07 de dezembro de 2018

Biodigestor é alternativa a botijão de gás certificada pela Fundação Banco do Brasil

Para as famílias em situação de vulnerabilidade social, o preço do botijão de gás GLP tem impactado no orçamento. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, de janeiro de 2017 a julho de 2018, houve um aumento de quase 75% no botijão. Os preços variam de R$ 60 a R$ 150 dependendo da região do país. Para driblar o alto custo, muitas famílias têm substituído o botijão de gás pelo álcool de cozinha, mas isto tem gerado outro problema: explosões e queimaduras nas pessoas.

Segundo o médico Marcus Vinícius Crepaldi, que atende pacientes vítimas de queimaduras há mais de quinzes anos, é comum pessoas com dificuldade de comprar o gás, usarem o álcool para cozimento de alimentos. O médico defende que o álcool não deva ser usado no ambiente doméstico porque funciona como uma bomba que pode detonar a qualquer momento. “A mãe que vai esquentar uma mamadeira rápida para o filho ou o pai que vai acender a churrasqueira são as principais vítimas de queimadura devido a explosões em decorrência do uso de álcool”, afirma.

Diante de um cenário de alto custo econômico e risco à saúde, uma alternativa é o biodigestor, uma tecnologia social que produz biogás a partir de esterco animal e que pode ser usado para cozinhar alimentos. O custo é menor do que um botijão de gás e evita o risco de explosões que ocasionam queimaduras nas pessoas.

No sertão brasileiro, a entidade Diaconia implementou o biodigestor sertanejo, que é utilizado em fogão para a preparação de alimentos. A iniciativa foi certificada pela Fundação Banco do Brasil como tecnologia social em 2015. O impacto da TS se deve à simplicidade de manutenção e manejo, baixo custo de instalação, substituição do GLP pelo biogás, redução de emissão dos gases metano e carbônico na atmosfera e produção de adubo orgânico e biofertilizante. A FBB é associada da Aberje.

Como fazer – O biodigestor consiste em três partes: numa caixa se coloca o esterco misturado à água. A fermentação do esterco (biomassa) ocorre num tanque circular, por meio da digestão anaeróbica de bactérias, resultando na produção do biogás. Da caixa de descarga sai o biofertilizante e o adubo orgânico ricos em nutrientes, resultado final da fermentação do esterco animal. A capacidade de produção é de 26 kg de biogás ao mês, o que equivale ao consumo médio mensal de uma família de cinco pessoas em fogões domésticos. A chama que sai do fogão deve ter cor azul e não ter cheiro. O custo de implantação desse tipo de biodigestor é de R$ 2.800 com mão-de-obra. Para fazer o abastecimento diário são utilizados 10 quilos de esterco misturados a 10 litros de água. Os dejetos podem ser de dois bovinos adultos, dez suínos, 20 caprinos, ou cem aves.

Diferentes usos – Segundo o Engenheiro Agrônomo Luiz Cláudio Matos, da Diaconia, o biodigestor tem inúmeras funções. “Algumas famílias usam para aquecer água para o banho, substituindo o chuveiro, acoplado a sistema de motorização para bombeamento de água. E já vi, de forma experimental, para uso em lamparina para iluminação de ambientes domésticos”, afirma.

Ao longo de oito anos, a Diaconia implantou mais de 400 biodigestores nos estados de Pernambuco, Bahia, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. De fácil construção, um pedreiro capacitado faz a parte de alvenaria em três dias e um técnico instala a caixa e faz a ligação até o fogão em um dia.

O biodigestor é uma estratégia que possui relação com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7 ao assegurar o acesso à energia a um preço acessível e sem a emissão de gases na atmosfera, o que mitiga os efeitos das mudanças climáticas, além de evitar acidentes com o uso indevido de álcool para o cozimento de alimentos. “Acreditamos que essa tecnologia tem todas as condições para se tornar uma política pública. Isto porque ela é sustentável, traz benefícios econômicos importantes e contribui para a qualidade de vida das famílias, bem como se constitui em ganhos relevantes na dimensão do meio ambiente”, finaliza Luiz Cláudio.

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