08 de abril de 2020

Comunicando com responsabilidade para uma sociedade mais humanizada

Publicado originalmente no LinkedIn de Marlene Marchiori, 27 de março de 2020

O mundo, inspirado pela pandemia, está se movimentando para respostas humanitárias globais como o documento das Nações Unidas Global HRP COVID-19. A comunicação está entre as principais estratégias: “comunicar informações críticas sobre riscos e eventos a todas as comunidades e combater a desinformação”. Decisões, mesmo sob pressão, devem ser coletivas, seja no mundo, nos negócios ou nas famílias. É tempo de nos conscientizarmos que nós humanos necessitamos de proximidade e conexão em pensamento, para que o fluxo de práticas seja intenso e organizado.

Estamos começando a viver momentos de solidariedade mundial e ação global. Estamos combatendo os problemas de saúde para preservar vidas e movimentos iniciais para uma resposta econômica e sua consequente recuperação. Em breve veremos emergir análises sobre o impacto social e a profunda mudança cultural.

A comunicação passa a ser atitude de todos, de forma responsável e colaborativa. A atitude é consequência do entendimento das informações. Penso ser fundamental nessa crise que estamos vivendo a conscientização para a atitude coletiva, a qual emerge quando criamos sintonia nos diálogos com públicos e tomamos decisões articuladas. Estamos vivendo uma crise no comportamento humano.

Essa velocidade exponencial da pandemia, nos desafia a agirmos de forma pensada, construindo pontes para novas ondas de enfrentamento. Podemos sim seguir na trilha da gestão de crises, sendo prudente acionarmos a comunicação de risco, estando próximos e tomando decisões com os públicos, combinação crucial para atuação estratégica da comunicação.

Comunicação Interna

No campo da comunicação interna muitos impactos: home office para não paralisar as atividades e mesmo as atividades consideradas como essenciais que mantem suas operações estão com novos processos de gestão, pois algumas equipes estão em home office e outras reorganizando os turnos. Todos os empregados seguindo as orientações do Ministério da Saúde e da OMS, e as empresas oferecendo segurança e bem-estar aos seus trabalhadores. É preciso assertividade e clareza do posicionamento da empresa, explicando o porquê.

A ordem é comunicar efetivamente, mantendo transparência, sem fake news. Somos conscientes dessa responsabilidade, mas sabemos que não comunicamos sozinhos. O tempo de levar informações aos públicos sem observar as consequências, ficou distante. O tempo de compartilhar informações que respondam as expectativas, valoriza o ouvir. O tempo de aprendermos com as atitudes de cada público nos permite experimentar novos processos de comunicação. Pense no impacto das mensagens para além de sua empresa.

Proximidade junto aos funcionários, mantendo um otimismo no processo comunicacional. Falar com frequência é importante, mas sem excessos. Fundamental dar segurança e estar próximo, nesse momento. Lideranças podem e devem assumir esse desafio junto as suas equipes, estimulando bons exemplos e práticas.

Os Comitês de Crise e Comunicação de Risco que hoje enfrentam discussões e que somam diariamente habilitam-se para tomada de decisão imediata e para o desenvolvimento de processos de gestão que dão conta de colocar em prática decisões coordenadas.

Educar é primordial pois dependemos da mudança de atitude, respeito e cumprimento dos novos protocolos implantados. Penso no outro e em como posso ajudar. Tudo isso, levará a uma maior consciência e amadurecimento da empresa e daqueles que convivem com ela.

Funcionários são prioritários, mas entendemos que o momento também pede intensificar a aproximação com públicos que fazem parte da nossa cadeia de relacionamentos: clientes, fornecedores, parceiros, bancos, governo, imprensa, comunidade, formando redes de engajamento. Relacionamentos de confiança podem ser construídos quando enfrentamos desafios conjuntamente. Nosso olhar transita para o bem comum e estaremos naturalmente servindo a um propósito maior. Quem sabe a partir do COVID-19 vamos observar comportamentos mais humanos, colaborativos e conscientes.

