28 de julho de 2016

Meu Encontro com Bill Clinton

A sala de reunião do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton fica no topo de um edifício próximo ao Rockefeller Center e à 5ª Avenida. A vista é impressionante: o céu de Manhattan mistura-se aos traços dos arranha-céus e às obras de arte estrategicamente colocadas. A maior parte é africana e sua escolha não é aleatória – a Clinton Global Initiative mantém vários programas na África. Ele me recebeu naquela sala, em junho passado, e me apresentou algumas iniciativas da sua organização.

Visitei primeiro, literalmente em um piscar de olhos, uma propriedade rural na Tanzânia. Bill não vestia mais seu impecável terno, mas roupas esportivas. Fazia perguntas à dona da casa, beneficiada com placas solares. O ambiente era muito simples e bem menor que a sala de reuniões de Clinton em NYC. Olhei para trás e, da porta da pequena cozinha, formada somente por uma pia, vi crianças correndo entre galinhas. Não há divisa entre as casas, somente mato e terra em um tom vermelho. A chegada da energia movimentou não só a renda, mas transformou as vidas naquele isolado pedaço do mundo. Mais uma piscada e me vi à beira da maior favela do Quênia. O contraste provocado pela paisagem e o ruído davam tom à história, que definitivamente não precisava ser lida para ser sentida. Acompanhei também uma aula sobre malária para meninas. Algumas me olharam com desconfiança, enquanto outras prestavam atenção nas explicações da professora. Tive, ainda, o privilégio de presenciar, ao lado de Bill e Chelsea, o momento em que uma criança escutava os primeiros sons da sua vida. Na correria do dia a dia, a gente nem se dá conta da sorte que tem.

Relato uma experiência real – só que não. Vivi (e senti) tudo isso em uma sala de aula em Yale por meio da realidade virtual. A história, produzida pela Matter Unlimitted, foi apresentada por Bill Clinton durante o jantar anual da sua Fundação. Desde a primeira exibição, acompanhada por uma plateia de autoridades e celebridades como o ator Harrison Ford, arranca suspiros e lágrimas de alguns. Os críticos (ou seriam céticos?) questionam o ROI. “Não valeria mais a pena investir esse montante em mais programas?”.

 

A resposta está, em parte, baseada em números:

– O potencial desse mercado é tão grande, que virou foco do Goldman Sachs. O banco avaliou que este mercado deve atingir US$ 80 bilhões até 2025, aproximadamente o tamanho do mercado de PC hoje. A receita deve superar US$ 182 bilhões.

– Mais empresas arriscam-se nesse mercado , com retornos surpreendentes. A Samsung vendeu seu produto em 8 horas na China e em duas horas na Coreia do Sul.

– Um hospital dos Estados Unidos utiliza a Realidade Virtual no tratamento de pacientes de queimadura. A tecnologia vem permitindo, com sucesso, que a dor seja esquecida por determinado tempo.

– Jornais como o Washington Post e o New York Times entraram também no embalo com o objetivo de envolver o leitor e proporcionar uma nova experiência com notícias.

– O próprio filme de Clinton superou todas as expectativas – de exposição na mídia a investimento nos programas.

A outra parte da resposta está na experiência em si. Em Yale, a Realidade Virtual foi chamada de “futuro do Storytelling”. Rob Holzer, da Matter, reforçou que a ferramenta cria uma conexão direta. “Você está no local, com as pessoas, você é parte disso”.  O investimento é alto demais se a abordagem for somente comercial. A Realidade Virtual, como Storytelling, cumpre o papel do conto de fadas da nossa infância: transporta-nos para outros lugares, desperta emoções e inspira ações.

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