08 de outubro de 2018

Aberje, eleições e guerra de narrativas

A Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial não apoia ou participa, em nenhuma hipótese, de plataformas político-partidárias. A entidade e sua ampla, diversa e poderosa rede de associados têm na democracia, na livre iniciativa e na plena liberdade de expressão seus valores mais caros.

É neste espírito que, no dia em que completa 51 anos de atividades, a Aberje vem a público para congratular os eleitores, que, como deve ser, foram pacificamente para as urnas ontem (07) com a certeza de que esse é o único caminho aceitável para promover as mudanças que a sociedade brasileira tanto precisa. As instituições, por sua vez, também devem ser louvadas porque estão em plena funcionalidade.

A situação de absoluta normalidade do processo eleitoral não deve, claro, esconder a inegável tensão que se instalou no seio da sociedade devido à forte crise econômica, política e ética que nos enreda há alguns anos. Essa crise acentuou desigualdades inconcebíveis e aumentou de forma assustadora o clima de insegurança e violência em que todos nós vivemos hoje, especialmente nos grandes centros urbanos.

Contribui ainda para acentuar essa tensão – e aí entramos no território da comunicação – uma descomunal guerra de narrativas. Este tipo de guerra não é uma novidade e tampouco um mal em si. Narrativas utilizadas como armas para conquistar mentes e corações sempre estiveram presentes nos momentos mais críticos da história humana. A diferença agora é a desproporção quantitativa em que essa guerra se dá devido à tecnologia digital e, mais relevante ainda, à flagrante ausência de limites éticos, que, de resto, é comum até nas guerras mais pérfidas.

Somados os fatores quantitativos e qualitativos, a atual guerra de narrativas transformou-se em um vale-tudo que beiraria à comicidade não estivesse mais próximo de flertar com a tragédia. Mentir, compartilhar a mentira, destruir reputações, enganar, descontextualizar. Tudo isso entrou para a rotina das redes sociais em uma marcha insana que afeta sobremaneira os relacionamentos, em um espectro que vai desde as relações familiares, as relações entre organizações e seus públicos de interesse, entre sociedade e as instituições.

Os comunicadores – seja nas empresas, na academia e na imprensa – têm se esforçado para criar mecanismos e processos de combate ao grande combustível dessa guerra, a saber, as notícias falsas (as chamadas fake news). Esse combate, por meio de rigor nas apurações, checagem, protocolos clássicos da produção de informação qualificada devem ser, mais do que nunca, intensificados e fortalecidos.

Os comunicadores devem ser os guardiões mais inflexíveis da possibilidade de divergirmos com lealdade, honra e boa-fé. É um dos escudos necessários para proteger a democracia brasileira de qualquer tipo de ameaça, esteja ela à direita, à esquerda ou até mesmo no centro.

Cabe ir com esse espírito ao mesmo tempo pacífico e combativo ao segundo turno das atuais eleições. Tendo os princípios democráticos prevalecidos, cabe a aceitação dos resultados e a manutenção, dentro das regras republicanas, dos direitos de divergência e oposição exercidos com base na boa comunicação e respeito nos relacionamentos.

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