Aberje e revista Época debatem era da pós-verdade e fake news


Com o tema “Na era da pós-verdade, o jornalismo que faz diferença para a sociedade” a revista Época em parceria com a Aberje organizou um evento para discutir a importância do jornalismo profissional em um contexto de intensa veiculação de informação. O evento, que aconteceu na última quarta-feira, 30 de setembro, contou com a presença de alguns profissionais da comunicação de diferentes áreas de atuação.
Função do Jornalismo e Comunicação Empresarial
A missão do jornalismo para a sociedade foi o tema inicial da conversa. João Gabriel de Lima, diretor de Redação da revista Época e mediador do evento, destaca a importância da profissão como um fator de elevação do debate público, afirmando ser esse o responsável por estabelecer “a base factual” para a discussão de assuntos de interesse público. Paulo Nassar, diretor-geral da Aberje e professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), no entanto, destaca a importância da mídia em relação à reputação corporativa. De acordo com ele, a organização – ou desorganização – de uma empresa está diretamente relacionada à imagem que possui na imprensa.

O fenômeno social das fake news e possíveis formas de enfrentá-las
A questão das chamadas fake news, que são fatos não verdadeiros, com desinformação publicada deliberadamente, com o intuito de gerar algum efeito em seus leitores, foi o grande destaque da conversa. Essas notícias falsas são associadas ao contexto da pós-verdade, onde a checagem e verificação de notícias e informações assume um papel secundário, sendo superados pela relação emocional do leitor com aquela informação. Dessa maneira, a publicação e propagação dessas notícias torna-se muito mais favorável. Tal fenômeno, no entanto, não é recente. Para Aguinaldo Novo, diretor de Redação em São Paulo do jornal ”O Globo”, o principal responsável hoje por essa grande propagação é a velocidade em que elas se disseminam, o que permite uma maior amplitude dessas falsas notícias.

Laura Diniz, sócia fundadora do JOTA, aponta a tolerância das mentiras como sendo algo social, ou seja, quanto mais mentiras conseguem se espalhar como verdades, mais confortáveis as pessoas se sentem em disseminá-las. A forma como pessoas lidam com fake news e as compartilham se relaciona, segundo Diniz, com comportamentos e condições sociais. Dessa forma, a pessoa está mais propensa a compartilhar, sem nenhum tipo de cuidado prévio, uma notícia compartilhada por um amigo, do que espontaneamente. Porém, o jornalismo tradicional também falha de diversas maneiras. Diniz defende a ideia de que a proliferação de fake news está vinculada a um momento de instabilidade dos jornais. A descapitalização de veículos para reportagens investigativas gerou uma relativa queda de credibilidade, abrindo espaço para uma facilidade na veiculação de mentiras. Novo aponta que, apesar desse fato, há ainda uma grande confiança da população, principalmente em relação ao jornal impresso. “O leitor continua na tentativa de buscar informações confiáveis. Ele sabe da desinformação presente na internet”.

Isso não significa, porém, que Novo não veja grandes problemas na atuação desses profissionais. Para ele, só com uma mudança na forma de trabalho, com investimentos em checagem é que tal fenômeno pode ser superado. Paulo Nassar complementa que é preciso, também, uma maior discussão sobre a forma como tratamos a profissão, buscando sedimentá-la como instituição social.
Efeitos das fake news e as eleições de 2018
A questão das eleições presidenciais de 2018 e a influência das fake news nesse contexto foi um tema de grande atenção no debate. Lima direcionou aos profissionais um questionamento em relação às suas expectativas para o período. Laura apontou a tendência para um aumento das mentiras, mas também, um possível aumento das checagens. Salientou ainda a necessidade de um esforço mais consistente da imprensa no combate as notícias falsas, com mais preocupação na apuração. Aguinaldo Novo, da mesma forma, ressaltou que as eleições de 2018 revelariam um “teste” para a imprensa por diversos fatores. Dentre eles, estão o momento de maior radicalização e a recente descapitalização de empresas jornalísticas.
André Romani e Daniel Medina | Jornalismo Júnior
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