07 de junho de 2016

Maio foi mês de boas reflexões para a Comunicação

No mês passado o tema Comunicação esteve bastante presente nas redes sociais e no boa a boca dos profissionais do setor. Alguns fatos que alimentaram o debate:

No Meio&Mensagem, de 16/05, o artigo Agências de propaganda: o que será delas, de Pyr Marcondes, abordou o processo de disrupção no modelo de negócios dessas empresas. Baseado em pesquisa da Fenapro e em inspiradas reflexões afirmou que os formatos anteriores começam a deixar de ter a eficácia que tinham, enquanto os novos ainda não se consolidaram. Analisou que o setor vive o maior abalo da sua história. Alguns dos problemas apontados por ele:

– Qualificação de profissionais inadequada para as demandas atuais,

– Baixa percepção de valor dos produtos mais preciosos da agência: inteligência, estratégia, criação e planejamento,

– Agenciamento de mídia x geração de ideias,

– Juniorização (tanto no cliente, como na agência),

– Imagem deteriorada,

– Modelo de atuação desgastado,

– Perda de protagonismo e relevância,

– Crise de identidade.

(artigo completo): http://www.proxxima.com.br/home/proxxima/2016/05/16/agencias-de-propaganda-o-que-sera-delas.html.

No mesmo dia 16/05, o Estadão publicava matéria com o título Marcas com ‘causa’ podem cobrar mais. Através de pesquisa da Ana Couto Branding, o texto relata existir três grupos de marcas: o formado por aquelas que costumam gastar muito em propaganda, mas têm uma relação puramente comercial com seus consumidores. O segundo grupo é das marcas que conseguem fidelizar e oferecer benefícios claros aos clientes. E o terceiro é aquele que, além de atender bem o consumidor, cria uma relação genuína com ele, geralmente adotando uma causa.

As empresas que pertencem ao terceiro grupo têm mais sucesso em convencer os clientes a pagar mais por seus produtos. Segundo a diretora da pesquisa, “as respostas demonstraram que os clientes estão atentos aos recados das marcas e sabem diferenciar movimentos verdadeiros do mero discurso”. Respeito com 44%, sustentabilidade com 28% e relacionamento / vantagens com 20% foram as características mais valorizadas. A matéria mostra que entre consumidores de 18 a 24 anos, 68% estão dispostos a trocar uma marca tradicional por uma com causa. Matéria completa: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,marcas-com-causa-podem-cobrar-mais,10000051456

No dia seguinte das publicações no M&M e no Estadão, o Ciclo de debates Aberje-Avon, em seu primeiro encontro, abordou As Fronteiras Invisíveis do Subliminar. Alguns dos participantes levantaram questões relacionadas à imagem do profissional de Comunicação, que pode ser visto como manipulador e que as representações tradicionais do setor precisam ser ressignificadas.

Jornalistas, Publicitários e Relações Públicas enfrentam o denominado ambiente VUCA – da volatilidade (volatility), incerteza (uncertainty), complexidade (complexity) e ambiguidade (ambiguity) – que reflete as condições atuais. Possivelmente pela atuação exacerbada de alguns Spin doctors – contratados pelas empresas investigadas por corrupção, desvios éticos ou irregularidades ambientais – os holofotes recaíram sobre o setor da comunicação. E, nas crises, é que se revelam as fragilidades.

Talvez o questionamento da atuação dos comunicadores seja sintomático dos mesmos problemas elencadas por Pyr Marcondes no seu artigo do M&M: juniorização, imagem deteriorada, modelo de atuação desgastado, crise de identidade, entre outros.

Ainda no mesmo 16 de maio, o site Porta dos Fundos publicou vídeo em que satiriza o processo de contratação de uma jornalista. O que seriam bons atributos profissionais e de caráter são subjugados em prol do “Jornalismo Papum”. Uma boa piada – com uma pitada de humor negro para quem é da área – que já tem quase 2.2 milhões de visualizações no Youtube. Vídeo completo: https://www.youtube.com/watch?v=cX-L-lB2j4k

Os paradigmas para a produção da informação e das estratégias de marketing mudaram. No momento das narrativas transmídias e do Branded Content, em que as redes sociais transformam todos em produtores de conteúdos, é bom não perder o senso crítico nem valorizar o “jornalismo merchandising”. Afinal, Comunicação, Marketing e RP não são para esconder problemas nem valorizar mentiras, mas para melhorar relações, valorizar atributos e transformar o monólogo das marcas em diálogos.

As empresas de ponta triunfam com a manufatura 4.0, que digitaliza a operação industrial. Nelas a internet das coisas se soma à automatização. As máquinas interconectadas trocam comandos, consultam dados na nuvem, identificam defeitos e fazem correções sem ajuda humana. Nesse universo a Comunicação não pode mais ser 2.0, aquele modelo tão propagado como inovador em 2010.

Em tempos de desconfiança cidadã, transformar big data em insight, operar em tempo real e valorizar atributos é como pisar em ovos. Mas, o modelo de negócios que incremente a inovação, o conteúdo que gere engajamento e tenha a transparência como causa continuará imbatível.

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