23 de setembro de 2019

Aberje e Abracom apresentam pesquisa inédita sobre perfil das agências de comunicação no Brasil

Painel com CEOs de algumas das principais agências do país discutiu o futuro do setor

Carlos Ramello

Se o clichê “a comunicação é a alma do negócio” parece algo ultrapassado, centenas de profissionais e empresários ainda não conhecem a realidade das empresas que têm como seu negócio a própria prestação de serviços neste importante segmento econômico.

E por ser essencial para o bom funcionamento e andamento de projetos, lançamentos de produtos e relacionamento com a imprensa, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) decidiu realizar, em parceria com a Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), a pesquisa “Panorama das Agências de Comunicação no Brasil: estrutura, organização e tendências”, justamente para que o próprio mercado e os demais setores como um todo possam compreender melhor como funcionam e atuam essas empresas.

A divulgação da pesquisa inédita aconteceu na última quinta-feira (19/10) na sede da Aberje, em São Paulo. Apresentado por Carlos Ramello, consultor de pesquisa e dados da Aberje, o evento contou com a participação de executivos representantes de agências de comunicação, como Carlos Carvalho, presidente da Abracom, Juliano Nóbrega, Diretor de Operações da CDN Comunicação, Elaine Rodrígues, VP da BCW, Claudia Zanuso, Sócia-diretora da Duecom, Marcio Cavalieri, Co-CEO na RPMA, e Marc Tawil, Head da Tawil Comunicação.

Um dos destaques da pesquisa foi a constatação de que os principais desafios enfrentados nos últimos 12 meses pelas agências estão diretamente relacionados com a enfraquecida economia do país – o que tem como consequência a redução do orçamento dos clientes em 84% dos casos, seguido pela dificuldade de manter ou aumentar o lucro da empresa, com 72% das citações.

Para contrapor o cenário de crise, o setor de serviços foi o que mais demandou contratações no ano de 2018 – 64% das agências foram contratadas por este setor, respondendo por 42% do seu faturamento, seguido pelo setor alimentício com 31% das contratações, o que representa 16% do faturamento daquelas agências. O setor de construção e engenharia gerou 27% das contratações e 16% do faturamento, e o setor que menos demandou das agências em 2018 foi o petroquímico, com 3% e representatividade média de 4% do faturamento. As condições econômicas do país são o principal desafio para as agências de comunicação em seu mercado de atuação (64%).

“O mapeamento define realidades como a participação das agências em redes de afiliadas ou atuação independente, processos de fusões e aquisições, tempo de atuação, número de funcionários, forma de contratação da equipe, processos oferecidos aos clientes e inovações tecnológicas incorporadas. Também foram mapeados os desafios dos próximos 12 meses, as áreas de maior crescimento no ano anterior e para o próximo ano, os desafios das agências para falar com o mercado contratante e os meios utilizados para esta promoção”, explica Ramello.

Resultados e tendências

As agências participantes da pesquisa atuam em diversos segmentos de comunicação, sendo os principais: Mídias Digitais e Sociais (85%), Assessoria de Imprensa (77%), Comunicação Interna (75%), Gestão de Crises e Riscos (73%) e Assuntos Corporativos/Relações Institucionais (69%). Destacam se ainda Design (59%), Eventos (51%), Branding (49%), Gestão de Reputação (49%) e Relacionamento com a Comunidade (48%).

Para 48% dos participantes, a área de construção e produção digital foi a que apresentou um maior crescimento em 2018. Por consequência, 53% das agências apostam no crescimento dessas operações em 2019. Em um nível muito próximo, as áreas de consultoria sênior (43%), relacionamento com a mídia (40%), gestão de riscos e crises (33%) e gestão de comunidades de mídia social (31%) completam a lista das áreas que apresentaram um maior crescimento no ano passado.

Para os próximos anos, a pesquisa aponta que as tendências de mercado para as agências de comunicação são os campos de marketing e desenvolvimento de negócios. Segundo o levantamento, 63% das agências participantes indicam esse segmento como chave para desenvolvimento do seu negócio, seguido por criação de conteúdo multimídia (45%), análise de big data (43%), planejamento estratégico (36%) e gestão de riscos e crises, opinião pública e public affairs (33%).

Contratações e gestão de pessoas

Como não poderia ser diferente, em um setor também marcado por demissões e escassez de vagas, a pesquisa indica os métodos de recrutamento, as dificuldades na busca por talentos e as habilidades mais relevantes para executivos de comunicação. Cerca de 84% das participantes se utilizam de recomendações quando buscam por novos talentos, e outros 65% recrutam esses talentos através das redes sociais.

Os principais desafios apontados pela pesquisa foram a formação de equipes multidisciplinares (35%), a contratação de talentos especializados, em nível júnior, com capacidade de entendimento de contexto e desenho de estratégia (27%) e, em nível sênior, para atualização dos serviços e/ou implementação de novos (24%) e a remuneração de funcionários chave com base, principalmente, no desempenho financeiro geral da empresa (24%).

A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e junho de 2019, por meio de autopreenchimento em sistema online. A amostra é não probabilística por conveniência. Participaram do estudo 76 agências, entre associadas e não associadas à Aberje.

Elaine Rodrigues, Juliano Nóbrega, Marc Tawil , Marcio Cavalieri,
Claudia Zanuso e Carlos Carvalho

Painel com executivos

Após a divulgação do “Panorama das Agências de Comunicação do Brasil”, um painel foi mediado por Carlos Carvalho, presidente da Abracom, junto com cinco executivos, representantes das agências de comunicação CDN, BCW, Duecom, RPMA e Tawill Comunicação.  Entre os assuntos debatidos, destaque para a forma de contratação das agências, o papel das agências em relação aos clientes e o futuro da comunicação empresarial, como um novo modelo de negócio.

Pejotização”

Um dos temas mais polêmicos foi em relação à forma de contratação das agências. De forma unânime, todos os presentes concordaram que nos dias de hoje é praticamente impossível contratar todos no formato CLT, porém concordam que algo precisa ser feito no mercado para que todos os lados sejam beneficiados. “É necessário ter uma flexibilidade no setor”, pede Márcio Cavalieri, da RPMA.

Já para Elaine Rodrígues, VP da BCW é necessário que as agências entendam, cada vez mais, a dinâmica no mercado trabalho. “As próprias gerações jovens ou talentos querem ser CLT e para eles é um diferencial quando  isso é oferecido e como este ambiente de trabalho é mais produtivo. A relação dos milleniuns com as empresas está mudando”, destaca

Claudia Zanuso, da Duecom Comunicação acredita  que é um desafio ter tudo regulamentado. “Buscamos um misto na contratação, com equipes alocadas com os contratos dos clientes, pois hoje a tendência é uma equipe multidisciplinar, sendo necessário agregar outros conhecimentos, e não apenas na equipe dentro da agência, Estamos focados na venda de soluções”, explica. 

Novo Modelo

Atualmente, para os executivos, as agências de comunicação, por mais que sejam essenciais para as empresas, ainda não conseguiram se posicionar da forma ideal. Além de rivalizar com agências de publicidade e marketing, inclusive o digital, também têm perdido espaço para consultores individuais.

“Sofremos de um mau posicionamento de valor estratégico de comunicação nos negócios”, explica Claudia Zanuso, Sócia-diretora da Duecom Comunicação.

Investir em ferramentas e tecnologias tem sido um dos diferenciais destas agências. “Um dos desejos do cliente é que as agências se antecipem”, conclui Carlos Carvalho, da Abracom.

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