Diálogo ou duelo?

Publicado originalmente no LinkedIn, em 28 de setembro de 2015
Algumas situações as quais tenho presenciado levam-me a acreditar que não está sendo fácil para as pessoas se entender. O que será que tem ocorrido para que simples conversas acabem em tensas disputas por ideias e pela satisfação de ver seu ponto de vista prevalecer, ainda que as do outro sejam mais consistentes? O que aconteceu com o “prefiro ser feliz do que ter razão?”. Já percebeu como temos nos equivocado? Intuiu em algum momento que o esforço que estamos fazendo para influenciar o outro pode ser efêmero? Por acaso você já chegou a abandonar alguma “batalha” por acreditar que não valia a pena lutar por ela? Já deu vontade, mas a vontade de se impor falou mais alto? Vamos ver: quanto tempo do seu tempo dedica a resolver conflitos? E quanto desse tempo é perdido por sentir-se absolutamente incapaz de fazê-lo? No fundo, muito da produtividade das pessoas está sendo perdida porque elas seguem não colocando os interesses comuns à frente de seus próprios interesses. Aprendemos a tentar fazer valer o que pensamos e essa “razão” pretensamente nos coloca em alguma vantagem. O ego é capaz de nos levar para cima como um foguete, mas não nos prepara para a reentrada, ou seja, a realidade. Tem nos faltado o exercício da ponderação, da contemplação e do reconhecimento sobre a opinião alheia como uma possível escolha. O desejo de ter razão embaça a visão dos que acreditam ter em mãos verdades absolutas. Vivemos hoje uma crise no diálogo, pois simples confrontos de ideias estão se transformando em duelos. Antes de seu sucesso com Blade Runner, o diretor Ridley Scott lançou um filme chamado Os Duelistas. O enredo trata de dois personagens que durante quinze anos se encontraram meia dúzia de vezes para duelar. Tentam se matar sem mesmo ter certeza do motivo que os leva a isso. Mais ou menos como na vida real, o filme apresenta três resultados possíveis: a eliminação dos dois; de apenas um ou ainda a possibilidade de ambos sobreviverem. Em qualquer uma delas não há hipótese para o acordo, uma vez que fica clara a persistência pelo confronto.
Na natureza humana, a arte de vencer o oponente ainda parece valer mais do que a crença de que é possível construir com ele uma nova e próspera verdade. Para resolver a contenda, já dará um passo enorme aquele que decidir jogar suas armas fora e colocar-se em uma posição de abertura, disposição e motivação para outro nível de debate.
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