Reputação – valor essencial no ambiente esportivo

“Suas atitudes falam tão alto que não consigo te ouvir”
Ralph Waldo Emerson
Vivenciamos diariamente situações críticas no ambiente esportivo no Brasil e no mundo. Atletas que sofrem com preconceitos raciais, patrocinadores sem segurança nos contratos, insegurança e violências para os torcedores e torcedoras, pessoas ditas “torcidas” que agridem e matam dentro e fora dos estádios. Problemas de gestão nas confederações, federações e clubes, crises financeiras, manipulação de apostas, corrupção e subornos. Algo que vemos especialmente e alarmantemente no futebol. Enfim, todo o ecossistema é constantemente afetado em uma verdadeira crise de reputação e exemplos não faltam para elucidar este contexto do esporte globalmente.
Construir, manter e proteger a reputação no ambiente esportivo é condição sine qua non para a construção de um ambiente profícuo para atletas, equipes e patrocinadores. E toda sociedade se beneficia de um esporte pujante.
A questão é que, neste mundo complexo e polarizado em que vivemos, a reputação está constantemente sob risco, pois está nas mãos das pessoas. E hoje pessoas estão conectadas. Atletas, torcedores, dirigentes, equipes com total acesso à informação (e à desinformação também, podemos dizer). As pessoas hoje têm muito poder seja via denúncia ou escrutínio público. Comportamentos e atitudes estão mais às claras. Tudo é visível, discutido; tudo é avaliado aos olhos da sociedade.
Diante disto, a governança, a ética, a confiança estão sob Júdice e já não basta parecer. Tem que ser. E como construir a reputação neste contexto?
A reputação se constrói ao longo do tempo e baseia-se na experiência que temos com as organizações. O que elas dizem em suas comunicações e o que realmente entregam. Suas genuínas atitudes apresentadas no dia a dia. Ou seja, uma jornada de experiências, baseada na confiança entre as partes e que se consolida quando as promessas são cumpridas. Em suma, a reputação se constrói com coerência no que se faz e no que se fala. O famigerado Walk the talk.
Enfim, a reputação é algo que não se compra, não se vende, não se empresta. É, na verdade, vantagem competitiva e tem muito valor de mercado, na medida que atrai investidores, patrocinadores, retem talentos e mantem a torcida engajada.
Mas como construir a reputação do esporte?
Reputação se constrói no longo prazo. É um caminho. E o que vale é a persistência e a consistência, já que a boa reputação é difícil de construir e fácil de destruir.
Há alguns exemplos de pessoas e organizações que trabalham para que esse caminho seja mais rápido. Atletas que se uniram em 2007 – Atletas pelo Brasil – pela melhoria da governança e integridade no Esporte e aprovaram uma importante lei de integridade que hoje é o artigo 36 da Lei Geral do Esporte. E que depois, em 2014, articulou em 2014 o Pacto pelo esporte, com apoio de 20 empresas. Um acordo privado inédito no mundo entre empresas patrocinadoras do esporte brasileiro que busca contribuir para que entidades esportivas pratiquem uma gestão profissional, com integridade, transparência e governança. E em continuidade a este trabalho, em 2018, criou o Rating Integra, que avalia a governança, integridade e transparência das entidades patrocinadas.
Além do que, é preciso mencionar os avanços, em especial do mundo olímpico com melhoria de governança, métricas, voto dos atletas, limite de mandato de dirigentes entre outros. E que contou com o esforço não só dos atletas , mas de dirigentes que apoiaram mudanças, equipes e patrocinadores.
Esse movimento não pode parar no esporte. É um setor imbuído de paixão e de valores. É um setor que movimenta bilhões e dá retorno a marcas e investidores. Além disso, é um patrimônio brasileiro que precisa manter sua reputação e ser gerido com responsabilidade pública.
Por isso, reputação é forte e frágil. E é somente a parte visível. Por detrás, há um caminho que precisa de consistência, verdade, persistência e não dá espaços para grandes retrocessos.
Reputação se constrói com atitudes e iniciativas éticas e cujo fruto é, simplesmente, uma sociedade mais próspera e justa.
Aí é que, por estas e por outras, há de se concordar com o filósofo americano Ralph Waldo Emerson. “Suas atitudes falam tão alto que não consigo te ouvir”
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