26 de novembro de 2020

O legado do investimento social privado durante a pandemia

“Respostas do investimento social em tempos de crise: desenvolvimento com envolvimento” foi tema de live promovida pela Aberje e Animus Consultoria e Gestão

“Respostas do investimento social em tempos de crise: desenvolvimento com envolvimento” foi tema de live promovida pela Aberje e Animus Consultoria e Gestão

O ano de 2020 ressaltou a relevância de ações ligadas à Investimento Social Privado – ISP quando, diante de um cenário inimaginável, empresas, fundações e institutos tiveram papel fundamental no combate à pandemia mobilizando recursos e doações para iniciativas emergenciais em vários cantos do Brasil. A fim de abordar de que forma o investimento social contribui para impulsionar as ações de Responsabilidade Social das organizações, a Aberje em parceria com a Animus Consultoria e Gestão, promoveu a live Respostas do investimento social em tempos de crise: desenvolvimento com envolvimento. O encontro online foi realizado no dia 24 de novembro e transmitido via Youtube da Aberje.

Para contribuir com essa discussão, foram convidados José Fernando do Valle, diretor de Operações a Clientes na 3M do Brasil e presidente voluntário no Instituto 3M; Talita André, gerente de Inovação e Desenvolvimento Institucional no Instituto Votorantim; e Thatiana Zukas, gerente de Diversidade e Investimento Social no Grupo Pão de Açúcar e responsável pelo Instituto GPA. A live também contou com a participação de José Maurício Fitipaldi, sócio fundador na Animus Consultoria e Gestão, e da diretora criativa da consultoria Marina Mattaraia, que atuou como mediadora durante o encontro.

Marina Mattaraia, da Animus Consultoria e Gestão

Instituto 3M: ferramenta de engajamento social

O diretor de Operações a Clientes na 3M do Brasil, José Fernando do Valle assumiu, há dois anos, a liderança voluntária como presidente do Instituto 3M, criado em 2006 a fim de contribuir para a transformação social, promovendo o empreendedorismo das futuras gerações. Na ocasião, o executivo contou como é a atuação da companhia em relação a investimentos sociais, quais seus principais pilares e como é o envolvimento com o core do seu negócio.

A instituição trabalha alicerçada nos pilares de Ciência e Tecnologia, Tecnologia Social, Educação e Desenvolvimento Social. “O Instituto 3M é uma ferramenta de engajamento e de investimento sustentado em responsabilidade social. “Nosso foco no engajamento social é um fator de atração e retenção dos melhores talentos”, disse Valle. “O voluntariado é muito incentivado na companhia que desenvolve projetos específicos voltados às comunidades locais, por meio do engajamento voluntário”, contou.

José Fernando do Valle, da 3M do Brasil

Entre os programas citados pelo executivo estão a Mostra de Ciências e Tecnologia, que anualmente interage com a comunidade na descoberta de jovens talentos; a Escola Formare, que em parceria com a Fundação Iochpe do Paraná, transforma os colaboradores da 3M em educadores voluntários para trazer jovens carentes para dentro das unidades fabris. Além das ações estratégias baseadas em suas diretrizes, a companhia também reforçou suas ações de assistência através de campanhas de arrecadação de alimentos com a participação voluntária dos colaboradores e do instituto, a fim de atender às necessidades básicas das comunidades em que atua. 

Instituto GPA: agente de transformação da sociedade

Presente em todas as regiões do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar é o maior empregador privado do país no seu setor de atuação com mais de 109 mil colaboradores. Seu braço social, o Instituto GPA vem, há mais de duas décadas oferecendo oportunidades para despertar o trabalho por vocação e fomentando ações específicas de mobilização social, convidando colaboradores e fornecedores a participarem de doações.

Ao compartilhar as ações da companhia em relação a investimentos social privado, a gerente de Diversidade e Investimento Social no GPA Thatiana Zukas contou que em 2013, houve uma redefinição de alguns dos pilares da estratégia de sustentabilidade. “Um deles foi o engajamento com a sociedade, cujo objetivo é fortalecimento das nossas relações com os clientes, colaboradores, fornecedores  e todas as organizações sociais para desenvolver ações nos entornos de nossas lojas para que possamos ser agentes da transformação da sociedade”, comentou a executiva que também é responsável pelo Instituto GPA.

