Comunicação formal ou comunicação formol?
Lá se vão décadas em que uma empresa resolvia seus problemas de comunicação criando um jornal ou revista empresarial. A sigla que da origem à ABERJE nasceu justamente disso. A complexidade das relações no trabalho, a tecnologia, a competitividade e a própria evolução da sociedade se encarregaram de mudar completamente a maneira com a qual nos comunicamos, principalmente em uma organização. Se antes o conteúdo era autoritário ou ditatorial, podemos arriscar que ele frutificou no editorial e acabou aterrissando, já há um bom tempo, no pessoal, no personalizado e na via dupla.
A comunicação dos veículos, é bom que se diga, não morreu. Ela simplesmente criou tentáculos do plano off-line para o on-line, gerando uma convivência pacífica e complementar. A questão é que a comunicação formal das empresas pautou-se nisso: nos veículos – nas mensagens escritas e publicadas. E aí ficou a imagem de que a comunicação é responsabilidade da área de Comunicação. Você já deve ter ouvido essa ladainha mais de mil vezes, então passemos o capítulo.
Nós comunicadores precisamos conseguir dar um salto quântico na comunicação formal, compartilhando responsabilidades com os líderes da organização. É fundamental estimular as competências do ouvir, do falar e do sentir naqueles que possuem equipes sob seu comando. Os riscos de uma comunicação mal feita passam a ser menores quando mais motivada e produtiva estiver uma equipe, e isso acontece com mais frequência à medida que a informação chegar com precisão e rapidez a ela. Mas como diz o pensador e consultor em Comunicação, Fábio Betti, cuidado para não transformarmos as pessoas em canais e achar que o problema está resolvido. Os canais continuam sendo os veículos formais, mais ou menos tecnológicos; a informação, o objeto; e o fim, as pessoas, sejam elas líderes ou liderados.
É fato que queremos seguir publicando notícias, estimular a participação e a opinião, mas a legitimidade disso só encontrará o seu nirvana quando o líder aprender e ensinar que isso se faz primeiro pessoalmente, olho no olho, de maneira coordenada com as necessidades que a empresa tem de dividir suas boas novas, mas também suas preocupações, lidando com as competências pessoais que levem o time à satisfação e a melhores resultados. Conservar em si mesmo a informação relevante para o bom andamento dos negócios e ignorar que uma relação humana e construtiva depende do diálogo, é manter o passado ainda vivo.
E aí, líder, vai continuar deixando o seu trabalho para a área de Comunicação?
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