18 de maio de 2018

O futuro da mobilidade urbana em 7 insights

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Por Paulo Noviello

Como se locomover pelas grandes cidades é um dos grandes desafios contemporâneos. Com a população mundial cada vez mais concentrada em áreas urbanas, o exercício de qualquer atividade e o acesso a bens e serviços passam, necessariamente, pela questão crucial da mobilidade urbana. Tal questão é complexa, e sua solução exige a união de diversos atores, poder público, empresas e sociedade civil, principalmente através do diálogo. Essa a ideia por trás do Lab de Comunicação para Mobilidade da Aberje, apresentado pela General Motors com apoio da CCR, e com curadoria do jornalista Leão Serva.

Na manhã de 17 de maio, teve início a 2ª temporada do Lab com um Festival de Cases sobre comunicação e mobilidade, na sede da Aberje, em São Paulo. Na abertura, o curador Leão Serva lembrou que a questão da mobilidade talvez seja a maior oportunidade de negócios que existe no planeta atualmente, no valor estimado de um de 1 trilhão de dólares. Em seguida, foram apresentados seis cases de grandes organizações que, de alguma forma, abordam a questão da mobilidade e usam a comunicação como forma de transformar o jeito de se mover pelas grandes cidades.

Destes seis cases, podemos extrair sete insights e tendências chave para pensar em mobilidade urbana. Bem-vindo ao futuro do transporte urbano!

1. “Não é utopia: Zero acidente, zero emissão, zero congestionamento”

Nelson Silveira, Diretor de Comunicação Corporativa e Marca da GM, apresentou uma meta, digamos, ousada: que em poucos anos, “menos tempo do que a gente imagina”, em suas palavras, será possível vivermos em grandes centros urbanos, sem acidentes de trânsito, nenhum poluente é emitido e o trânsito flui sem interrupções. Para isso, a GM aposta em carros elétricos, autônomos e totalmente conectados. O Chevrolet Bolt EV, por exemplo, tem autonomia de 400 km com uma carga de bateria e preço abaixo dos US$ 30 mil, mostra que o carro elétrico já é uma realidade. “O Bolt tem processo de pedal único, que acelera e freia, regenerando energia. Você pode descer a serra de Santos e se for na maciota, sem acelerar, sai com metade da carga e chega com a bateria praticamente recarregada”.

Nelson lembrou que 95% dos acidentes automobilísticos acontecem por erro humano, e que quando os carros autônomos, que dispensam motoristas urbanos, se disseminarem, será possível chegar perto da meta de zero acidentes. Ele mostrou a versão autônoma nível 5 (sem volante e pedais) do veículo Cruise AV, que já está em teste nas ruas de São Francisco e Nova York, e também apresentou o futuro – que já é presente – dos carros totalmente conectados, com as tecnologias MyLink e OneStar, com as quais, por exemplo, um carro que sofre um acidente em um local remoto pode automaticamente chamar socorro. O diretor da GM afirmou que as três soluções – carros elétricos, autônomos e conectados – andam juntas e que, até 2023, a GM vai ter em sua linha 20 novos totalmente elétricos. Também destacou a economia do compartilhamento, outra tendência que veio pra ficar, apresentando um sistema de compartilhamento de carros, o Maven, via aplicativo de celular.

2. Gestão eficiente gera mobilidade inteligente

Bruna Trierweiler, diretora adjunta de marketing da TicketLog, líder em gestão de despesas em combustível para frotas de transporte de pessoas e cargas, mostrou como a gestão eficiente de frotas de veículos, sejam automóveis, vans, furgões ou caminhões, contribui para uma mobilidade mais inteligente. A TicketLog também aposta na tecnologia, com cartões inteligentes conectados a aplicativos para celular, mas Bruna afirmou que o foco é na capacitação dos profissionais envolvidos na gestão de frotas. “O resultado é que hoje o gestor de frota é um cargo valorizado, com profissionais capacitados que se orgulham do que fazem. Vemos no LinkedIn como essa função tem crescido e se destacado”, afirmou. Ela também apresentou a aposta na integração de diversos modais de transporte em uma única solução de logística, com a plataforma Log&Go, e o MoveLab, uma plataforma de eventos sobre inovação e mobilidade para a empresa se conectar com o mercado.

3. Oportunidades para micro e pequenas empresas

O gerente de Inteligência de Mercado do Sebrae-SP, Eduardo Pugnali, apresentou cases de micro e pequenas empresas apoiadas pela entidade e de alguma forma lidam com a mobilidade, mostrando que não apenas gigantes como GM, Itaú e Embraer podem encarar um tema tão complexo. Ele revelou que a bicicleta é um modal com grande potencial para os pequenos empreendedores. “Nossas pesquisas mostram que um paraciclo na frente de um comércio próximo a uma ciclovia ou ciclofaixa aumenta o faturamento em 10%”, afirmou. Entre os cases que ele acompanhou, Eduardo destacou a startup Vela Bikes, que fabrica bicicletas elétricas de alta performance e cheias de estilo, e o café e bicicletaria Las Magrelas.  Ambos ficam em Pinheiros, bairro paulistano que virou point das magrelas, com ciclovias cortando a região e vários serviços e pontos comerciais “bike-friendly”. “A questão de mobilidade não se restringe somente aos equipamentos de mobilidade. Ela passa por uma questão social, por melhoria da qualidade de vida e por oportunidades de negócio… Pontos de coleta e retirada de veículos quando o compartilhamento de carros estiver mais disseminado. Os bicicletários nas estações de trens, que estão lotados, ninguém ainda trouxe uma solução de negócios para isso. Enfim, se você prestar atenção, tem muitas pequenas oportunidades para trabalhar a mobilidade como negócio”, conclui.

