18 de dezembro de 2017

Pesquisa aponta que brasileiros querem viver muito, mas descuidam da saúde

Os brasileiros desejam envelhecer com saúde e pretendem viver até os 85 anos, em média, superando a expectativa de vida atual, que é de 75,5 anos, segundo as estatísticas oficiais brasileiras. Mas a maioria não adota um estilo de vida que contribua para alcançar esse objetivo, com exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada e cuidados preventivos. Por outro lado, grande parte da população está convencida de que esses hábitos poderiam contribuir para uma maturidade mais saudável.  Essas contradições são algumas das conclusões da pesquisa “Como os brasileiros encaram o envelhecimento – versão 2017”, um novo levantamento realizado pelo Instituto Qualibest com brasileiros de todas as regiões do País.

A pesquisa, que envolveu 703 adultos com 18 anos ou mais de idade, faz parte da campanha “Envelhecer Sem Vergonha – Qualidade de vida não tem idade”, uma iniciativa lançada pela Pfizer – empresa associada da Aberje – em 2015, com o objetivo de convocar a sociedade para uma conversa franca e bem-humorada sobre o tema.  Naquela ocasião, foi lançada a primeira edição da pesquisa. Desta vez, algumas temáticas foram acrescentadas ao levantamento, como o impacto das mídias sociais para as diferentes gerações. “As discussões sobre o envelhecimento se tornam cada vez mais prioritárias em uma sociedade que envelhece em ritmo acelerado, como é o caso da população brasileira. Uma vez que existem contradições importantes entre aquilo que o brasileiro almeja para a sua velhice e o que ele de fato faz no presente para garantir esse cenário positivo no futuro, é essencial convocar todas as gerações para um debate verdadeiro e aprofundado sobre o tema”, afirma o diretor médico da Pfizer, Eurico Correia.

Contradições

A maioria dos entrevistados, ou 92% da amostra, afirma que sente medo de envelhecer. E, para esse grupo, os problemas de saúde são justamente o aspecto mais temido quando pensam em maturidade. Por outro lado, os dados da pesquisa apontam que a minoria das pessoas ouvidas pratica atividades físicas, mantém uma alimentação saudável ou cuida da saúde de forma preventiva, hábitos que poderiam contribuir para a prevenção de doenças no futuro. Entre os jovens de 18 a 25 anos, esses cuidados são ainda menos adotados, como mostra a tabela abaixo:

Atividades que faz no dia-a-dia Total 18-25 anos 26-35 anos 36-50

anos

51 anos ou mais
Não uso drogas 80% 79% 82% 80% 79%
Mantenho-me perto da família 72% 66% 67% 72% 82%
Não fumo 71% 73% 74% 74% 62%
Cultivo amizades 68% 70% 65% 67% 72%
Não bebo em excesso 60% 53% 58% 58% 71%
Tenho um relacionamento afetivo 58% 46% 60% 71% 54%
Vivo o presente e aproveito a vida 58% 53% 58% 59% 63%
Cuido da mente (tenho pensamentos positivos, cuido do aspecto psicológico) 56% 46% 52% 59% 67%
Estudo 52% 75% 58% 45% 31%
Tenho casa própria 51% 23% 48% 59% 75%
Evito o estresse 51% 43% 50% 53% 57%
Tenho uma alimentação saudável 47% 35% 43% 47% 63%
Cuido da saúde de forma preventiva 45% 27% 42% 47% 64%
Poupo dinheiro 45% 51% 45% 41% 44%
Pratico atividades físicas 43% 39% 44% 43% 48%

Contraditoriamente, os entrevistados demonstram estar cientes de que a prevenção, a nutrição adequada e a prática de atividades físicas são fatores importantes para a manutenção da saúde vida afora. Esses foram os aspectos mais lembrados pelos participantes quando questionados sobre os elementos essenciais para um bom envelhecimento:

