14 de junho de 2019

Como expressar emoções no trabalho

 (Imagem: rawpixel/Pixabay)

Há mais de três décadas, o psicólogo Daniel Goleman fala sobre inteligência emocional, isto é, a capacidade humana de identificar sentimentos e geri-los apropriadamente. A PhD e palestrante Susan David deu novo fôlego à discussão ao cunhar o termo Agilidade Emocional, que sugere, além das emoções, o reconhecimento, a aceitação e a gestão de pensamentos. A novidade na área fica por conta das designers Mollie West Duffy e Liz Fosslien, que resolveram tratar o tema, de forma bem prática, a partir da própria experiência.

O interesse pelo gerenciamento das emoções surgiu na vida de Mollie quando ela acordou um dia sem sensibilidade em parte do rosto. O médico logo fez o diagnóstico: “isso foi causado por ansiedade”. Em vez de simplesmente tratar os sintomas, ela resolveu atacar a origem do problema: o vulcão de sentimentos causados por trabalho. Quase sempre ignorado, esse vulcão, quando entra em erupção, aumenta consideravelmente o risco de erros, de fracassos e, mais importante, de um burnout.

Quando conheceu Liz Follien, Mollie decidiu escrever com ela um livro sobre como expressar sentimentos no ambiente de trabalho, sem perder o profissionalismo. Afinal, em qualquer parte do globo, todo mundo sempre foi educado a abafar as emoções. Assim, a obra No Hard Feelings, sem tradução para o português, defende a fluência emocional para traduzir o que é sentido em ações concretas, sem causar caos nem comprometer carreiras.

Três descobertas das autoras são:

1.    Coloque-se em primeiro lugar

Arrume tempo para fazer uma atividade física, dedicar-se a um hobby ou mesmo tirar férias. O ponto principal é: abaixo a cultura do “estou ocupada demais!”. Isso não influencia negativamente no seu desempenho – pelo contrário, pode até impulsioná-lo. Diversas pesquisas mostram, segundo as autoras, que a produtividade cai após 50 horas de trabalho por semana. Portanto, relaxar faz bem para você e para a sua carreira.

 2.    Valorize suas emoções

Ao contrário do que dizem por aí, os sentimentos podem ajudar na tomada de decisão. Para isso, as autoras os dividem em dois grupos: as emoções relevantes, que persistem por horas e até dias, e as emoções irrelevantes, são as momentâneas e perigosas, pois podem causar grandes estragos. Os melhores líderes são aqueles capazes de reconhecer e gerenciar seus sentimentos tão bem quanto fazem com números e relatórios. Essa assertividade em relação ao que se sente impede que você arruíne o dia de alguém ou, mais grave ainda, sua própria vida.

3.    Valorize as emoções dos outros

Crie um ambiente em que impere a segurança psicológica, isto é, um local onde emoções e pensamentos são apreciados e respeitados. As autoras se basearam em estudo do Google, que aponta a liberdade para expressar ideias, admitir erros e assumir riscos como os principais fatores de sucesso de um time e de uma empresa. O apoio social também torna as pessoas dez vezes mais propensas a se sentirem engajadas no trabalho.

De acordo com Mollie e Liz, algumas empresas já tomaram medidas simples para estimular um ambiente mais leve, onde emoções são bem-vindas. Na rede Ritz-Carlton, os funcionários são estimulados a manter contato visual e a cumprimentar outras pessoas, enquanto na consultoria Ubiquity Retirement + Savings, os colaboradores são convidados a reconhecer o que sentem antes de deixar o escritório.

Ao acolher emoções, as empresas resgatam a humanidade, algo tão esquecido no padronizado e implacável mundo dos negócios. É esse o caminho, segundo vários especialistas, para alavancar a criatividade, para se sobressair na 4ª Revolução Industrial e para abrandar o surto de ansiedade e depressão.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Tatiane Lima

Tatiane Ribeiro Lima é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e tem MBA em Gestão da Comunicação pela Aberje ESEG. Observadora inquieta, é apaixonada pelos bastidores e por ajudar empresas e pessoas a contar a sua história. Escreveu para publicações como a Superinteressante e Revista da TAM e já trabalhou para companhias de pequeno, médio e grande porte em projetos que envolviam de IPOs e campanhas de guerrilha a Defesa do Consumidor e Crises de Reputação e Imagem.

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