28 de fevereiro de 2020

Mercado de trabalho e racismo institucional são os temas urgentes da população preta e parda segundo a pesquisa realizada pelo Google Brasil, em parceria com a Mindset-WGSN e o Instituto Datafolha, no fim de 2019.

A pesquisa, além de buscar entender o que pensa a população negra do país – quase 60% dos brasileiros – sobre suas urgências e realidades, também ressalta o grande desafio na diversidade das empresas, seja na contratação, na inclusão ou nas posições de comando ocupadas.

O mundo empresarial, cada vez mais dinâmico e inovador, ainda apresenta um baixo coeficiente de negras e negros contratados. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 64,3% são pretos ou pardos entre os 12,8 milhões de desempregados no país, o que equivale a 8,2 milhões de brasileiros. Dois, em cada três desempregados do país, são afrodescendentes. Esses índices são ainda mais agravantes quando olhamos para a população jovem de forma geral: um em cada cinco não consegue emprego.

É certo que diante desse contexto global, as empesas são desafiadas a aplicar princípios éticos e a responsabilizar-se pela busca de uma sociedade mais inclusiva e humana. A inclusão é um imperativo ético capaz de impulsionar a competitividade. A diversidade promove ambientes melhores e mais equilibrados, criativos e inovadores. A pluralidade de gênero, raça, opinião e cultura amplia as perspectivas e os pontos de vista para as tomadas de decisão.

Quando se trata da população jovem, a raça é um fator que precisa ser abordado, no sentido de garantir aos jovens o seu desenvolvimento pessoal e profissional com vistas a não só inseri-los no mercado, mas também de ser um agente na contribuição de um ambiente inclusivo.

Para que isto aconteça é fundamental o engajamento de jovens, empresas e instituições que acreditem na necessidade de ampliar a representatividade negra para a construção de uma sociedade cada vez melhor.

Programa de Inclusão de Negras e Negros no Mercado de Trabalho

O Sistema Fiep, ciente da sua contribuição para o desenvolvimento sustentável da sociedade paranaense, garantindo equidade social e respeito à diversidade, busca mobilizar, envolver e preparar o setor industrial para o alcance das metas estabelecidas pela Agenda 2030.

Enquanto signatário dos princípios do Pacto Global, mobiliza e apoia as empresas paranaenses a construírem ambientes voltados à promoção da diversidade, discutindo como é possível e viável tornar o ambiente corporativo mais receptivo a todos.

Aliado a esses compromissos e com foco na promoção da competitividade e produtividade nas indústrias, lançou o programa de Inclusão de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho, a fim de desenvolver e potencializar competências profissionais e sociais de jovens de 17 a 21 anos para inserção e ascensão no mercado de trabalho formal.

Além das competências técnicas, as chamadas hard skills, os jovens também trabalharão as soft skills, como relacionamento interpessoal e a ética profissional, protagonismo juvenil, cidadania ativa, diversidade, autoconhecimento e autoestima.

A empregabilidade desses jovens será realizada em parceria com empresas. Para isso, busca sensibilizar o setor acerca da importância do fomento à diversidade racial como motor para o desenvolvimento sustentável, para a inovação, e, sobretudo, para a criação de oportunidades de inserção e desenvolvimento desses jovens no mercado de trabalho.

O projeto está pautado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que alinha seus objetivos a desafios práticos e mensuráveis para promover o trabalho decente e o crescimento econômico inclusivo (ODS 8); para reduzir a desigualdade, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos (ODS 10); para acabar com todas as formas de discriminação (ODS 5); e para a erradicação da pobreza (ODS 1); objetivos diretamente relacionados com a inclusão da população negra no mercado de trabalho.

Ao olhar para esses ODS como uma oportunidade para responder aos desafios da população negra, a distância entre o que de fato importa para essa população e o que vem sendo discutido e realizado será cada vez menos, impactando, assim, na capacidade da sociedade se preparar para melhor atender às exigências do mundo corporativo.

E então, qual é a cor da sua empresa?

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Fernanda Favoratto Martins

Fernanda Favoratto Martins é Jornalista, Especialista em Comunicação Política e Imagem, Planejamento e Gestão de Negócios e Educação Ambiental e Sustentabilidade. Analista de Negócios Sênior no Sesi no Paraná. Possui experiência em relatório de sustentabilidade GRI, responsabilidade socioambiental, desenvolvimento local e educação transformadora em sinergia com a indústria, comunidades, escolas entre outros atores dispostos a desenvolver ações em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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