30 de junho de 2020

A pandemia e tendências de Talent Engagement

Passados mais de 100 dias desde o início do isolamento social, enquanto muitas organizações já estão adaptadas às novas formas de trabalhar, estão também se preparando para a realidade da retomada das atividades presenciais em todos os setores.

Apesar de experiências bem sucedidas e até mesmo transformadoras, no caso de empresas que já decidiram adotar os novos modelos de forma permanente ou híbrida, ou mudaram suas próprias estratégias de negócios, os impactos negativos da pandemia amplificaram as incertezas e dúvidas pessoais, além das coletivas.

Tanto na gestão da reputação, na visibilidade positiva institucional, quanto na prevenção e gerenciamento de crises, a pandemia tornou a Comunicação protagonista ou ampliou sua importância em muitos ambientes.

Mas a Comunicação Interna, que há alguns anos vem ganhando relevância cada vez mais estratégica, sem dúvida vivencia seu maior desafio nesse momento, e a tendência é que continue sendo cada vez mais valorizada, exercendo uma enorme responsabilidade e influência para as empresas que, além de se sustentarem durante a crise, querem ser as mais ágeis e assertivas na retomada.

Para isso, não basta que uma companhia comunique internamente: é preciso entender, criar conversas, engajar e fortalecer continuamente o engajamento dos diferentes públicos internos. Sobretudo em momentos críticos de longa duração, como no caso da pandemia, é preciso manter uma metodologia de escuta ativa, a partir da qual a empresa estabelecerá um canal personalizado, o melhor caminho para manter o foco nos objetivos de negócios, valorizar os indivíduos, promover a transparência, estimular cada profissional a contribuir da melhor forma, em uma estratégia que envolve a co-criação, que colocará cada funcionário como protagonista deste importante momento.

A Comunicação Interna, ou Talent Engagement, seguirá fortalecendo algumas outras tendências, preexistentes, criadas ou fortalecidas durante a pandemia:

  • Tecnologia e racionalização de canais, mas com valorização do olho no olho: na volta ao essencial e com a predominância de canais digitais crescente nos últimos anos – e a partir do início do isolamento social -, momentos face a face e individuais entre as pessoas, e entre a alta liderança e grandes equipes ganham valor, ainda que em formatos digitais. A comunicação não pode ser totalmente asséptica, unidirecional e sem os componentes naturais deste momento e a humanização.
  • O poder de multiplicação das lideranças não hierárquicas: lideranças formais sempre permanecerão exercendo seus papéis de gestão de equipes e orientação para as necessidades estratégicas dos negócios, mas as lideranças informais, com poder de multiplicação e engajamento, precisam ser valorizadas e inseridas no processo de Comunicação. Elas podem contribuir, de forma efetiva, para disseminar a narrativa da marca empregadora.
  • Criação de novos públicos, por temas de afinidade e considerando modelos de gestão ágeis, que formam equipes multidisciplinares para frentes e projetos específicos ou de forma permanente: assim como no universo da informação as pessoas não se agrupam mais por perfis estatísticos, profissionais, socioeconômicos ou acadêmicos, e sim, por interesses específicos em diferentes territórios de conversa, os públicos internos não estão mais divididos exclusivamente por células de trabalho ou cortes hierárquicos. As fronteiras dos fóruns internos estão mais difusas, com menor controle da informação. E com um espaço necessário para a informalidade.
  • A Comunicação Interna não tem dono: a área sempre terá um gestor e um reporte, a lideranças cada vez mais elevadas nas organizações e ao próprio CEO, mas a Comunicação Interna efetivamente estratégica e o Talent Engagement não têm dono. Ela precisa somar as competências e visões de Comunicação, Recursos Humanos, Marketing e áreas de Negócios, além das lideranças formais e informais.
  • 5S: Saúde, Segurança, Significado, Sinceridade e Simplicidade: saúde e segurança das pessoas e do ambiente de trabalho serão o tema macro primordial por muito tempo, ainda que o isolamento social termine. Sinceridade e transparência são cruciais, até porque não há expectativas de que uma empresa não precise tomar decisões difíceis no atual contexto. A tecnologia, a valorização da comunicação one to one, as contingências de recursos e a nova forma de operar nas organizações trará simplicidade, objetividade e tornará a Comunicação Interna mais assertiva. O foco passa a ser a narrativa, sua credibilidade e transparência, seu poder de engajamento, a capacidade de gerar confiança e valor.
Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Andrea Lie Iwamizu

Profissional com mais de 20 anos de experiência em Comunicação Corporativa e Relações Públicas, formada em Jornalismo pela PUC-SP, com especialização em Comunicação Corporativa e MBA em Marketing pela FGV. Atuou também na grande imprensa, e nos últimos anos tem liderado equipes em grandes agências de comunicação. É diretora sênior da área corporativa e de crises da LLYC – Llorente & Cuenca desde 2017, e acumula experiência em consultoria de comunicação, prevenção e gestão de crises, engajamento de públicos, relações com as mídias e demais disciplinas da comunicação corporativa, com foco em grandes organizações e temas complexos, envolvendo aspectos legais, regulatórios e concorrenciais.

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