4. Música para um transporte coletivo mais acolhedor

Quem usa a Linha 4 Amarela do Metrô de São Paulo certamente ficou curioso com a nova identidade sonora dos anúncios transmitidos pelos alto-falantes das estações e trens. O case de soundbranding (construção de marca por meio do som) da ViaQuatro, concessionária que administra a linha, primeira construída e operada por uma Parceria Público-Privada na capital paulista, apresentado pela gestora de comunicação da ViaQuatro Juliana Alcides, divertiu o público com a ideia e as reações ao já famoso “saxofone da linha amarela”, que na verdade é um clarinete.

Ela explicou que a ideia era tornar o ambiente do metrô mais aconchegante e acolhedor para o passageiro, com mensagens de informação e segurança mais descontraídas e simpáticas marcadas pelas notas do tema da música composta especialmente para o metrô, um ritmo de jazz relaxante e acolhedor. A recepção foi em geral positiva, mas não foram poucas as mensagens negativas nas redes sociais no começo. As respostas rápidas e simpáticas aos críticos, no entanto, evitaram que se espalhasse o buzz negativo. “O novo pode causar estranheza no primeiro momento, mas depois encanta e inspira”, afirmou Juliana.

5. Bicicleta traz retorno financeiro de forma surpreendente

O penúltimo case apresentado já faz parte da paisagem de algumas das grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife: as “laranjinhas”, a rede de bicicletas compartilhadas do Itaú. Consolidada, o sistema entra agora em uma nova fase com novos modelos de bicicletas mais leves, modernos e resistentes, e reforço na logística para diminuir problemas de falta de bicicletas nas estações e dificuldade para liberar as bikes pelo celular.

Ela apresentou dados de pesquisas que mostram como a mobilidade por bicicleta nas grandes cidades gera grande impacto não só em saúde, meio-ambiente, bem-estar e qualidade de vida, mas também na economia. “Sendo super conservador, o ganho na economia pelo incentivo à bicicleta é de potencialmente de R$ 600 milhões no PIB anual”. Simone também afirmou que o sucesso de projetos como as laranjinhas do Itaú cria demanda por mais oferta de produtos como as bicicletas compartilhadas.

6. Carro voador? Antes do que você imagina!

Para encerrar o festival de cases do Lab de Comunicação para Mobilidade, a iniciativa com mais cara futurista e de ficção científica, mas que não está distante: carros voadores. Sim, carros voadores, aqueles que associamos a filmes futuristas e aos Jetsons, já são viáveis financeira e tecnologicamente. André Stein, Head of Strategy da EmbraerX, mostrou que a Embraer em breve será uma das pioneiras em aviação elétrica leve para transporte aéreo urbano, com um projeto inovador de uma nova aeronave para quatro passageiros, que pousa e decola verticalmente.

A EmbraerX, divisão de “inovações disruptivas” da empresa, apresentou no último dia 08 de maio em Los Angeles, durante a conferência Uber Elevat, o conceito do seu eVTOL (abreviação de aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical). A Uber é uma das parceiras da Embraer no desenvolvimento do projeto, e você também pode ser! André explicou que no site da EmbraerX, qualquer pessoa pode compartilhar sua visão de como seria um veículo voador elétrico para ser usado nas cidades. “Sem dúvida o trânsito nas cidades é um entrave. Viajamos milhares de quilômetros em poucas horas de avião, mas também demoramos horas para enfrentar os poucos quilômetros do aeroporto até chegar em casa, pelo solo. A aviação urbana vai adicionar uma ‘nova dimensão’ ao transporte urbano, ao dispensar as ruas”, explicou.

7. E o principal: tudo deve estar integrado

Se há uma mensagem que atravessa todos os seis cases apresentados no festival do Lab de Comunicação para Mobilidade, é que não há uma solução mágica, uma “bala de prata”, para o problema da mobilidade das grandes cidades. Não é um meio de transporte que irá resolver a questão, muito menos somente um ator – seja empresa, governante, ativismo.

A solução é a integração dos diversos modais de transporte, dos deslocamentos a pé ou de bicicleta aos veículos motorizados individuais ou coletivos, terrestres, aquáticos e aéreos – para transporte de pessoas e carga. Envolve governos, empresas, ONGs, ativistas e a população em geral. É o uso inteligente das diferentes soluções em mobilidade a real solução da mobilidade. “O futuro está em você poder pegar uma bike compartilhada e ir até o metrô, usá-lo para ir até o aeroporto. Descer do avião e um carro que você reservou pelo celular estar te esperando na porta da saída”, exemplifica Stein.

Além disso, fica claro que tecnologia, inteligência artificial, conectados à infraestrutura urbana, e compartilhados pela população a baixos custos são tendências fortes e já próximas da realidade atual.

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