A melhor profissão do mundo

A definição do título é de Gabriel García Márquez para o jornalismo, profissão que o escritor colombiano abraçou após abandonar a faculdade de Direito, ainda na juventude. Sem esforço, no entanto, poderia ser estendida para designar as funções do atual comunicador, hoje uma das mais completas e desafiadores, graças à ebulição do mundo atual, que faz da habilidade de transmitir informações e se relacionar com seus diversos públicos um diferencial competitivo das empresas e instituições.
Estabelecer-se com sustentabilidade neste mercado, contudo, constitui um desafio para agências de comunicações e profissionais. Tão claro como a necessidade da comunicação para as corporações existe a de formar comunicadores qualificados para atender as novas demandas de relacionamento e estratégia das empresas num mundo em contínua transformação. Essa situação tem provocado visíveis tendências no mercado de empresas de comunicação, a principal delas, uma irreversível concentração, verificada mais fortemente a partir dos anos 80.
Recente pesquisa da área mostra que dos anos 80 para cá, as dez maiores agências de comunicação no Brasil detêm as contas e mantêm especialistas profissionais à frente de cargos de coordenação de estratégias das 120 maiores empresas – muitas delas globais – instaladas no país. Ao mesmo tempo, num segmento menor e diferenciado, estão os artesãos da comunicação, instalados em pequenos negócios com o perfil de boutique. Apostando na qualificação e na excelência dos serviços, os artesãos da comunicação optam por serviços diferenciados e, cada vez, em consultorias específicas, como gestão de crises e coaching de grandes executivos ou empresários. Entre estes dois extremos convive uma grande massa de empresas pequenas e médias, com desempenhos oscilantes e longe de manter protegida a sustentabilidade do negócio.
Reputação e identidade
Este panorama faz cair por terra uma visão equivocada da existência de um eldorado chamado comunicação corporativa, propalado por alguns segmentos. Apesar de reunir profissionais das mais diferentes áreas e especializações – o que academicamente chamamos de mestiçagem – o índice de empregabilidade destes profissionais não é um argumento capaz de justificar, sozinho, a opção pela área. O ponto de convergência das visões, no entanto, está na ênfase à especialização e qualificação dos profissionais de comunicação, na linha de frente dos impactos das mudanças de paradigmas impostas pela revolução tecnológica e da famigerada e inexorável globalização.
Outro ponto comum é reconhecimento da essência humana, dinâmica, criativa e harmonizadora da função do comunicador. Gary Grates, consultor internacional da Edelman e ex-gerente de comunicação corporativa do grupo General Motors, sintetizou durante palestra recente aos alunos do Curso Internacional de Comunicação Corporativa, realizado em parceria pela Aberje e Syracuse University: ‘Our job is about people and about think’. Ou, nosso trabalho diz respeito a pessoas e a pensar.
Por isso, ressaltou a citação de Proust que pode ser a chave da questão: ‘A verdadeira arte da descoberta não está em achar novas coisas, mas enxergá-las de maneira diferente’. Eis o desafio: ver o mundo com novos olhos. No Brasil, esta visão precisa ser absorvida: não só pelas empresas, que precisam investir mais na formação dos seus profissionais, mas pelas escolas e, sobretudo, pelos profissionais na busca do conhecimento, reflexão e transformação constante, como está a exigir de todos o mundo da revolução tecnológica. Afinal, o que é o comunicador senão um educador altamente qualificado, um profissional que lida com idéias, valores, com a reputação, imagem e identidade? Por isso, é uma profissão que pode ser definida como a melhor do mundo. Como o jornalismo, renova-se a cada dia. Tem a dimensão do mundo e da nossa época.
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