03 de fevereiro de 2022

Apesar de incertezas para o ano, treinamento e formação de funcionários é investimento prioritário para 90% das empresas

A pesquisa “Agenda 2022” da Deloitte, com apoio da Aberje, mapeou as expectativas e prioridades dos líderes empresariais para o ambiente de negócios brasileiro com quase 500 organizações, que faturam juntas o equivalente a 35% do PIB nacional
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A pesquisa “Agenda 2022” da Deloitte, com apoio da Aberje, mapeou as expectativas e prioridades dos líderes empresariais para o ambiente de negócios brasileiro com quase 500 organizações, que faturam juntas o equivalente a 35% do PIB nacional

Em evento online, a Deloitte realizou no dia 1 de fevereiro o lançamento da pesquisa “Agenda 2022”, que contou com apoio institucional da Aberje. Na abertura da live, o líder de Market Development da Deloitte, João Gumiero, ressaltou que o objetivo do estudo foi levantar as prioridades e as expectativas dos líderes empresariais para o ambiente de negócios brasileiro, ao coletar respostas de cerca de 500 organizações de diversos setores que faturam juntas o equivalente a 35% do PIB nacional. Os resultados da pesquisa foram apresentados por Giovanni Cordeiro, economista da Deloitte e responsável técnico pela pesquisa. Na sequência, três painéis de discussão com líderes de entidades representativas do mercado e que apoiaram na divulgação do estudo. 

Movimentos para o avanço da ESG

Na era digital, a Comunicação tem sido cada vez mais importante no desenvolvimento dos processos de governança corporativa, até mesmo no que se refere à ampliação das questões de impacto social, mas nem todas as organizações fazem Comunicação com todo o potencial que poderia ser feito. Esta é a opinião da professora da Escola Aberje e representante da Aberje na secretaria executiva da Plataforma Ação para Comunicar e Engajar da Rede Brasil do Pacto Global, Natália Tamura, que participou do painel “Movimentos para o avanço da ESG e da governança corporativa” no evento. 

Em sua visão, uma das grandes discussões é quando não se distingue o que é discurso, quando voltado para a sustentabilidade e o que é narrativa. “Os discursos são constituídos por significados, são posicionamentos coletivos. É muito comum vermos discursos eloquentes no mercado, mas que muitas vezes não refletem aquilo que a empresa tem como narrativa, porque a narrativa exige que a empresa se coloque nesse tempo e nesse espaço”, disse. 

Natália Tamura

“Quando se fala em ESG e sustentabilidade é muito importante que isso se reflita naquilo que não são processos completamente distintos – são tanto discursos quanto narrativas, são processos separados – mas que são marcados por um elo de continuidade, eles caminham juntos”, acentuou.

De acordo com ela, as organizações não podem discursar aquilo que é conveniente. “Isso é o que vemos tão facilmente nos relatórios de sustentabilidade: grandes ações divulgadas mas não necessariamente no detalhe. Como que se faz acontecer? Em que sentido isso legitima de fato uma relação? Em que sentido isso potencializa de fato um posicionamento sustentável?”, provocou Natália. “Acredito que tocar nessas questões é sim discutir sustentabilidade e isso vai dizer sobre a forma como essa empresa comunica, de fato”.

Principais preocupações e prioridades do empresariado brasileiro

A pesquisa da Deloitte aponta que a maior parcela das empresas acredita que a atividade econômica no país em 2022 terá desempenho estável ou fraco. A evolução do processo eleitoral/movimentações do cenário político que podem trazer volatilidade ao mercado é a principal preocupação do empresariado brasileiro ao longo do ano (68%); instabilidades políticas (65%); inflação acima de 5% (61%) e a alta dos juros (50%). 

 

Como o setor público pode ter uma agenda próspera para que o ambiente de negócios seja positivo? De acordo com o estudo, em termos econômicos, o governo pode ajudar a partir do estímulo à geração de empregos e mantendo a meta de inflação abaixo de 5%; em termos de empreendedorismo, o apoio e incentivo às micro e pequenas empresas e à transformação digital no país e, nas questões de impacto social, a pesquisa mostra que a educação aparece como um desafio das empresas na busca por profissionais qualificados, além de saúde e segurança pública. 

Do lado da gestão pública, a Reforma Administrativa também teve destaque, na questão de regulamentações a Reforma Tributária para 2022, além de questões que envolvem a legislação trabalhista, a absorção do impacto da Covid-19 no formato do trabalho, a legislação ambiental e questões que envolvem ataques cibernéticos também são prioridades que surgiram dos apontamentos das empresas na pesquisa. 39% das empresas disseram que sua indústria precisa de revisões ou novas regulamentações.

Mão de obra qualificada e qualificação tecnológica

A maior parte das empresas, de acordo com a pesquisa da Deloitte, deve manter ou aumentar investimentos em tecnologia e capacitação de profissionais como forma de responder à transformação digital e garantir a sustentabilidade do negócio. 

Investimento em capacitação tecnológica e profissional refletem uma lacuna em Educação, a principal demanda social do empresariado para o setor público. Entre os investimentos, o maior desafio é a busca de mão-de-obra qualificada e a necessidade de investimento e de treinamento e formação de funcionários aparece com o percentual de 90%; a necessidade de inovação para manter a competitividade do negócio com o lançamento de novos produtos/serviços (85%); ampliação em pesquisa e desenvolvimento (70%).

Em termos de qualificação tecnológica, a pesquisa aponta que 96% vão aumentar ou manter os investimentos nessa área. “O interessante é que 78% das empresas vão direcionar esses treinamentos em tecnologia para diversas áreas; ou seja, a necessidade de qualificar as pessoas em tecnologia não está restrita apenas à área de tecnologia, ela expande em outros departamentos da empresa”, destacou Giovanni Cordeiro.

Nesse sentido, 96% das empresas pretendem investir em aplicativos, sistemas e ferramentas de gestão, assim como em infraestrutura; 95% em gestão de dados e em segurança digital, assim como investir em customer marketing (81%), em atendimento o consumidor (78%) e canais de venda online (71%). “Se a empresa não tem um nível maduro de segurança digital, de proteção, isso vai impedir que ela possa ampliar investimentos de tecnologia em outras áreas”, ressaltou.

Quanto à P&D, 75% das organizações respondentes investirão em pesquisa e desenvolvimento e quanto a ações de inovação realizadas em parcerias com outras instituições, 58% delas apoiam as empresas no tocante ao treinamento de equipes. “De novo aparece aqui a necessidade de qualificar e de formar pessoal e aí as empresas buscam essas parceiras para apoiar a qualificação dos seus profissionais”, salientou.

Para que os projetos de capital saiam do papel, quais os desafios que não deixam que se tornem viáveis? Entre os itens apontados pelas empresas participantes da pesquisa da Deloitte aparecem a volatilidade do mercado; a imprevisibilidade de receitas; o custo de captação para financiamento; a imprevisibilidade dos resultados e a falta de mão-de-obra qualificada. “Independente dos desafios e do cenário para 2022, as empresas precisam investir em tecnologia e em capacitação de seus profissionais para manter o seu negócio competitivo”, destacou o economista.

 

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