06 de março de 2025

Diálogo e narrativa: o poder do relacionamento duradouro com jornalistas

Jornalista especializado em comunicação popular e comunitária e em comunicação em crises em organizações públicas e privadas. É gerente de comunicação no Banco do Brasil.

O futuro é a forma como reagimos ao que acontece no momento presente. A reflexão é de Foucault, citado, por sua vez, nas reflexões do filósofo contemporâneo Byung-Chil Han. Empresto, aqui, esta base para poder discorrer, neste curto artigo, sobre a importância do relacionamento duradouro com jornalistas em um ambiente de comunicação cada vez mais fragmentado pelas redes sociais. Parto dessa ideia de que o futuro de uma sociedade depende de como reagimos aos acontecimentos presentes, e que a comunicação é uma arena crucial para essas reações.

A transformação estrutural dos meios de comunicação, de uma estrutura de anfiteatro para uma sem palco definido, resulta em uma percepção fragmentada da realidade. Se antes as TVs falavam para um amplo público passivo, agora temos uma comunicação desordenada e sem centro definido, com notícias embaralhadas com anúncios, memes e o que mais aparecer. Isso aumenta o desafio das assessorias de comunicação, que precisam lidar com a falta de estabilidade temporal e a “vertigem permanente de atualidade”.

A comunicação se torna uma ação fragmentada que exige repetição constante. Ou seja, um relacionamento constante e consistente com a imprensa é saudável, necessário e, por vezes, vital. Apesar da proliferação de informações nas redes sociais, as notícias produzidas por redações profissionais ainda são fundamentais para a democracia. O relacionamento constante e o diálogo com a imprensa são essenciais para transformar a fragmentação de “agoras” em narrativas consistentes, gerando continuidade temporal e racionalidade.

A sociedade, ao se deixar levar por uma comunicação onde não prevalecem os melhores argumentos, torna-se mais suscetível a fake news. A comunicação acelerada e a falta de escuta atenta levam à “desaparição do outro” e ao fim das ações comunicativas em esferas públicas.

Portanto, relacionar-se com a imprensa não é uma opção, mas uma necessidade vital para corporações, instituições públicas e atores políticos. Esse relacionamento constante e diálogo são fundamentais para moldar futuros, transformando a fragmentação das redes sociais em narrativas consistentes e ordenadas. Comunicar é ser constante, consistente, com fala ativa e escuta atenta, zelando pelo presente e moldando conscientemente o futuro.
Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Giovanni Nobile Dias

Jornalista especializado em comunicação em crises em organizações públicas e privadas e em comunicação popular e comunitária. Atua como gerente de gestão de risco de reputação no Banco do Brasil, onde também já gerenciou a assessoria de imprensa. Foi repórter na revista Piauí e em outros jornais. Palestrou sobre produção de conteúdos e sobre gestão de crises em eventos da Aberje, Campus Party, Embrapa, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e Fundação BB. É Top voice Linkedin em comunicações empresariais (2024) e já recebeu prêmios Aberje, além de prêmios de comunicação de outras entidades nos últimos 15 anos.

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