24 de setembro de 2016

Clima de trabalho e comunicação interna.

O clima de trabalho fica impregnado pela energia das pessoas e nosso trabalho, nossa produtividade também é influenciada para o bem ou para o mal por essa energia. Os sentimentos que as pessoas experimentam impactam no conjunto geral do trabalho. Somos energia em movimento

Você já entrou em empresas cujo “astral” estava para baixo? Já sentiu arrepios ao entrar em salas de reuniões? Teve dor de cabeça logo após um almoço no área de convivência do escritório? Pois é, o tal clima de trabalho não é apenas uma lista de questões construída por alguma consultoria especializada para confirmar se o ambiente de trabalho é bom ou ruim. O clima de trabalho é feito principalmente pela ENERGIA das pessoas, de seus companheiros de trabalho, dos chefes e dessa interação diária permanente.

Nessa análise aparentemente esotérica, cujas tabelas de Excell não vão conseguir monitorar nem medir, podemos ter a certeza de que a energia positiva ou negativa das pessoas no local de trabalho podem afetar profundamente a qualidade dos relacionamentos. O clima de trabalho fica impregnado pela energia das pessoas e nosso trabalho, nossa produtividade também é influenciada para o bem ou para o mal  por essa energia. Os sentimentos que as pessoas experimentam impactam no conjunto geral do trabalho. Somos energia em movimento e nós nem precisamos falar para transmitir essa energia para os outros. Gestos e olhares estão carregados de sentimentos e energias que se espalham pelo ar. Empresas que trabalham com situações de risco sabem muito bem disso e nas suas unidades industriais praticam, a cada troca de turno, encontros rápidos entre as equipes para saberem como os operadores estão se sentindo e assim identificar quem está com algum problema a fim de detectar se este sentimento pode afetar a segurança individual ou do grupo durante o trabalho.

Dois tipos negativos.

A energia humana contamina o clima de trabalho e  para o universo dos comunicadores existem dois tipos perniciosos de empregados que podem afetar diretamente o moral de toda a tropa. Um desses tipos que habitam as organizações (e nas nossas vidas privadas, com certeza) é aquela pessoa literalmente “tóxica” cujas más intenções são como uma metralhadora atirando principalmente naqueles que têm brilho próprio. De acordo com a psicóloga Patricia Ramírez: “É preciso se afastar radicalmente desse tipo de pessoas que vivem constantemente tomadas pela raiva, como se o mundo lhes devesse alguma coisa. Não suportam que os outros tenham êxito ou tenham força de vontade”.

Outro tipo extremamente pernicioso para o ambiente de trabalho é o fofoqueiro profissional, geralmente um reclamão incorrigível. Sei que todos nós temos um pouco dessa característica, mas é o limite das coisas que faz toda a diferença. O tipo “fofoqueiro do mal” é antes de tudo um falso colega de trabalho. Ele é desonesto nos seus comentários e extremamente invejoso. Com esse tipo devemos seguir uma regra valiosa, cortando o mal pela raiz. Assim que essa pessoa surgir pelos corredores ou no cafézinho com sua língua venenosa, não podemos deixar que esse tipo julgue ou ofenda outras pessoas que não estejam presentes na conversa. Lembre-se que você vai ser a próxima vítima desse mesmo fofoqueiro, um elo desagregador e negativo dentro da empresa.

O que o comunicador interno pode fazer?

A energia das pessoas pode mover montanhas ou construir barreiras intransponíveis. Pode realizar feitos extraordinários ou pelo contrário, derrubar um time inteiro de estrelas. Se o nosso entusiasmo pode ser  uma alavanca para o sucesso, o empreendedorismo, a iniciativa e a inovação, não podemos deixar que a energia tóxica de certas pessoas nos afetem. As maçãs podres devem ser eliminadas da cesta. Mas como a comunicação interna pode ajudar a reduzir o impacto negativo dessas pessoas?

Uma sugestão é criar eventos capazes de promover a energia positiva entre a equipe. Encontros mensais com palestrantes que falem sobre motivação, empatia, trabalho em equipe etc. Que tal aproveitar os bons exemplos das Olimpíadas, com tantas histórias vitoriosas de times medalhistas que souberam usar a energia coletiva em prol de grandes conquistas. Outra ação: palestras da própria equipe de CI sobre comunicação face a face, diálogofeedback e conversas produtivas. Que tal o grupo de comunicação ser uma espécie de coach de gestores e dos demais colaboradores? Programas permanentes de comunicação face a face têm o mérito de capacitar as pessoas a não se tornarem vítimas dos fofoqueiros e também tornar a organização um lugar mais saudável, no qual a energia das pessoas seja o motor da superação e do sucesso. Evidentemente, as lideranças devem dar bons exemplos nessa linha de trabalho, mas o comportamento pessoal de cada empregado é decisivo para mudar o astral dentro da empresa.

Todas as nossas ações e as nossas palavras afetam a energia e o clima de trabalho na empresa. Somos todos comunicadores fazendo parte do círculo vicioso das fofocas negativas ou, escolha nossa, fazendo  parte da rede do bem, da motivação e do alto astral no ambiente de trabalho.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luiz Antônio Gaulia

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC-Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University/Aberje. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte (PA). Atuou no O Boticário e no Grupo Votorantim. Realizou projetos de comunicação corporativa e sustentabilidade para a VALE, a Light, Petrobras, Ajinomoto e Norsul. Foi Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade do Grupo Estácio. É Diretor da Race Comunicação e professor da FGV Rio e da ESPM SP.

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