Thatiana Zukas, do Grupo Pão de Açúcar

“Priorizamos nossos esforços para a demanda das comunidades onde estamos presentes em relação ao que acontecia no momento”, revelou. Entre as ações, o instituto focou em campanhas de alimentação, com doação de marmitas para moradores de ruas, doação emergencial de cestas básicas beneficiando cerca de 550 mil famílias em em todo o Brasil, mobilização de clientes para doações online, apoio financeiro para alguns fundos focados em microempreendedores como, por exemplo, o programa Empreendedoras Periféricas, mulheres negras que empregam outras mulheres, através da capacitação financeira e de Comunicação. 

Instituto Votorantim: negócios sustentáveis

Antes mesmo da pandemia, a Votorantim passou por um grande processo de reposicionamento buscando um olhar integrado a ação dos negócios para definir sua visão de que “Negócios sustentáveis são os que geram valor para o mundo”. Na ocasião, a gerente de Inovação e Desenvolvimento Institucional no Instituto Votorantim Talita André, ressaltou que “Nossa atuação é cooperar e impulsionar para que os negócios sejam cada vez mais sustentáveis, saindo do paradigma de que ‘os negócios não têm essa responsabilidade’ para a ‘corresponsabilidade de que todos têm que fazer a sua parte’”.

O Instituto Votorantim, criado em 2002, se traduz como um centro de inteligência aplicada e um hub de inovações, projetos e boas práticas no campo socioambiental. “Entendemos que os desafios são complexos e sistêmicos por isso atuamos em várias frentes como desigualdade social, saúde, saneamento básico, educação, democracia e equidade de gênero, emprego e renda, entre outros. Nos colocamos como parceiros e aliados nessa construção de soluções junto às empresas”, frisou.

Talita André, do Instituto Votorantim

Com relação à pandemia, Talita destacou que desde o início a preocupação do instituto foi não atuar de forma pontual a fim de chegar em municípios localizados no interior do país, com um olhar que vai desde a assistência social até o legado. “Tivemos um grande papel na articulação dos recursos levantados, que totalizaram R$ 150 milhões, e uma atuação em 264 municípios em todo o Brasil” aplicados em programas de gestão pública, educação e cidadania e em ações específicas e de alto impacto nas áreas da Saúde, Assistência Social e Inovação”.

Pandemia fomenta terceiro setor e traz desafio de governança para as empresas

O terceiro setor no Brasil é constituído por um universo de cerca de 780 mil ONGs que geram diretamente cerca de 2 milhões de empregos e movimentam quase 4% do PIB. De acordo com uma pesquisa do Observatório do Terceiro Setor, 70% delas tiveram uma queda em suas receitas de mais de 50% e 83% delas preveem risco de encerrar suas atividades, pelo menos temporariamente. Ao comentar esse ‘cenário emergencial e desolador de crise’, Maurício Fitipaldi CEO da Animus Consultoria e Gestão, empresa especializada em investimento social privado, trouxe alguns dados sobre como as empresas responderam a esse desafio. 

“Houve um aumento exponencial do número de doações, que em 2020 chegou a cerca de R$ 7 bilhões. Em 2018, foram 3,5 bi. O investimento foi maciço. O setor privado entendeu o tamanho do desafio e deu a sua contribuição. Notamos ainda um processo de diversificação da qualidade da forma como o investimento é feito”, disse Fitipaldi, citando exemplos como a Ambev e a Ypê que passaram a produzir álcool gel; a Netflix que lançou um programa para preservar renda dos trabalhadores do setor audiovisual; a Natura que fez o mesmo na cadeia de valor das revendedoras; o Airbnb com os proprietários de imóveis, o Uber com os motoristas… “São legados que ficarão. Todos esses efeitos e impactos na forma de as empresas enxergarem o investimento social vão ficar”, complementou. 

Maurício Fitipaldi, da Animus Consultoria e Gestão

Fitipaldi mencionou sobre o resgate do papel social da iniciativa privada como promotor de mudança social e sobre a importância do posicionamento institucional em relação à investimentos social privado. “Ao mesmo tempo em que aprendemos muito nesse processo, também enfrentamos riscos, como a dicotomia entre oportunidade e oportunismo, que evidenciou a importância de um posicionamento claro, de uma linha de ação das empresas, que se reinventaram e definiram novas formas de atuar, ampliando ou redirecionando seus focos”.

Passada a fase aguda da crise, qual o legado para 2021? Quais serão os temas que irão dominar o debate daqui pra frente? Na análise da equipe da Animus, o ISP entrou no centro da agenda das empresas. “As empresas perceberam a importância das estratégias, de políticas, de estarem bem estruturadas, de ferramentas para trabalhar de forma sustentável. Não é à toa que os grandes fundos globais falam da importância do negócio com propósito  e de conjugação entre lucros e responsabilidade social. Isso não vai mudar”, avaliou o executivo.

Assista a live na íntegra:

 

 

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