08 de julho de 2022

Aberje Trends 2022: Diversidade e inclusão exigem mudança de mindset e engajamento de líderes

Painel da 6ª edição do Aberje Trends reuniu representantes de empresas de diversos setores para discutir questões ligadas à diversidade, governança e transparência

Painel da 6ª edição do Aberje Trends reuniu representantes de empresas de diversos setores para discutir questões ligadas à diversidade, governança e transparência

A atitude da alta liderança é fundamental para que as corporações tornem-se progressivamente mais inclusivas e transparentes, criando ambientes de fato diversos e em prol da boa governança corporativa. Essa foi uma das principais conclusões do debate “Governança Corporativa, Diversidade e Transparência”, ocorrido nesta quinta-feira (23) no segundo dia da 6ª edição do evento Aberje Trends, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

O painel contou com a participação de Gabriela Blanchet, membro do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e presidente do IBDEE (Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial), Malu Weber, diretora executiva de Comunicação Corporativa da Bayer, Leandro Provedel, gerente Corporativo de Comunicação e Marca da Engie Brasil, e Roberta Kuruzu, Gerente Executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Ypê.

“O apoio da alta liderança é fundamental para que as iniciativas progridam, principalmente nas questões ligadas à diversidade, inclusão e boa governança corporativa. Para [o ambiente] ser inclusivo, é preciso fazer com que todos sintam que pertencem àquele lugar”, afirmou Gabriela Blanchet. 

A executiva ressalta que, ainda hoje, muitos profissionais nas empresas não se sentem confortáveis para serem o que são, principalmente em cargos de liderança. “O que se vê é uma narrativa das empresas ainda muito desconectada da prática. Os departamentos de comunicação precisam ficar atentos a isso e estar muito alinhados aos demais setores. Muitas vezes também há um desejo de comunicar algo que não existe. É melhor comunicar que ainda não tem, mas que se está trabalhando para mudar, do que comunicar algo que não é real”, alertou ela.

Na visão de Gabriela, o “turbilhão” de mudanças vividas recentemente exige uma mudança de mentalidade. “Isso inclui não somente a pandemia de Covid-19, mas questões como recessão, mudanças climáticas, colapso da biodiversidade. Há uma grande necessidade de mudança de mindset, principalmente quando pensamos nas corporações, que são peças tão importantes na economia”, defendeu no debate.

Para ela, o novo perfil do consumidor demanda que as empresas se posicionem, pois a sociedade hoje cobra uma postura coerente das corporações, e escolhe consumir produtos de marcas com as quais se identifica. “Por isso as empresas se preocupam tanto com essas questões, porque isso gera lucros inclusive”, resume.

Diversidade não é mais opção

Hoje a diversidade e a transparência não são mais opcionais, e todos os debatedores concordaram com esse ponto. “Lidamos hoje com consumidores a cada dia mais atentos, protagonistas, e que não vão aceitar qualquer discurso”, afirmou Malu Weber, da Bayer.

Para a executiva, é preciso fazer com que as pessoas entendam a importância da diversidade, por que é preciso promover essas mudanças. “Quando falamos em diversidade e inclusão, precisamos pensar em quatro pilares: intenção, ter compromisso, metas, e que seja um valor inegociável; coerência, “walk the talk”, ter um discurso coerente com a ação; consistência, ter humildade e aceitar que estamos engatinhando nesse processo, e que iremos errar; evidência, mostrar o que está sendo feito na prática para melhorar”, listou a diretora de Comunicação da Bayer. 

“Nós, da comunicação, temos o papel de ser um farol, de guiar o caminho, de garantir que os valores sejam inegociáveis. A diversidade é um valor, ou seja, não é negociável. Então, é uma jornada, é demorada, mas é um caminho sem volta e precisamos avançar. Ainda precisamos progredir muito, mas é um conforto estar em uma casa corporativa que entendeu seu papel e sabe que ainda existe muito a ser feito”, acrescentou Malu.

Na visão de Leandro Provedel, da Engie Brasil, “mudar a cultura da empresa sem dúvida é crucial para promover a diversidade”. “Quem sabe um dia nem precisaremos mais dessas iniciativas, pois já seremos diversos. Mas, por enquanto, é fundamental para fazer com que a diversidade e inclusão de fato aconteçam internamente”, argumentou o executivo.

Transparência x Diversidade

Assim como o tema da diversidade, transparência é outro elemento fundamental, para o qual as empresas de todos os portes e segmentos devem estar cada vez mais atentas.

“A transparência é uma pré-condição, fazendo uma analogia, é quase como segurança do trabalho. Mas quero levantar um questionamento: quantos de nós nos sentimos confiantes o suficiente para ser transparentes e autênticos dentro da nossa empresa, e o quanto nossa transparência  pode fazer com que a organização seja mais diversa e inclusiva?”, perguntou ele à plateia.

Agindo assim, na visão de Leandro, cada um toma a responsabilidade para si mesmo e passa a olhar os outros ao seu redor de outra forma, com mais empatia. “Já ficou claro que a diversidade não é uma opção, é um caminho ‘sem volta’”, acrescentou.

Roberta Kuruzu, gerente de Sustentabilidade da Ypê, ressalta que a transparência sempre fez parte da visão, missão e valores da companhia. “Na Ypê, a transparência sempre fez parte da nossa realidade e do nosso dia a dia, em todos os sentidos, até mesmo nas características dos nossos produtos, pois fomos a primeira empresa a lançar no mercado o detergente líquido transparente”, lembrou.

Transparência x fake news

Em relação às fake news, Gabriela Blanchet ressaltou que a transparência proativa é a melhor ferramenta para combater os boatos e notícias falsas. “Em época de fake news, é muito arriscado e perigoso não ser transparente”, alertou ela.

Leandro relatou uma forma criativa e inusitada que a Engie encontrou de exercitar a transparência, criando, em 2020, um hub de conteúdo proprietário, chamado Além da Energia, dentro da estratégia de “brand publishing”.

“O hub está há dois anos no ar, com audiência relevante e conteúdo de qualidade e hoje tem autoridade e é respeitado pelo mercado. Nos tornar publisher permite combater as fake news sobre a Engie e sobre o setor em geral, pois publicamos nossa versão em um site de conteúdo jornalístico, prestando serviço de curadoria e oferecendo a informação confiável para nossa audiência”, comemorou o executivo.

 

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