28 de abril de 2021

OCDE visualiza recuperação com empresas e marcas como protagonistas

Recomendação foi de Anthony Gooch, diretor de PR e Comunicação da OCDE, durante o evento digital Aberje Trends; evento também discutiu sobre Comunicação e Algoritmos nas empresas

Recomendação foi de Anthony Gooch, diretor de PR e Comunicação da OCDE, durante o evento digital Aberje Trends; evento também discutiu sobre Comunicação e Algoritmos nas empresas

“Em um momento acentuado de crise econômica, desencadeada pela pandemia, é possível visualizar uma recuperação bem-sucedida a partir de uma mobilização única da sociedade, colocando como protagonista as empresas e marcas”. A constatação é de Anthony Gooch, diretor de Relações Públicas e Comunicações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) feita  ontem (27) ao abrir o segundo dia da 5ª edição do Aberje Trends, promovido pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – Aberje.

O painel “Poder, Influência, Tecnologia & Políticas Públicas: o case de Comunicação da OCDE” debateu o papel da organização no enfrentamento à crise gerada pela pandemia da Covid-19, e teve mediação de Mario Laffitte, VP de Relações Governamentais, Comunicação Corporativa, Jurídico, Compliance e Responsabilidade Social Corporativa na Samsung América Latina.

De acordo com o executivo da OCDE, a sociedade está atenta se as empresas estão cumprindo suas promessas e se os posicionamentos dos CEOs são mera propaganda em busca de lucros. “Colaboradores acreditam que as empresas devem proteger seus funcionários. Além disso, os funcionários e a população em geral defendem que governos e organizações trabalhem em equipe para combater o vírus”, afirma.

Além disso, bem diferente do New Deal implementado pelo governo de Franklin Roosevelt no início da década de 1930 para recuperar a economia norte-americana da crise de 1929, surge a necessidade de um “novo” New Deal em nível mundial.  “Visto a partir do contexto da pandemia, estaria embasado em três pilares principais, como a necessidade de gerar uma maior coesão social, a digitalização dos países e o investimento frente às mudanças climáticas”, explica. 

“Essa crise atual pegou a todos de surpresa, mas nós, comunicadores, estamos acostumados a planejar o inesperado. A OCDE fez, desde o início da campanha de comunicação, um call to action para que os países do grupo agissem. Também mudamos nossa postura de comunicação reativa para proativa e focamos na comunicação digital”, comenta. “Com isso, contabilizamos 2,5 milhões de visitantes no site da OECD em abril de 2021, com aumento de 17% do tráfego no site, e nos tornamos referência nas notícias sobre a pandemia no mundo todo”.

Dados na Comunicação

Em seguida, o painel de cases “Comunicação e Algoritmo”, mediado por Vanessa Motta, gerente de Comunicação Corporativa da Natura, trouxe quatro palestras com os temas: Importância do Monitoramento para Inteligência Competitiva, com a especialista em soluções de monitoramento de mídia Bianca Minguci, gerente de Contas da Nexis Solutions; Comunicação & Marketing do Futuro: O Mundo das Experiências Mastercard, com Pedro Alves, diretor de Comunicação Corporativa da Mastercard Brasil e Cone Sul; Algoritmo da Vida: Mobilização de Dados para vencer a Vulnerabilidade Emocional, com Luciana Coen, diretora de Comunicação Integrada e Responsabilidade Social Corporativa da SAP e Reputação: Convergindo Parâmetros, Métricas e Ferramentas Isoladas em uma Visão de Aprendizado e Insight, com Guido Sarti, head de Data Intelligence e Storytelling da CCR.

O que fazer com tantos dados?

Ao abordar a importância do monitoramento para a inteligência Competitiva e para a comunicação corporativa, Bianca Minguci, da Lexis Nexis – empresa multinacional de tecnologia e informação que atua o em mais de 50 países -, ressaltou que o monitoramento constante deixou de ser apenas uma ferramenta para se tornar um dos elementos mais básicos para a construção de estratégias de comunicação. “São três as etapas para um monitoramento estratégico eficaz: a pesquisa, a análise e o compartilhamento interno de informação”, acentua. “Mas temos tantos dados, o que fazemos com eles? Basicamente, nossa função humana dentro das organizações é traduzir esses dados em ações inovadoras”, completa.

