24 de outubro de 2019

Brasileiros consideram as redes sociais menos confiáveis que outros canais, diz pesquisa FAAP

Apesar de ganharem o cotidiano dos brasileiros, as redes sociais são consideradas um dos meios menos confiáveis por seus usuários. Eles também concordam que as utilizam por muito mais tempo do que é considerável saudável ou adequado servindo para estimular um vício e alimentar uma carência. As informações constam no mais novo estudo do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da Faculdade Armando Alvares Penteado (NiMD-FAAP), desenvolvido em parceria com a empresa de tecnologia MindMiners. A FAAP é associada da Aberje.

O objetivo do estudo, que ouviu 2.500 pessoas que possuem smartphone, foi entender como se dá atualmente a relação das pessoas com as redes sociais, em particular aquelas que já são usuárias assíduas dos meios digitais. Para isso, foi dividido em três etapas, cada uma delas com a participação de um grupo de respondentes: foram consideradas mil pessoas para a primeira etapa sobre consumo de informação; mil para a segunda, que buscou compreender como as redes sociais interferem no processo de influência e confiança que o usuário estabelece com diferentes personagens sociais, especialmente os influenciadores digitais; e, por fim, 500 respondentes para a abordagem sobre o comportamento, ou seja, entender como plataformas de redes sociais estão interferindo na sociedade e, inclusive, afetando sua saúde mental.

A pesquisa indica que há, claramente, uma mudança de comportamento de consumo de informação, uma vez que 80% dos respondentes declararam usar as redes sociais para se atualizar em relação às notícias. A plataforma mais utilizada para esta finalidade é o Facebook, sendo seguida por Instagram e Youtube. O Whatsapp, considerada a rede mais popular entre os brasileiros, principalmente para conversas entre amigos, mantém a quarta posição.”É nesse contexto que surgem problemas como a desinformação e o excesso de notícias falsas ou manipuladas”, explica o professor Eric Messa, coordenador do NiMD-FAAP e um dos pesquisadores à frente do estudo. Segundo ele, é curioso notar que, mesmo sendo procuradas por tantas pessoas, as redes sociais apareçam como um dos meios menos confiáveis.

CONTEUDO –Os canais de televisão – abertos ou fechados – ainda são considerados confiáveis ou muito confiáveis por mais de 64% dos usuários. Já as redes sociais são vistas por 52% dos respondentes como pouco ou nada confiáveis.

Para o professor Thiago Costa, coordenador da pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital da FAAP, que também participou do estudo, os dados desmistificam a ideia, muito propagada na segunda década do século XXI, de que as mídias tradicionais “morreram”.

A pesquisa também buscou identificar a confiança do usuário em relação às notícias compartilhadas: os influenciadores digitais (ou creators) tiveram apenas 17% de indicações como “confiáveis ou muito confiáveis”. Jornalistas / Veículos de Comunicação, ao contrário, obtiveram índice de 58%, atrás apenas de especialistas e  técnicos em determinado tema (71%) e professores (62%). ?O resultado parece ter relação direta com o contexto atual da desinformação promovida pelas notícias falsas?, explica o professor Thiago.

Apesar da credibilidade ser baixa em relação ao compartilhamento de notícias, os influenciadores ou creators ainda possuem algo valioso para as marcas, que é a proximidade com as pessoas. E isso também vale para os influenciadores digitais artificiais, que são personagens fictícios ou imagens tridimensionais: 47% das pessoas dizem que vê espontaneidade nas publicações e afirma já ter comprado algum produto baseado na opinião deles.

Quando perguntados sobre canais que mais compartilham notícias falsas, o WhatsApp vem em primeiro lugar, com 45%, seguido pelo Facebook, com 33%. Já o Linkedin foi considerado por 43% dos respondentes como a rede social que possui menos notícias falsas compartilhadas.

COMPORTAMENTO –Já é claro que as redes sociais dominam a comunicação cotidiana, pessoal e profissional, trazendo muitos benefícios. Mas esse tipo de relação está afetando a vida da sociedade em outros níveis. “A arquitetura das plataformas corrobora o processo de ansiedade, assim como a interface estimula o vício e alimenta a carência”, explica a professora da FAAP, Amanda Veit Braune, que também participou do estudo.

Das 500 pessoas pesquisadas, quase a metade (43%) para o que está fazendo assim que recebe uma notificação do WhatsApp, Facebook ou Instagram. Além disso, 64% concordam parcialmente ou totalmente que logo após publicar algo nas redes checam ao menos uma vez a quantidade de visualizações ou curtidas – e quem as fez.

Desse mesmo universo, 50% concorda parcialmente ou totalmente com a ideia de estarem usando as redes sociais por mais tempo do que consideram saudável ou adequado e 31% se diz “muito ansioso”, ao passo que 56% considera a sociedade atual “muito ansiosa”.

O estudo aponta ainda outros dados interessantes:

  • 41% dos respondentes concordam parcialmente ou totalmente que as curtidas, comentários ou visualizações de suas publicações são importantes para eles;
  • 48% concordam parcialmente ou totalmente que se sentem próximos das pessoas que seguem nas redes, mesmo não as conhecendo pessoalmente;
  • 16% dos entrevistados concordam totalmente e 24% parcialmente com a afirmação ?sinto-me constantemente vigiado por meio das redes sociais?
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