16 de dezembro de 2019

Geração de emprego e reforma tributária devem ser prioridades para 2020, diz estudo da Deloitte

A “Agenda 2020”, quarta edição de pesquisa anual da Deloitte – consultoria associada da Aberje, traz as perspectivas de 1.377 empresas que, juntas, faturam o equivalente à metade da riqueza gerada no País, totalizando R$ 3,5 trilhões em receita no último ano. Do total de participantes, 62% estão em cargos de conselho, presidência e diretoria. O levantamento abordou as iniciativas que os empresários pretendem conduzir em diferentes cenários da economia, bem como a visão desses executivos sobre os pilares da política econômica do governo em 2019 e as prioridades a endereçar em 2020, visando a construção de um ambiente de negócios mais saudável para a retomada de investimentos e a geração de empregos.

De forma geral, o otimismo prevalece entre o empresariado brasileiro. Sete em cada dez entrevistados esperam que 2020 seja um ano positivo para os negócios. Segundo o levantamento, independentemente do cenário a se materializar no próximo ano, os líderes de negócios pretendem continuar investindo em iniciativas como novas tecnologias (item indicado por 74% dos entrevistados), treinamento e formação de funcionários (73%), lançamento de novos produtos ou serviços (67%) e pesquisa e desenvolvimento (58%). E, em caso de melhora do cenário em relação ao atual, o investimento em novas tecnologias sobre para 94% do total de entrevistados e a formação de funcionários receberá investimentos por parte de 93% das empresas. “Este resultado da ‘Agenda 2020’ sinaliza a preocupação emergente das organizações com as transformações disruptivas do mercado, que interferem hoje na capacidade de competir na era digital. Investir consistentemente em novas tecnologias e no aprimoramento do capital humano se torna então uma questão-chave, especialmente quando a economia se estabiliza e as empresas podem se voltar com mais força às suas estratégias de crescimento no médio e longo prazos”, afirma Altair Rossato, CEO da Deloitte.

A maior parte dos entrevistados (72%) indicou que, independentemente do cenário de 2020, pretende manter o atual quadro de funcionários, com ou sem substituições. E quando a perspectiva de melhora da economia se coloca, a maior parcela (58%) passa a sinalizar que pretende aumentar o número de profissionais contratados.

ATIVIDADE ECONÔMICA − Quando perguntadas sobre quais seriam as ações prioritárias para que o Brasil tenha um ambiente econômico mais próspero, no qual as empresas possam retomar os investimentos e as contratações, 79% indicaram o estímulo à geração de empregos, item seguido por investimentos em infraestrutura e logística (ferrovias, rodovias, hidrovias e portos, com 57%), ampliação da participação da economia brasileira no comércio exterior (54%) e aumento do número de concessões e leilões (52%). “É natural a preocupação dos decisores empresariais com a melhoria da infraestrutura do País e da própria participação privada nessa área, por meio de concessões e leilões. Afinal, esses investimentos podem ser especialmente importantes para que o Brasil possa destravar gargalos históricos para as nossas cadeias de produção e distribuição, por exemplo. Dessa maneira, a inserção da economia brasileira no comércio exterior, outra prioridade identificada entre os empresários entrevistados, pode ser facilitada, em um círculo virtuoso no qual investimentos geram crescimento dos negócios e mais riqueza para o País” avalia Renata Muramoto.

No contexto de discussões sobre reformas modernizantes para o País, a reforma tributária − demanda antiga do empresariado brasileiro − deve ser prioridade em 2020 para estimular um ambiente de negócios mais dinâmico e competitivo, conforme 95% dos entrevistados.

Quando solicitada uma avaliação sobre os desafios tributários enfrentados, os respondentes não discutem propriamente a importância e necessidade de pagar impostos, mas sim o peso e a complexidade desses tributos. De acordo com 49%, o peso dos impostos e das taxas sobre as vendas e resultados das operações são o maior desafio na área tributária.

Ainda no âmbito das reformas vistas como necessárias, em segundo lugar, aparece a reforma política, com 86% das respostas. Do total de respondentes, 71% indicam como prioritária a reforma administrativa, seguida da necessidade do combate à corrupção (64%), bem como da desburocratização e das novas privatizações (ambas com 54%).

Em um mundo cada vez mais digital e conectado, a preocupação com a formação de profissionais qualificados para lidar com robótica, análise de dados, Internet das Coisas e inteligência artificial é mais latente neste levantamento. Dessa forma, a educação permanece como principal preocupação dos empregadores nacionais entre os investimentos governamentais de impacto social. Na pesquisa, 91% dos participantes indicaram que os investimentos do governo em educação precisam aumentar – parcela maior em relação à edição anterior da pesquisa, que foi de 84%. Em segundo lugar, com 75%, os respondentes apontaram investimentos em saúde, item seguido por segurança pública (68%) e saneamento básico (55%). “A ‘Agenda 2020’ indica claramente que os líderes empresariais estão acompanhando de perto uma série de temas da agenda pública, especialmente no campo social, e entendem que as respostas a essas pautas são capazes de influenciar a promoção da competitividade e da confiança para a realização de investimentos”, ressalta Altair Rossato, CEO da Deloitte.

EMPREENDEDORISMO – No que diz respeito às prioridades para estimular a atividade empreendedora no País, melhorar e ampliar as Parcerias Público-Privadas (PPPs) aparece em primeiro lugar, com 56% das respostas. Na avaliação de Renata Muramoto, da Deloitte, “a pesquisa evidencia que o empreendedor brasileiro está disposto a apoiar o Estado nas transformações de que o Brasil precisa. Para isso, no entanto, espera a consolidação dos marcos regulatórios que estimulem o investimento privado”.

Em segundo lugar, para estimular a atividade empreendedora, os entrevistados apontam a necessidade de incentivos para que suas organizações se adaptem aos conceitos da Indústria 4.0 e da transformação digital, assim como a melhora nos processos de abertura e fechamento de empresas (ambos os itens com 55% das indicações). Na sequência, surge a necessidade de ampliar a oferta de crédito às empresas, com 50%. “O empreendedor está ciente da necessidade de se posicionar diante das disrupturas externas e, por isso, requer acesso facilitado ao capital e menos burocracia”, complementa Renata.

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