19 de novembro de 2020

O que aprendi como influencer plus size 40+

Artigo publicado originalmente no LinkedIn, em 18 de novembro de 2020.

Eu, fundadora de uma consultoria em reputação corporativa e professora, nunca me vi como uma possível blogueirinha de lifestyle e skincare. Mas tudo tem a sua primeira vez na vida, se a pessoa se permitir novas experiências e aprendizados, não é mesmo? Pois bem, nos últimos dias eu vivi um momento influencer plus size 40+ para a linha Botik, de O Boticário, e foi tanto aprendizado que eu gostaria de compartilhar 3 deles com vocês. (Deixo o link do meu momento influencer para quem quiser espionar, curtir e comentar >> @tatianamaialins).

Como tudo começou?

Minha vida de influencer no Insta (risos) começou no Linkedin. Foi lá que vi um post da Marina Filippe sobre a ação do Boticário para divulgar a linha #Botik. A matéria da Exame dizia que eles estavam selecionando 200 mulheres em um concurso cujo prêmio era um curso para democratizar o conceito de influência digital, além de um produto da linha #Botik. Falou em democratizar qualquer coisa meu olho já brilha e arregala. “Que ideia genial! Vou me inscrever. Quem sabe sou escolhida? Vai ser divertido e de quebra vou aprender a deixar o meu conteúdo mais atraente!”, pensei. Me inscrevi e abri o meu perfil no Insta, até então fechado apenas para amigos.

Mal sabia eu que muito mais que divertido, seria uma experiência que vou carregar para a vida.

O resultado saiu na semana seguinte ao meu aniversário de 42 anos. E lá estava eu. a empreendedora gordinha, com cabelo branco aparecendo, casada, mãe e nordestina morando em São Paulo entre as 200 selecionadas. Foram 3.200 inscritas. E entre as selecionadas estavam mulheres incríveis de vários estados, com idades entre 40 e 72 anos.

As 200 selecionadas participaram de um curso do Youpix com seis aulas entre os dias 4 e 16 de novembro de 2020. A cada aula tínhamos um dever de casa para fazer, sendo o último deles fazer um post no feed com o produto da campanha. Aquele post bem blogueirinha. Esta tarefa final levará à escolha de 10 participantes entre as 200 para mais uma fase em que a premiação é mais uma aula e mais produtos Botik como recebidinhos.

Ainda estamos na avaliação dos posts do último dever de casa e eu não faço ideia se estarei ou não na próxima fase. Mas já foram tantos aprendizados que gostaria de compartilhar 3 deles com vocês. Veja abaixo! (Quem quiser dar uma força no meu post da tarefa final, aqui está.)

Aprendizado 1: Chega de estereótipos

Como é a mulher com mais de 40 anos na sua cabeça? O que ela come? Onde ela mora? Como se diverte? Como se reproduz? É, pessoal, não dá para colocar as mulheres com mais de 40 anos em caixinhas estereotipadas. Nós não suportamos estes enquadramentos. E somos múltiplas. Participamos de maratonas, empreendemos, falamos de make-up e também sobre clitóris. As receitas de cocada não são uma preocupação porque sabemos que se a nossa tentativa caseira não der certo, podemos comprar cocada pronta. Temos filhos crescidos e também filhos pequenos. Algumas estão tentando a maternidade. A grande maioria já descobriu que não existe príncipe encantado, tampouco fada madrinha. Não somos nativas digitais, mas temos conteúdo para dar e vender. Aliás, estamos doidas para vender conteúdo para as marcas e ajudá-las a conversar conosco. E este último ponto me leva para o segundo aprendizado.

