Que saudades do Shell Responde!
Certamente o pessoal da “velha guarda” lembra bem do Shell Responde. Uma cartilha que quando se tirava a carta de motorista se recebia de brinde. Esta carta representava muito: sinônimo de liberdade, maioridade e independência. O Shell Responde, famoso por fornecer orientações a motoristas e consumidores, foi lançado em 1982 e ficou no ar até 1994. Foram 29 fascículos para esclarecer dúvidas dos motoristas. Todas as edições tinham um belo filme institucional criado pela Standard Ogilvy. O meu preferido foi “Que Chuva, né”, acompanhando da cartilha “Como dirigir na chuva”. Hoje as coleções do Shell Responde são comercializadas ou trocadas nos sites. Também estão em sebos e naqueles ambulantes que distribuem achados de segunda mão pelo chão.
Dias destes, estava com minha neta em Copacabana e passei por uma “coleção” do Shell Responde na calçada, quase em frente ao TRE de Copacabana, para onde nos dirigíamos. Ela para tirar seu primeiro título eleitoral. Eu para trocar o endereço eleitoral. Comprei os atualíssimos “Álcool e Direção” e “Motoristas e Pedestres”. Fomos atendidas e na saída ela me demonstrou que tem consciência da importância do título e do voto. E com os exemplares do Shell Responde na bolsa, me perguntei por que o Tribunal Eleitoral não se preocupa em formar estes jovens quando tiram seu primeiro titulo. Porque não fazem do titulo eleitoral um alvo de desejo e não uma obrigação. E do voto um ato de cidadania verdadeira.
As campanhas se limitam a ensinar a votar ou como tirar o título. Com estes objetivos funcionam porque as veiculam em mídia compatível para os jovens. Além dos meios tradicionais, como vídeo para TV, spot de rádio e cartazes, a campanha disponibiliza os chamados “memes” para serem compartilhados em redes sociais como o Facebook, o Twitter e o WhatsApp. No Rio de Janeiro, convocados por estas mídias, os jovens de 16 e 17 anos mostraram que estão dispostos a participar das eleições municipais. Somente no primeiro dia da campanha nacional, 1.802 adolescentes foram aos cartórios eleitorais, um crescimento de 125% em relação ao mesmo dia da semana anterior. Então os jovens já sabem como votar e a obrigatoriedade e utilidade do título para sua vida profissional. E as penalidades para quem não votar. Mas poucos sabem em quem votar. Em quem eleger para decidir o destino do país.
Muitos pesquisam na família, colegas e professores, nomes de candidatos para dar seu voto. E aí é que eu acho que o TRE é falho. Porque não tem respostas para o voto consciente. Uma das campanhas do TRE em 2014 chamava em negrito e caixa alta. “Vem pra Rua”, estampando um jovem de “cara” pintada em dia de passeata. E lá no fim do anúncio, em caixa baixa e já quase saindo do enquadramento vinha a frase “Aos 16 anos, você já pode decidir o futuro do país”.
Hoje, muitos jovens me cobram a postura daqueles “representantes do povo” que vimos na Câmara dos Deputados quando da decisão de levar adiante o impedimento da presidente. Também me perguntam como a corrupção navega com esta displicência pelos quadros políticos. Minha resposta principal é sempre a mesma. Estas pessoas foram eleitas por nós. Eu já votei muito mal. Também já aconselhei ou pedi votos. E confesso que até então, poucas vezes fui verificar o passado deste candidato, sua plataforma, e se seu posicionamento se alinhava com o meu. Ou o que fizeram com meu voto. E assim como eu, conheço muitos que fizeram o mesmo.
Mas nesta eleição que chega e na próxima que virá, vou fazer a lição de casa e valorizar meu voto. Vou pregar esta postura para todos que eu puder alcançar. Não sugerindo nomes, mas sugerindo onde buscar informações e pesquisar sobre os candidatos. Mas o TRE poderia fazer uma campanha transparente, falar da famosa “Ficha Limpa” e dar outras informações esclarecedoras para ensinar os jovens, e porque não, os adultos, a votar com consciência. Seria uma bela demonstração de Relações Públicas alinhada ao que acontece hoje no país. Ou seja, criar um TRE Responde.
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