04 de fevereiro de 2019

BNDES dará R$ 2 para cada R$ 1 doado em programa de financiamento coletivo a projetos culturais

O crowdfunding (vaquinha online) para financiar projetos culturais ganhou um aliado de peso. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição associada da Aberje, aprovou o Programa Matchfunding de Cultura BNDES, iniciativa-piloto pioneira de financiamento a projetos de patrimônio material ou imaterial.

Com a ação, o banco de fomento pode aplicar até R$ 4 milhões não reembolsáveis do Fundo Cultural nos projetos eleitos pela sociedade para receber financiamento coletivo. Os recursos totais poderão chegar a R$ 6 milhões, montante que pode ser atingido por meio de doações de terceiros que se interessem pelas iniciativas. “Essa iniciativa é disruptiva e inovadora de diversas maneiras: em termos de financiamento, que é um dos grandes gargalos para o setor da cultura, não só no Brasil, mas mundialmente, e também como forma de estruturar e testar um mecanismo em que a sociedade participa como parceira do banco, não só como cofinanciadora, mas dando legitimidade, reconhecimento e capacidade de fiscalização aos projetos”, afirma Eduardo Bizzo, gerente no Departamento de Educação e Cultura do BNDES.

De acordo com o gerente, um dos méritos da iniciativa é alcançar projetos pequenos, a partir de R$ 30 mil, em que o BNDES diretamente não teria capacidade de aportar. A ideia é que a operação de apoio financeiro seja organizadora e catalizadora de investimentos, com capacidade de atender a um espectro maior de público e projetos menores, na ponta.

O programa será conduzido pela Sitawi Finanças do Bem, organização da sociedade civil que atua no campo das finanças sociais, tendo como interveniente a Benfeitoria, empresa que opera uma das principais plataformas de crowfunding no país. A expectativa é que a iniciativa apoie até 80 projetos selecionados ao longo de 2019 e 2020 por meio de edital. “Além do engajamento da sociedade, o programa tem como premissa a capacitação geral da cadeia do setor de patrimônio, para dar maior sustentabilidade financeira e capacitar as instituições a elaborar e submeter projetos por meio das plataformas de financiamento coletivo”, diz Bizzo.

Durante a etapa de convocação, os interessados poderão receber treinamento online sobre crowdfunding. “Além do engajamento da sociedade, o programa tem como premissa a capacitação geral da cadeia do setor de patrimônio, para dar maior sustentabilidade financeira e capacitar as instituições a elaborar e submeter projetos por meio das plataformas de financiamento coletivo”, explica.

A cada ano ocorrerão cinco ondas de seleção com a expectativa de oito projetos selecionados em cada uma. A curadoria do Programa Matchfunding de Cultura BNDES será responsável pela seleção inicial de propostas que possam deixar legado para o patrimônio material ou imaterial brasileiro de temas como digital/mídia/games, educação patrimonial, turismo e acervo. Os critérios serão divulgados quando a chamada for aberta.

Os responsáveis pelos projetos escolhidos receberão treinamento mais aprofundado com foco nas campanhas de arrecadação de forma que consigam captar os recursos necessários à execução das propostas. Após passar por essa fase, os projetos serão apresentados na plataforma do programa, hospedada no site Benfeitoria, para que o público possa conhecê-los e efetuar doações àqueles que acharem mais interessantes.

A cada R$ 1 doado, o BNDES aportará R$ 2, observando o valor máximo de R$ 300 mil para cada projeto. Para receber os recursos efetivamente, as iniciativas deverão atingir suas metas de arrecadação, que serão informadas ao público. Além disso, só serão apoiados as ações que apresentarem um determinado índice mínimo de pulverização de recursos. A ideia, com isso, é que sejam efetivamente realizadas as ações que contem com amplo engajamento do público. “O projeto é o mais importante desde o lançamento da plataforma, porque ele valida o matchfunding, que a gente inaugurou no Brasil em 2015, como uma ferramenta estruturante para outros agentes de fomento e o próprio BNDES em outros temas para além do patrimônio”, afirma a CEO da Benfeitoria, Tati Leite (foto).

FUNDING – O modelo de crowdfunding segue o princípio da arrecadação coletiva para determinado fim. Ele foi disseminado por meio de plataformas online nas quais produtores e instituições apresentam suas propostas e o público pode realizar doações, normalmente em troca de recompensas ligadas ao projeto.

Surgidos nos meados dos anos 2000, os sites de crowdfunding arrecadaram mundialmente US$ 16 bilhões em 2014. Projeções apontam para a movimentação de US$ 90 bilhões até 2025, com o Brasil sendo responsável por pelo menos 10% desse valor.

Já o conceito de matchfunding consiste na combinação de recursos de diversas fontes. A ideia é que, com esforço conjunto de instituições e/ou pessoas, seja possível alavancar recursos necessários à execução de projetos.

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