Bianca explica que o monitoramento gira em torno das redes sociais e do comportamento do consumidor final. “Dessa forma sempre fica uma lacuna no monitoramento de mercado. A principal dificuldade é encontrar uma solução que monitore absolutamente tudo em um único lugar e a tendência é que haja uma convergência dos canais para que se tenha uma captura mais real do seu consumidor”, comenta.

Conexão + propósito 

Focada no universo do e-games, a apresentação de Pedro Alves, da Mastercard, mostrou o tipo de experiência que a empresa vem promovendo com seus stakeholders. De acordo com o executivo, este é um mercado super valioso; só no ano passado seu potencial econômico no mundo atingiu cerca de 175 bilhões de dólares e deve chegar a 200 bi em 2023. “Se as organizações gostam de desenvolver suas marcas em um ambiente onde conexão está ligada a propósito, esse é um mercado com bastante significado. O Brasil, por exemplo, é um celeiro de atletas e gamers. Mas de que forma se conectar com essa audiência de um jeito que fizesse sentido para a comunidade gamer e relevância para a nossa marca?”, indaga.

Com mais de 100 milhões em todo o mundo, o League of Legends foi o jogo escolhido pela empresa para demonstrar o poder das conexões, se conectar com essa audiência e mostrar o valor da nossa marca. “Trata-se de uma comunidade super engajada e que se desdobra em várias outras. Como marca, nos conectamos à audiência incentivando por meio de ações que fazem sentido para cada uma delas. O eSports mostrou como é possível estabelecer conexões valiosas com significado por meio de uma plataforma digital”, frisa Alves.

O Algoritmo da Vida

O Algoritmo da Vida é um projeto social totalmente ligado à saúde mental criado pela Agência África, que busca identificar e oferecer ajuda às pessoas com depressão e tendências suicidas, no ambiente digital. “Na prática é um robô que rastreia todos os tweets públicos do Twitter no Brasil. Essa tecnologia está baseada em uma metodologia, criada pela Universidade de Harvard e batizada de ‘gramática da depressão’, que separa os tweets que indicam algum grau de vulnerabilidade emocional”, explica Luciana Cohen, da SAP Brasil, que participa do comitê de gerenciamento do projeto.

Até o momento, foram mais de 2,3 milhões de tweets recebidos para análise, são duas ONGs trabalhando na gestão do projeto e na análise minuciosa dos tweets, e hoje as pessoas são atendidas por plataformas de psicologia como Vittude, CVV e Soul.me. “Pegamos um projeto que ia sair do ar, melhoramos o apoio às pessoas da ponta, além de melhorar a tecnologia que está por trás desse algoritmo. Desde que começou até hoje, esse algoritmo já aprendeu muito em uma base importante de informações”, conta.

Para que servem indicadores?

Ao apresentar a sua visão sobre reputação, Guido Sarti, que cuida da área de dados do Grupo CCR, que se coloca como uma empresa de mobilidade humana que por meio da infraestrutura, explica como convergir métricas, parâmetros e ferramentas isoladas em uma visão de aprendizado e insight.

Os indicadores servem para provar resultados e tomar decisões de forma mais acurada, mas o que vale a pena ser avaliado, acompanhado, quais são as perguntas corretas? “Vivemos num universo com muito ruído. Existe muita informação mas pouco conhecimento a partir dela. Quando se fala em reputação e imagem, ou qualquer outro tipo de indicador, o segredo é usar o design a favor da clareza e interpretação melhor dos dados. Não adianta ter um milhão de informações e não conseguir tirar proveito disso”, ressalta. 

“Minha visão sobre reputação e indicador de reputação é que uma empresa deve construir um ecossistema dinâmico de dados que possibilite metrificar, dar valor e transparência às suas transformações. A dinâmica auxiliará na construção de metas causais de toda a organização”, complementa Sarti, frisando que reputação é o que a empresa tem de maior valor, muito mais do que vende ou constrói. 

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