30 de maio de 2018

Dá para as empresas se calarem diante dos efeitos da greve na rotina dos funcionários?

(Imagem: El País Brasil)
(Imagem: El País Brasil)

Crise de abastecimento generalizada, rupturas na cadeira produtiva, perdas financeiras. São inúmeros os efeitos da greve dos caminhoneiros, que chega ao décimo dia sem uma clara perspectiva de fim, apesar das medidas anunciadas pelo governo.

Em meio a tudo o que tem sido noticiado e analisado, cabe destacar a postura das empresas em relação aos seus funcionários.

Aquelas realmente preocupadas com os impactos da greve na rotina de seus funcionários encaram, com soluções assertivas, a situação emergencial que vivemos. Seja por meio de comunicados incentivando caronas ou informando linhas de ônibus e transportes alternativos disponíveis para chegar ao trabalho, seja pela adoção, provisória, de home office ou rodízio de equipe. Há alguns relatos no próprio LinkedIn de funcionários satisfeitos com mensagens de presidentes e diretores que revelam tal preocupação e/ou ação para prezar por alguma qualidade de vida em meio a essa confusão dos últimos dias.

Porém, há inúmeras empresas que ocupam listas como “Great Place to Work” que sequer se pronunciaram. Os funcionários, então, correm para postos e ficam horas e horas na fila para abastecer, sem sequer saber se haverá combustível disponível quando chegar a sua vez. Mães e pais (e seus familiares) se desdobram para cuidar das crianças que, em muitos casos, estão sem aulas nas escolas. Profissionais criam esquemas de guerra para garantir que estarão no trabalho no dia seguinte, apesar de seu tanque estar na reserva e não saber se haverá trégua dos grevistas.

Será que essas empresas acreditam que comprometimento é isso? Fechar os olhos e se calar diante da crise que afeta a rotina do país inteiro? Não seria mais prudente e engajador abrir mão de metas e resultados – que serão afetados de qualquer maneira – e prezar pelo bem-estar de seus funcionários em uma situação tão crítica?

Claro que decisões como essas não são tomadas por apenas um indivíduo da empresa, mas ninguém do alto escalão olhar para a real situação e, em conjunto, tomar alguma ação estratégica é o maior sinal de que engajamento está apenas no discurso e não nas práticas da organização.

 

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Vívian Rio Stella

Doutora em linguística pela Unicamp, idealizadora da VRS Academy. Professora da Aberje, da Casa do Saber e de cursos de extensão da Cásper Líbero. Coordenadora do comitê de comunicação digital com empregados. Apaixonada por pesquisa, aprendizado e comunicação.

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