Away, da Netflix, e os dilemas corporativos no espaço
Uma das novidades do streaming é Away, produção exclusiva da Netflix sobre a primeira expedição à Marte. O sonho de pisar no planeta vermelho é o pano de fundo dessa ficção que trata de desafios bem conhecidos do mundo corporativo. Listei abaixo três dilemas bem atuais, tomando cuidado para não dar spoiler.
1) Diversidade
Para começar, o time de astronautas é liderado pela americana Emma Green, interpretada por Hillary Swank, e conta com outros quatro participantes: um indiano, uma chinesa, um russo e um africano criado no Reino Unido. Além da cultura, cada tripulante tem, obviamente, experiências e história diferentes. Adicione a essa equação o fator político, que demanda ainda mais jogo de cintura da equipe no espaço e no centro de comando de voos da Nasa, em Houston. O seriado mostra bem como a colaboração e a inovação são os efeitos colaterais mais positivos da diversidade, que exige diálogo, empatia, curiosidade e agilidade emocional para trabalhar diferenças e divergências.
2) Necessidade de Certeza
Todo mundo já sabe que, mesmo com toda a disponibilidade de dados, o mundo se tornou mais complexo, mais volátil, mais ambíguo e mais incerto. No espaço, em uma expedição inédita, não é diferente. O grau de imprevisibilidade e incerteza é altíssimo. Para aumentar a emoção, cada episódio de Away traz um conflito central, provocado por desafios técnicos e humanos. Não há dúvidas: tanto na ficção, quanto na vida real, a necessidade de certeza e segurança, que nosso cérebro tanto gosta, é passado. Investir em equipes diversas para alavancar a criatividade e a inovação é uma das respostas. O seriado mostra que intuição, autoconfiança e fé não podem ser discriminados.
3) Liderança humana
A humanização das organizações é um dos temas mais discutidos no momento, mas será que estamos preparados para líderes que demonstram realmente emoções, incluindo aquelas que rotulamos como negativas, como medo e tristeza? Esse aspecto é explorado no seriado de várias maneiras: na ascensão feminina à liderança; no conflito vivido por mães e pais que priorizam a carreira; na reação da liderança ao estresse e ao caos; e, claro, no gerenciamento da equipe.
Away, que conta com 10 episódios de pouco menos de uma hora de duração, também trata de competição interna, propósito, fofocas, segurança psicológica do time e isolamento social.
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