15 de junho de 2020

Instituto Avon lança guia sobre investimentos sociais para equidade de gênero e enfrentamento da violência

Em 2020, uma das mais importantes plataformas de direitos das mulheres, a Plataforma de Pequim, completa 25 anos e, apesar de ser possível constatar alguns progressos, a produção de mudanças reais na vida de meninas e mulheres segue um ritmo lento. Somado a isso, a epidemia silenciosa da violência doméstica contra mulheres e meninas, que já alcançava índices alarmantes no Brasil, foi severamente agravada à sombra das medidas de isolamento impostas para conter a pandemia de Covid-19.

De acordo com o relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os casos de feminicídio cresceram 22,2% entre março e abril deste ano, em 12 estados do país, em comparação com o mesmo período do ano passado. E as consequências dessa violência também se estendem para o mundo profissional: 1 em cada 5 faltas no trabalho, no mundo, é motivada por agressões ocorridas em casa. Além disso, estima-se que acarrete perda anual de quase R$ 1 bilhão por ano à economia nacional, no que diz respeito aos impactos no mercado e na produtividade das mulheres, segundo dado compilados pelo Instituto Maria da Penha da Penha e Universidade Federal do Ceará.

Como resposta, em parceria com o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), a Fundação Tide Setubal, Fundo Elas e #AgoraÉQueSãoElas, o Instituto Avon lança o guia “O que o Investimento Social Privado Pode Fazer pelo Direito das Mulheres” para disseminar conhecimento, compartilhar experiências, casos de sucesso e recomendações sobre as diversas formas por meio das quais investidores(as) sociais podem incidir sobre a causa e agir para mitigar o impacto da violência sobre a vida das mulheres. Empresas, institutos e fundações privadas têm um papel fundamental na promoção e garantia dos direitos delas, na multiplicação de conhecimentos e no desenvolvimento de ferramentas inovadoras para acelerar processos de transformação social. A Avon é associada da Aberje.

A pandemia da COVID-19 fez com que o investimento social privado saltasse de R$3.6 bilhões em 2018 para mais de R$5 bilhões somente durante os primeiros cinco meses de 2020, conforme os dados da Associação Brasileira de Captadores de Recursos. Neste contexto, o tema de direitos das mulheres recebeu cinco vezes mais investimentos entre 2018 e 2019, mas ainda enfrenta o desafio de direcionamento de recursos e iniciativas necessários para garantir a igualdade de gênero. Além disso, o atual cenário mostra que as mulheres são as mais afetadas pela crise, em especial, as negras. “O isolamento social está evidenciando o agravamento da violência doméstica e familiar e a precarização das condições de trabalho de diversas organizações sociais voltadas para o fim da violência contra mulheres e meninas devido à escassez de recursos materiais para realizarem o seu trabalho”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon. “Nesse sentido, o guia é uma ferramenta relevante para gerar em setores influentes da sociedade um clamor pela priorização dos investimentos sociais pela causa da violência doméstica, que ainda sofre com falta de apoio e visibilidade, além de destacar o poder de transformação do investimento social privado”, complementa.

Com o lançamento do projeto, resultado da parceria do Instituto Avon com o GIFE, as entidades visam contribuir para o fortalecimento político-institucional e de apoio à atuação estratégica de institutos e fundações para a causa do direito das mulheres. “A publicação do Guia por mulheres deve inspirar as organizações do setor privado a olharem para sua própria história, refletindo e agindo pela equidade nas suas ações diretas e nos apoios que realizam. No contexto democrático e de enfrentamento as desigualdades, essa deve ser uma causa de todos nós”, diz Neca Setubal, presidente do conselho de Governança do GIFE e da Fundação Tide Setubal.

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