Destaco a importância do micro movimento de cada pessoa, da atitude consciente que se faz relevante, respeitando naturalmente aquilo que emerge a partir do coletivo. Comunicação é troca, é compartilhamento, ela se movimenta a partir daquilo que se ouve e que se constrói nas relações.

Pró-atividade pode trazer bem-estar para o grupo, solidariedade tem sido uma atitude presente em vários movimentos de empresas. Mobilização da sociedade.

Proximidade do Comitê de Crise com reuniões diárias para tomada de decisões.

Força tarefa em canais de escuta. Mas depois fale para mobilizar pessoas.

Estender aos demais públicos, fornecedores aproximação maior, conversando com toda a cadeia, estudando soluções conjuntas para essa retomada. Associações devem se conectar, acelerando os processos para que as definições possam ser coletivas. Olhar a cadeia como um todo e se aproximar para a tomada de decisão.

Como lidar com as incertezas? Como vão ser os próximos dias? Conversas podem tranquilizar e nos dar mais segurança para as definições, que acabam sendo coletivas e não de negócio para negócio, colaborando para disciplinar o comportamento da cadeia. Narrativas consistentes para que todos assumam protagonismo.

Construção de pontes são decisivas, a partir do enfrentamento e do olhar no futuro.

Nutrir relacionamentos, torna-se essência. A colheita certamente será de amadurecimento da consciência coletiva para desenvolvimento sustentável de nossos negócios.

Como cidadão temos a responsabilidade de nos envolvermos. A sociedade certamente sairá diferente, estamos vendo e vivendo a cada dia essa mudança. Há futuro e nele, nos inspiramos na fala do secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, “nós temos a responsabilidade de recuperar melhor”.

Fontes que colaboram nessa jornada

Crisis Emergency + Risk Communication (2014)

https://emergency.cdc.gov/cerc/ppt/cerc_2014edition_Copy.pdf

Financial Times – Yuval Noah Harari

https://amp-ft-com.cdn.ampproject.org/c/s/amp.ft.com/content/19d90308-6858-11ea-a3c9-1fe6fedcca75

Global HRP

https://www.unocha.org/sites/unocha/files/Global-Humanitarian-Response-Plan-COVID-19.pdf

Institute for Public Relations

https://instituteforpr.org/coronavirus-covid-19-comms-report/

Leadership in a crisis: responding to the coronavirus outbreak and future challenges

https://www.mckinsey.com/business-functions/organization/our-insights/leadership-in-a-crisis-responding-to-the-coronavirus-outbreak-and-future-challenges?cid=other-eml-onp-mip-mck&hlkid=a93307b04e314382adc796e769924de4&hctky=11850084&hdpid=8eb53060-0384-42c9-9ac2-3ca378734668

Comunicação e sua responsabilidade (Reflexão inicial de Marlene Marchiori)

https://www.linkedin.com/pulse/comunica%C3%A7%C3%A3o-e-sua-responsabilidade-marlene-marchiori/

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Marlene Marchiori

Palestrante, escritora, mentora em comunicação, cultura e estratégia como práticas organizacionais. Pós-doutorado em comunicação organizacional. Doutora em Ciências da Comunicação. Graduação em Comunicação e Administração de Empresas. Ganhadora do Prêmio Opinião Pública Destaque Profissional Área Rural pelo Conselho Regional Profissionais de Relações Públicas. Professora da Universidade Estadual de Londrina desde 1982. Pesquisadora e Professora Senior do PPGA Administração. Professora de Cursos de Pós-graduação em diferentes instituições acadêmicas e na Aberje. Autora de livros e artigos em diversos periódicos, tendo publicado a Coleção Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional com 10 volumes pela Difusão Editora e SENAC RJ. Gestora de comunicação com experiência em organizações por mais de 15 anos.

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