Como envelhecer bem Total
Cuidar de forma preventiva da saúde 42%
Ter uma alimentação saudável 36%
Praticar atividades físicas 33%
Cuidar da mente (pensamentos positivos, cuidado psicológico) 28%
Ter uma estrutura financeira 19%
Não usar drogas 18%
Manter-se perto da família 18%
Não fumar 17%
Evitar o stress 13%
Ter um relacionamento afetivo 11%
Viver o presente e aproveitar a vida 11%
Poupar dinheiro 10%
Cultivar amizades 10%
Não beber em excesso 8%

Os dados apontam, ainda, que para os entrevistados o aumento da longevidade está fortemente atrelado ao progresso da medicina.  Ao listarem os motivos que estariam auxiliando as pessoas a viver mais, os participantes identificaram quatro aspectos relacionados a esse segmento:  a melhora na medicina preventiva, como as vacinas (40%), o avanço em medicamentos (38%), a evolução no tratamento de doenças graves (36%) e nos equipamentos de diagnóstico (27%).

Receios e expectativas

Os problemas de saúde foram mencionados por 70% dos entrevistados que temem o envelhecimento como o principal motivo de receio em relação à maturidade, mas há outros fatores associados a esse sentimento. As limitações físicas, destacadas por 64% dos entrevistados, e os problemas com a memória, ressaltados por 55% do público, também chamam a atenção.

O medo da solidão, mencionado por 45% dos participantes, é outro aspecto que chama a atenção. “No Brasil há uma tendência ao narcisismo, pois os brasileiros cultuam muito a aparência, a juventude. Então, esse medo da solidão pode ser traduzido como um receio de não ser notado, de não ser visto pelo outro no fim da vida, quando já não se tem as características da juventude que a sociedade tanto valoriza“, diz a psiquiatra Rita Cecília Ferreira, do Programa da Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-USP).

As preocupações financeiras também foram mencionadas por 45% dos participantes. Mas, ainda que as questões econômicas assumam um papel importante quando os entrevistados são convidados a pensar sobre suas expectativas para a maturidade, envelhecer próximo aos familiares (67%) é o principal anseio do grupo.  A segurança financeira aparece em segundo lugar, juntamente com o tempo para realizar sonhos, com 58% das menções.

Diferentes gerações, múltiplos olhares

A convivência entre pessoas de diferentes gerações é valorizada em todas as faixas etárias investigadas pela pesquisa. Entre os mais jovens, de 18 a 29 anos, a maioria (67%) afirma que os familiares mais velhos representam uma fonte de aprendizado. Já para os maiores de 50 anos, o contato com as novas gerações extrapola o núcleo familiar, de modo que 63% deles costumam participar de rodas de conversa com amigos mais jovens. “Quando netos e avós têm a chance de envelhecer juntos, a história da família se perpetua. A criança e o jovem que convivem com um idoso, além de aprenderem com ele por meio de suas histórias de vida, provavelmente serão mais tolerantes com as dificuldades do envelhecimento no futuro, pois terão estabelecido um forte vínculo”, ressalta a psiquiatra Rita Ferreira.

As diferenças entre as gerações se expressam, principalmente, em seus pontos de vista sobre a própria maturidade. Enquanto 32% das pessoas com 51 anos ou mais afirmam que ficar mais velho está sendo melhor do que imaginavam, apenas 24% dos participantes de 18 a 25 anos compartilham dessa percepção. Ao contrário: 22% do grupo mais jovem diz que a experiência está sendo pior do que o esperado, uma porcentagem superior à média da amostra total (14%).  Preocupações financeiras e aumento das responsabilidades explicam a visão negativa dos entrevistados mais novos.

Quando o assunto gira em torno das motivações para viver novas experiências, outras diferenças entre as faixas etárias se destacam.  Se o espírito aventureiro é o que impulsiona as duas faixas etárias mais jovens, compreendendo as pessoas entre 18 e 35 anos, a partir dos 36 anos o principal fator considerado pelos entrevistados é a certeza de uma experiência segura, sem muitos riscos.

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