Os principais aprendizados do SXSW em PR

Considerado o maior festival de inovação, tecnologia e criatividade do mundo, o South by Southwest (SXSW) é reconhecido por lançar tendências nos mais variados segmentos, desde música e cinema até redes sociais, comunicação e comportamento. A edição 2021 do SXSW foi realizada, pela primeira vez, totalmente online em função da pandemia. A mudança, no entanto, não tirou o brilho do festival. As experiências imersivas a partir de tecnologias como realidade virtual e metaverso deram um charme especial e transformaram o SXSW numa oportunidade única de aprendizado e (auto) conhecimento.

Todos os sete eixos temáticos do festival trouxeram lições que podem ser aplicadas por profissionais de todas as áreas, especialmente de PR (public relations). Entretanto, o principal aprendizado deixado pelo SXSW é a conexão. Afinal, a sociedade vive um momento de muita dor e tristeza, com milhares de vidas ceifadas pelo vírus. O isolamento social tornou as pessoas carentes de conversa. Por isso, é natural que as pessoas queiram se conectar e serem ouvidas através de uma escuta ativa e empática.

Vale ressaltar, no entanto, que não é qualquer conexão. É um conceito muito mais amplo e que vai além de simplesmente unir pontas. É a transformação da vida através da empatia naquilo que o outro faz, no conceito da vida, da coletividade. Ou seja, é um conceito de empatia não apenas com o indivíduo, mas principalmente com a vida e com o planeta. A dor e a distância são capazes de aproximar as pessoas.

Após mais de um ano de pandemia, fica claro que o isolamento fez as pessoas canalizarem ainda mais os conceitos criativos. Estamos vendo um boom de criatividade e que deverá se expandir ainda mais no pós-Covid. Contudo, a forma como cada indivíduo irá lidar com as inovações que surgirem neste período de privação e reflexão vai depender do repertório pessoal. Em sua palestra no festival, a autora e host do podcast The Art of Gathering, do jornal New York Times, Priya Parker, avalia que cada pessoa agirá de uma maneira diferente a esse turbilhão de inovações e sensações: “A pandemia trouxe muita clareza individual e coletiva, mas as novidades que permanecerão serão distintas para cada pessoa”.

Outra tendência dada pelo SXSW para PR é o conceito de vida híbrida e as experiências imersivas. Até pouco tempo atrás,  as tecnologias sensoriais causavam um certo estranhamento e eram olhadas com desconfiança. Era como se fossemos transformados em robôs. Essa sensação, no entanto, deu lugar a experiências muito bem sucedidas. O metaverso propiciou que tivéssemos memórias coletivas inesquecíveis.

Esse conceito híbrido, que será cada vez mais presente em nossas vidas, está revolucionando as relações públicas e os negócios. É o momento de nos reinventar e utilizar a tecnologia a nosso favor. A pandemia acelerou o isolamento social, mas é uma realidade sem volta. O paradoxo se tornando o novo paradigma, exigindo que a liderança tenha skills quase paradoxais. É preciso ser herói e humilde; inovador, mas manter os olhos na tradição; político, mas com posições firmes.

Portanto, a grande lição de ser PR neste momento é ser esse conector entre o propósito de cada um com o propósito do nosso planeta. Vemos que PR passa a ter um protagonismo ainda mais decisivo neste cenário de negócios. É uma grande responsabilidade ser conector num mundo de reconstrução. Afinal, vamos viver nesse mundo híbrido e que vai exigir cada vez a conexão das pessoas.

Durante a sua palestra no festival, uma das mais elogiadas dos cinco dias de evento, o historiador e escritor Yuval Harari, autor de best sellers como Homo Deus, Sapiens e 21 lições para o século 21, fez uma reflexão sobre o momento atual da sociedade e o nosso papel como efeito transformador: “Estamos na melhor posição para lidar com o vírus. Se falharmos, não será por causa das leis da natureza. Será por falta de sabedoria política”.

Patricia Marins

Sócia-diretora da Oficina Consultoria de Reputação e Gestão de Relacionamento. É especialista em public affairs, gerenciamento de crises de alta complexidade, programas de relações públicas e treinamentos. É sócia do Grupo In Press, co-fundadora do WOB (Women on Board) e autora do livro Muito além do media training, o porta-voz na era da hiperconexão.