10 de novembro de 2016

O Mercado demanda um profissional de comunicação polivalente

Este artigo resgata a oportunidade que as Relações Públicas tem oferecido, deste sua fundação no país, aos profissionais de várias origens de formação, sejam bacharéis em Relações Públicas ou engenheiros, jornalistas, publicitários, administradores de empresa, advogados, bibliotecários e outros

Recentemente li no Facebook um artigo do RP Guilherme Alf – “A importância do mindset de um RP!”, onde conceitua a profissão com um olhar macro e estratégico. Distancia a diversificação ocorrida com o passar dos tempos e até oficializada por alguns “renomados”, despindo-a de “firulas e ações múltiplas”. Seu foco de ação é, acima de tudo, estratégico. Isto me fez lembrar a história das Relações Públicas e como o mercado foi obrigado pelas suas prioridades a se afastar de sua plataforma de doutrinas e finalidades.

Em 30 de janeiro de 1914, o engenheiro Eduardo Lobo foi nomeado pela Light São Paulo para ser o primeiro gerente de relações públicas da empresa.  Se inicia a trajetória histórica das Relações Públicas no Brasil. Quarenta e sete anos depois, o publicitário José Rolim Valença e o administrador de empresas José Carlos Fonseca Ferreira fundaram a AAB Assessoria Administrativa do Brasil, agência de Relações Públicas que duas décadas depois foi adquirida pelo Grupo Ogilvy & Mather. A AAB foi o berço dos profissionais de RP mais reconhecidos do Brasil. Dentre eles, a bibliotecária Vera Giangrande, o advogado Carlos Eduardo Mestieri e os jornalistas Antonio De Salvo, João Alberto Ianhez, dentre outros. Em 1979, José Carlos e Rolim inauguraram as AAB RS e Brasília das quais me tornei sócia. Convivi, de perto ou de longe, com estes mestres por quase duas décadas. Estudei seus cases, li seus livros e trabalhei com alguns deles.

Embora suas formações de origem, todos se tornaram oficialmente relações-públicas, pois foram beneficiados pelo provisionamento e se registraram no Sistema Conferp. E fizeram escola no Brasil. A escola do planejamento, das auditorias de opinião, das ações estratégicas, dos grandes eventos e das coalizões e alianças corporativas. Esta escola, da qual me orgulho de ter pertencido com um grupo de profissionais da geração seguinte, como o jornalista Celso Barata, as RPs Sandra Martinelli, Gisela Heitzman, Elisa Prado, Suzel Figueiredo e os publicitários Rogério Ruschell e Luiz Marcio Caldas Junior, dentre outros, era uma agência sem “firulas e ações múltiplas”. Ações 100% voltadas para a administração da comunicação, construção positiva da imagem e do relacionamento dos clientes -empresas e organizações – que atendíamos.

O cenário, a partir desta década, evoluiu para uma descentralização da comunicação empresarial e, apenas para constatar, surgiram várias comunicações com seus segmentos táticos: Comunicação Interna, Publicitária, Política, de Marketing, Corporativa, Institucional, Pública etc.   Os players buscaram se adaptar às mudanças provocadas pelo contexto histórico da regulamentação e desregulamentação das profissões; ao impacto social, político e econômico da globalização na sociedade brasileira; ao recuo do emprego na indústria da mídia que ocasionou uma dispensa em massa de jornalistas, e, finalmente, ao avanço inexorável da tecnologia que está atingindo a formação dos profissionais em todos os níveis.

A comunicação vem sendo vista como um investimento imprescindível nas organizações. Sua demanda tem crescido muito no mercado. Principalmente a demanda pela visão de conjunto, visão própria do generalista ou da comunicação integrada. O conjunto de habilitações nos vários setores alcançados pela comunicação. A volta do comunicólogo, aquele profissional                                      “ versado” em todas as habilitações da Comunicação Social e que sabe buscar o momento em que uma campanha publicitária institucional ou promocional é importante, ou um trabalho de relações com a mídia ou comunicação interna é a prioridade. Ou ainda, quando todos juntos são necessários.

Agora tenho notado movimentos de valorização das relações públicas, principalmente pelos profissionais mais jovens, mas já com alguma bagagem e experiência. Isto quer dizer que estão amadurecendo num ambiente tão favorável quanto o nosso era. Isto quer dizer que estão entendendo a profissão que praticam. E sua importância. Por isto, este é o momento apropriado para os profissionais das principais habilitações do campo da Comunicação Social apararem várias arestas, “sem firulas e múltiplas ações” e entenderem que o mercado deseja o profissional multidisciplinar, mais preparado para atender suas necessidades, independente desta ou daquela habilitação ou especialidade de origem. Engenheiro, administrador de empresas, bibliotecária, jornalista, publicitário, advogado e relações públicas já provaram que a demanda atual do mercado é a de um profissional estratégico e polivalente para gerenciar a comunicação das organizações.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Lala Aranha

Conselheira da gestão eleita do Conrerp Rio de Janeiro (2016-2018), foi presidente do Conrerp na gestão 2013-2015. É professora convidada do MBA de Comunicação Empresarial da Estácio Rio de Janeiro; conselheira do WWF Brasil; ouvidora do Clube de Comunicação do Rio de Janeiro; colunista mensal da Aberje.com. Lançou o livro Cartas a um Jovem Relações Públicas (Ed. Elsevier 2010); foi diretora da CDN Comunicação Corporativa; fundadora e diretora da agência CaliaAssumpção Publicidade e presidente da Ogilvy RP. É bacharel em Relações Públicas pela Famecos, PUC-RS; MBA IBMEC Rio de Janeiro, dentre outros cursos no Brasil e exterior. RG Conrerp 1ª. 2965.

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