Aprendizado 2: As marcas não sabem conversar conosco

Se as marcas ainda nos colocam em caixinhas de estereótipos, é óbvio que elas ainda não sabem conversar conosco. E isso é uma tremenda cegueira de marketing. Uma busca simples sobre economia prateada no Google traz o seguinte dado: “quando comparado com os mais jovens, o consumo dos maduros cresceu 3x mais rápido na última década”. Em 2020, a pirâmide etária brasileira já apresentou uma redução da base e um encorpamento do meio de sua estrutura. Se em 1940 a expectativa de vida ao nascer era de 45,5 anos no Brasil, em 2018, a expectativa de vida das mulheres chega a 79,9 anos, enquanto a dos homens é de 72,8. Em 2012, a população brasileira acima de 30 anos correspondia a 52,4%. Em 2019, chegou a 57,7%. Que tal aprender a conversar com este público e se aproximar dele?

Nós não queremos propagandas que nos aprisionam. Queremos conversas que curam, que nos libertam. Um belo exemplo foi a conversa que realizei como resultado de um dos desafios e que virou uma mega colab com 4 de nós da #GeraçãoBotik (eu, Tatiana Siqueira, Larissa Dantas e Val Cirello) sobre gordofobia e a busca da felicidade. Falamos abertamente sobre um tema sensível para muitas pessoas, a gordofobia. E chegamos à conclusão de que a gordofobia deve ser combatida dentro de casa em primeiro lugar. Porque é em casa que sofremos as maiores pressões. Isso é transformador na sociedade e vale mais, muito mais do que uma propaganda de TV que ninguém mais vê. Conversas como esta precisam ser replicadas para alcançar públicos maiores. E as marcas podem lindamente ocupar o papel de protagonistas de conversas transformadoras.

Aprendizado 3: Nossa influência é maior do que a da Beyoncé

Bora falar de métricas de verdade? Métricas de influência? A quem você recorre quando precisa da indicação de um médico? E para indicação de serviços cotidianos, como os de reparos para a casa? E para aquele pão ou bolo delicioso? E para a escolha da escola dos seus filhos? Beyoncé é linda, influencia horrores, é uma potência. Mas não vai nos responder se perguntarmos a ela o número do encanador. Tampouco podemos consumir os produtos e serviços que ela realmente consome – seja por questões financeiras, mercadológicas ou whatever. Então vamos falar sério? Beyoncé e grandes estrelas possuem alcance. Mas os perfis “gente como a gente” de micro influenciadores ou nano influenciadores (aprendi essa categoria no curso), possuem engajamento muito maior.

Duvidam? Eu tenho pouco mais de 500 seguidores e o meu post blogueirinha teve mais de 200 curtidas em um dia. Com comentários de super alta qualidade dos meus amigos de infância, do trabalho, do ballet, da rua onde moro, da escola, da associação que faço parte. Tive engajamento de gente que está morando em várias cidades: São Paulo, onde moro agora, Recife, onde nasci, Rio de Janeiro, onde morei – além dos amigos que moram em outros países. Tive curtida ou comentário de amigo morando na Alemanha, na Inglaterra, na Holanda e até na Grécia. Beijinho no ombro.

Constatei na prática o que as pesquisas indicam. O Trust Barometer todo ano mostra a importância do perfil “gente como a gente” para os laços de confiança. E a Bia Granja me disse um dado que eu fiquei me achando a última coca-cola do deserto: uma nano influenciadora chega a ter 6 vezes mais engajamento do que uma influencer de massa. Se eu já influenciava as empresas da porta para dentro como consultora de reputação, agora que sei que sou também uma influencer digital ninguém me segura…

Obrigada, Boticário, por esta experiência incrível. Obrigada, mulherada da #GeraçãoBotik, por tantos aprendizados. Obrigada, minha amiga Nara Almeida, por me ajudar com essas fotos tão lindas e por todo apoio de sempre. Juntas, nós mulheres, somos a liderança que o mundo está precisando.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Tatiana Maia Lins

Consultora em Reputação Corporativa, fundadora e diretora da Makemake - A casa da Reputação no Brasil e editora da Revista da Reputação.

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