidade, inclusão e sustentabilidade, mesmo sob pressões ideológicas, fortalecem sua reputação. Um exemplo disso foi o manifesto “Um compromisso inabalável com o futuro”, divulgado em janeiro por mais de 700 empresas, garantindo suas agendas de diversidade no Brasil. Essas organizações, ao manterem a coerência com seus valores mesmo diante de críticas, atraem consumidores e investidores alinhados. No fim, o impacto social impulsiona resultados e garante a perenidade, ultrapassando meras disputas ideológicas.
COP30: oportunidade para o Brasil brilhar
Seremos o primeiro país da América do Sul a sediar uma COP desde 2014, com expectativa de receber em casa – literalmente no meu caso, que sou paraense com orgulho- mais de 20 mil líderes globais e US$ 100 bi em investimentos verdes, conforme antecipado pela ONU ano passado. Para as empresas aqui instaladas, este é um momento crucial para demonstrar liderança em ESG, sem dúvida alguma. Porém, como sempre defendemos, “a preparação bate o planejamento”. E como esses líderes podem preparar suas marcas?
Trago aqui 3 iniciativas fundamentais, que devem ocupar uma boa parte do mindset dos times à frente de comunicação corporativa: 1) mapeamento de riscos – 67% das crises reputacionais começam com falhas em compliance, de acordo com levantamento da Kroll em 2023; 2) comunicar com transparência, sempre e, claro, 3) engajar as lideranças – 80% dos CEOs veem ESG como prioridade pós-COP30 (PwC, 2024).
Lições aprendidas ao longo da minha trajetória profissional em forma de dicas, já que não foram poucas as vezes que me envolvi em projetos de gestão de crise em empresas onde, embora a cultura corporativa fosse aparentemente sólida, a sua política de gestão reputacional estava demonstrando sinais de fraqueza. Com base nessas ocasiões, me deparei com o que chamo de “resiliência reputacional”: mesmo em momentos de crises, as organizações sobreviveram ao imediato. No entanto, faltando fôlego para prosperar no longo prazo. E, sem isso, como inovar concretamente em práticas de ESG?
A diferença entre sobreviver e prosperar está na ação concreta, não no discurso. A COP30 não é só uma conferência, assim como as políticas e práticas de D&I – ambas são, juntas e separadas, um fundamental teste de credibilidade para o Brasil e para todo o ecossistema de gestão de marcas e reputação.
ARTIGOS E COLUNAS
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